Luanda - Pude, finalmente, escutar a versão em vídeo, disponibilizada no Facebook, do debate que aconteceu no programa 360 GRAUS da RTP. São muitas as considerações que podem ser feitas, sendo que a primeira delas tem de sublinhar, inevitavelmente, a postura vergonhosa e parcial do jornalista que ali estava para o papel de moderador.

 

Fonte: Facebook

António Luvualu de Carvalho bateu-se contra dois quando era suposto esgrimir argumentos contra um, no caso, o luso-angolano José Eduardo Agualusa.



Qualquer um que tenha acompanhado a armadilha dissimulada de debate, saiu com a ideia reforçada relativamente ao lirismo e à maneira romântica como o Agualusa (do jornalista dito moderador nem vale a pena voltar a falar, fiquemo-nos com o cidadão "não pago por ninguém" e que ali estava apenas a representar a sua "consciência"sic ) olha para as questões fundamentais do Estado angolano. A mesma sobranceria, a mesma vontade de impor visões unilaterais, o mesmo arrojo aventureiro de dar lições de Democracia a partir do conforto europeu, como se nós, os que aqui vivemos, fôssemos pessoas com vontade de dar ouvidos a um vendedor de utopias.

 

Fiquei com a impressão de que José Eduardo Agualusa está a piorar nos seus delírios e é por isso que, a título pessoal, tenha sentido como um murro no estômago quando, em Junho passado, jornalistas descuidados entre nós cometeram o erro selvagem de confundirem o co-autor de Taras de Luanda (Eduardo Águaboa) com o homem da preciosa ajuda ontem na RTP para achincalhar o país que diz querer ver melhorado. Há pessoas com quem não se pode fazer alianças e que vale a pena manter distantes, para não poluírem o ar que se respira.

 Entre outras pérolas, Agualusa disse que a Primavera Árabe foi coisa boa porque a Tunísia deu certo....


Pergunto-me se devemos rir ou chorar quando se ouvem disparates com essa carga de desonestidade. Parece que não chegam ao homem as notícias das televisões sobre milhares de refugiados que arriscam tudo para atravessarem o Mediterrâneo em busca não de boa vida na Europa mas, tão só, de vida (a diferença é total entre um conceito e outro).

 

Agualusa disse que Kadafi teve o fim que teve porque desejou-o, trabalhou para isso. O mesmo Agualusa que concorda que na Líbia existia um nível de vida bom com Kadafi. Mais um idealista que ainda não percebeu que os homens e mulheres deste mundo querem apenas dias de paz ao lado dos seus fazendo pela vida, criando, sonhando, trabalhando, em ambiente de segurança, e que não há proposta de convulsão e desordem que seja melhor que aquela condição.

 

Agualusa acredita piamente que 20, 30 ou 50 cidadãos sem qualquer obra notável, sem caminhada feita, anónimos em busca de palco, que fazem do sonho das manifestações pretexto para notícias que depois as televisões "amigas" se encarregam de amplificar, representam a vontade maioritária dos angolanos. Mas que ingenuidade a dessa gente, santo Deus! Habituou-os mal o Mário Crespo da SIC. Pavoneavam-se pelos corredores de Carnaxide sem que ninguém lhes fizesse frente e pintavam um país que julgavam conhecer alimentando-se unicamente de rascunhos de jornais. Muita lata, sem dúvidas!

 

Teve piada ouvir o Agualusa arriscar que mesmo "no Partido há um debate intenso contra a acusação" aos revús. Parecia um frequentador de um qualquer CAP desta Luanda. Quando lhe foi pedido que argumentasse, a resposta foi: "li um artigo do João Melo, que é um militante de base credível, meu amigo". Francamente !....



Talvez seja hora de que o nosso Eduardo que também é Água e luso pegue na mochila e se mude para Luanda. De outro modo, continuaremos a tê-lo nesse papel titubeante de embaixador de coisa nenhuma, sofredor por causas ocas, em busca desenfreada de vitórias pírricas que nunca mais acontecem. De vigília em vigília, de debate em debate, de utopia em utopia, lá se vão os anos. Melhor seria que ele e todos os "guevaras fora de época" se agrupassem num qualquer partideco para se submeterem ao crivo do Povo em 2017, que isso sim é que é jogo democrático !

 

(Vou ter de levar o homem ao Tomessa para uma longa temporada, de preferência no Cacimbo, que o nevoeiro ajuda a afogar angústias e insanidades. Talvez venha de lá reformatado. Só não sei se o regedor Elias o quereria lá. Bem lhe bastam, acho eu, os idealistas que por lá se acoitam, bem mais suportáveis, ainda assim, que o militante dos Tulipas Futebol Clube).