Luanda - Acompanhei na manhã desta sexta-feira 06, a entrevista do Escritor angolano, José Eduardo Agualusa e o Embaixador António Luvualu de Carvalho, no programa 360 da Rádio Televisão Portuguesas, (RTP) desta quinta-feira, 06-11-2015, e longe de qualquer proximidade com este ou aquele percebi que, realmente, há coisas que podem ofuscar o brilho de qualquer um, independentemente, da sua formação, capacidade de argumentação, retórica e muito mais. Ainda mais quando se pretende defender o que para muitos é quase indefensável.

Fonte: Facebook

Ora vejamos: Sou dos que acreditam na capacidade intelectual de influenciar outrem de muitas figuras que hoje recebem o nome de “comentadores do governo”, com destaque para o nosso ilustre Dr Luvualo, interveniente no debate em epígrafe, João Pinto, Victor Silva e outros. Sobre a sua inteligência nada contrário direi. Sei que estudaram, aprenderam e bem. Suas defesas são as reais, segundo as suas convicções, e, o fazem porque reconhecem que tal deve ser feito. A qualidade com que o fazem também reconheço supera as expectativas, pelo menos daqueles que pensam tal como eles.

No entanto, o que se questiona, quanto a nós, e deveria questionar a eles também, é a eficácia e eficiência das defesas que fazem, nos mesmos termos, agora em canais diferentes. Linguagem que não muda, defesas quase eternas, gestos semelhantes, fúrias iguais e com alternância de vozes e faces.

Continuam ou não a ter aderentes? A ser ouvidos? Seguidos? Aplaudidos? Esta última, até pode ser. Porque muitos, até os contra podem aplaudir porque percebem que os resultados pretendidos não serão alcançados.

Mas, o problema do fracasso das teses que defendem, entendemos nós, e como disse, não reside na capacidade de argumentação destes. Reside sim, no facto de existirem verdades indesmentíveis. Situações indefensáveis, pois, e a título exemplificativo, em Angola, não colhe a ninguém, pelo menos em termos de âmago, até a eles próprios, que a corrupção facto indesmentível, tenha combate político. Que haja, do ponto de vista mediático, um único governante interessado em responsabilizar os corruptos. Sem esquecer como é óbvio, a Polícia Nacional que de forma pública já expurgou das suas fileiras elementos corruptos, mas que não representa vontade política, pois, como se fala à boca pequena aquela é corrupção de peixe pequeno e o peixe graúdo anda à solta e a “pulular” Angola por dentro.

A Demais, Não colhe a ninguém que os violadores dos direitos humanos, e fundamentais, não tenham acolhimento das mais altas instancias do País. Não colhe a ninguém que o sistema de ensino implantado no País não seja desastroso. Não colhe a ninguém que o erário público não esteja a ser gerido com alguma leviandade. Não colhe a ninguém que algumas disposições constitucionais não estejam a ser violadas. Não colhe a ninguém que a bajulação não esteja a promover pessoas incompetentes. Não colhe a ninguém que o nepotismo não esteja a fazer muitas vítimas. Não colhe a ninguém que as obras não sejam descartáveis e sem qualidade exigida para tal. Não colhe a ninguém que o crescimento económico esteja a acompanhar o desenvolvimento social das populações.

No entanto, estas verdades, que como dissemos não colhem à ninguém não podem ser defendidas como se não existissem, o que, repetimos, faz com as defesas dos ilustres Doutores “comentadores do Governo” não tenham os resultados pretendidos. Assim, em nosso entender, o caminho destes deve ser repensado. Talvez, adequado à nova realidade porque o povo de 1991, por exemplo, não é o mesmíssimo com o de 2015. Aliás, as crianças daquela era são hoje jovens, pelo que a mudança destes deve ser acompanhada com a mudanças das estratégias.