Lisboa – O réu Manuel Lima Bravo, o motorista de Jessica Coelho, a ex-namorada do falecido Jorge Valério disse em Tribunal que as acusações que fez contra a sua antiga patroa que consta nos autos das instruções, foram feitas sob instrução da DNIC, durante um sessão de tortura.

 Fonte: Club-k.net

Réu denuncia que foi submetido a tortura desde o primeiro dia

Em Janeiro de 2013, Manuel Lima “Bravo” falou aos meios de comunicação social nacional, em Luanda, acusando a sua “pequena” patroa como parte interessada no “empacotamento” do falecido ex-namorado Jorge Valeiro, por este ter em posse um telefone com imagens suas que as comprometiam.

 

Agora, passado dois anos, e em Tribunal, Lima Bravo detalhou que as suas declarações por si feitas, desde o primeiro dia até ao dia da acareação foram feitas sob tortura dos agentes da DNIC que por sua vez, explicavam-lhe detalhes como deveria culpar a sua antiga patroa.

 

Em função das suas revelações e de indícios que apontam vícios no processo, o Tribunal Provincial de Luanda (SIC) requisitou os instrutores da DNIC que trabalharam no processo com realce a Fernando Recheado, actual o chefe do Departamento de Crimes contra Pessoas do SIC.

 

Contudo fonte da DNIC, disseram ao Club-K, que ha probabilidade de Fernando Recheada recusar-se ir ao Tribunal sob argumentação de ter uma viagem marcada para Lisboa.

 

Club-K tinha razão quando denunciou praticas de torturas

 

De recordar que em Agosto de 2013, o Director da DNIC, comissário-chefe Eugénio Alexandre moveu processo de crime de calunia e difamação contra o Club-K, por este órgão ter denunciado que o motorista Manuel Lima “Bravo” teria sofrido tortura por parte dos agentes da investigação criminal.

 

Os visados do diretor da DNIC, foram dois activistas identificados por ele como próximos ao Club-K, nomeadamente os senhores Lucas Pedro e José Gama. Apesar de não ter havido sinais de que o comandante Eugénio Alexandre “Gênito” tenha ordenado alguma maldade contra Pedro e Gama, a semelhança do que os seus subordinados fizeram com Alvés Kamulingue e Isaías Cassule, o caso ficou apenas pelo processo crime.

 

Desde aquele ano a DNIC segundo observações receava que Manuel Lima “Bravo”, um dia revelasse em tribunal que as acusações proferidas contra a sua patroa foram   feitas sob tortura por parte dos homens daquela instituição.

 

Certo dia, por volta das três da manha, o motorista - já na condição de detido - teria sido acordo por homens armados da polícia que lhe ameaçaram fazer o mesmo que aconteceu com o falecido (Jorge Valeiro) caso não colaborasse com as autoridades. Dias depois foi apresentado a imprensa a tecer declarações sobre o caso Jorge Valeiro.

 

Manuel Lima “Bravo” foi submetido barbaramente à tortura, além de simulação de afogamento por várias vezes. Foi-lhe ainda, durante a sessão de tortura, introduzido um pau no ânus, que mais tarde lhe causou complicações de hemorróidas e sangramentos. Devido os ferimentos ele teve de ficar em tratamento médico no hospital cadeia de São Paulo, Luanda.

 

Foi-lhe também vetado o contacto aos seus familiares. O seu advogado não o via por largos meses, por bloqueio da DNIC. Contra a sua vontade, as autoridades lhe atribuíram um advogado de nome Alcino Cristovão, que trabalha para a DNIC, pelo que os familiares contestam que seja assim. Trata-se do mesmo advogado que o Ministério do Interior disponibilizou para defender os agentes da DNIC que assassinara Cassule e Kamulingue.

  

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