Luanda - É com profunda dor no coração mas com o dever e obrigação moral que, após vários monólogos e conversas sociais com amigos me desenrolo neste artigo. Tenho a certeza absoluta que muitos são que pensam como eu mas não têm tido oportunidades de desabafo das suas dores e preocupações sociais, uns por medo outros por defenderem seus interesses profissionais e/ou sociais.

Fonte: Club-k.net

O nosso país vive um momento difícil: “ Crise nossa de cada dia”. Como já se sabe, com a crise alguns bens e serviços, produtos e afins tendem a ficar difíceis de se conseguir, tal como a sexta básica. O arroz subiu, o feijão subiu, o peixe, o pão... tudo cada vez mais caro, menos as bebidas alcoólicas. Digo menos porque, por mais que suba de preço quem consome exageradamente parece que não sente muito isto. Perguntaram a um amigo meu:


‐ “O que é a crise”? Ele respondeu: “A crise é quando a cerveja antes, eram três 100 mas agora é cada 100”. A nossa juventude ainda não está a sentir isso, acredito. Existe um consumo exacerbado de bebidas alcoólicas. É arrepiante. Não se constrói o futuro de uma nação desta maneira. Alguém poderá, por alguma eventualidade, justificar dizendo que “eles bebem porque querem”. Não concordo. Alguém tem de meter mão nisto. Sei que há um Ministério da Juventude e Desportos. Creio eu que este órgão reitor pouco tem feito nesta área social. É impressionante a maneira que se consomem bebidas alcoólicas pela nossa Juventude, me refiro rapazes e meninas e principalmente em idade escolar. Se calhar não sabem que o consumo de bebida alcoólica pode interferir drasticamente no funcionamento da memória, facto que ocorre frequentemente com pessoas que bebem exageradamente, que é o que acontece, por um longo período de tempo. Afecta a memória, logo o desempenho estudantil e consequentemente profissional não serão mais o mesmo, nunca mais. Sem falar de outras consequências, tais como a esterilidade. 


As doenças causadas pelo consumo exarcerbado de alcóol, que antigamente só eram normais em pessoas de maior idade, digo 60 e tal anos, hoje fazem furor em jovens de 30 e poucos anos de idade. Isto não é bom sinal.

A promoção de uma bebida alcoólica não pode ser vista como motivo de euforia. Pode ser que alguém queira dar cabo do vosso futuro que já é incerto e com a vossa própria colaboração. Distraem‐vos com bebidas, e amanhã negam‐vos um futuro promissor, alegando más condições físicas e mentais. Nenhum país vá aceitar um jovem futuro, que a posterior poderia ser um promissor agente de mudança de um país em desenvolvimento, com fissuras alcoólicas demarcadas no corpo e na mente.


Por outro lado o que me assusta muito são os eventos que se organizam um pouco por todo o país. É de louvar alguns eventos porque a nossa sociedade carece de divertimentos de cariz cultural principalmente, que estejam ao alcance de todos financeiramente e assim se refugiam no sexo e consumo de bebidas de maneira disparatada.


Mas quando estes eventos são demais, acontecem por todo o canto desta cidade ou do país para generalizar, com temas que nada têm a ver com o “resgate dos valores morais” que anseiamos, acredito eu que deve haver alguém por detrás disto tudo. É certo que ninguém obriga ninguém a ir a uma festa mas numa sociedade onde centenas de jovens não possuem um acompanhamento social digno, estes são mais levados por isto com maior facilidade. São festas atrás de festas e acabam por se distrair para o que é realmente importante. Acabam por não estudar, e se estudam o desempenho não é o mesmo, obtêm uma nota 10 sobre 20 e cantam aleluias. Eu tenho dito aos meus alunos:

“Enquanto vocês aqui estudam, na mesma época estão os filhos dos pais avultados também a estudarem e muitos fora do país. Enquanto vocês pouco estudam e divertem‐se mais, eles estudam mais e divertem‐se menos. Podem até terminar na mesma época mas na comparação dos currículos podes crer que o teu currículo composto de notas de 10 valores será posto na gaveta em detrimento daquele currículo de 15 valores pra cima e com o agravante de se calhar falar uma língua estrangeira. Depois não venha dizer que o país não está bom e só aceitam os fulanos de tal”.


A vida não é só estudar. Está certo. Mas deve‐se aproveitar enquanto há tempo e saúde mental para alimentar o saber. Divertimentos haverá sempre e será melhor se for com o fruto do nosso trabalho, estudo. Não faça para depois se arrepender. Aproveite enquanto há saúde e tempo.

Aposto que não querem ser como alguns nossos representantes que por culpa da fama, fazem coisas que desrespeitam a nossa nação, a nossa imagem no exterior. Para terminar gostaria de pedir a quem de direito que protelasse um pouco mais com esta juventude, se é que acreditam que o futuro da nação, também, depende deles. Criar formas de redução de bebidas alcoólicas pela juventude, pelo menos a juventude, criar medidas drásticas para quem fosse apanhado com álcool nas escolas ou durante a semana normal de trabalho. Já nem vou comentar com mais afinco do uso de estupefacientes, liamba no caso, que tudo indica que daqui há mais uns anos será aceite no nosso país o consumo normal do mesmo. Eis a globalização que procuramos.


Que o Ministério da Cultura esteja mais atento à concorrência com o Ministério de Festas, Eventos e Distracções. Duvido eu que, o Ministério da Cultura tem apoiado estas festas todas. Se este Ministério camuflado está a ser usado para distrair e levar a nossa juventude a perdição, com o intuito de amanhã dizerem que a nossa juventude está mesmo frustrada, Deus é justo. Se os de direito olham isto impávidos e serenos, têm a solução nas mãos mas nada fazem, lembrem‐se que são pais. A maior incidência destes males, poderão ser sentidas pelos vossos filhos e netos. Cada cidadão é livre, mas enquanto um país tiver ordem nenhum cidadão comum poderá agir contra as leis.

Não vamos fingir que não estamos a ver! Reflictamos!

Edson Nuno a.k.a Edy Lobo Licenciado em Línguas e Literatura Inglesa