Lisboa - A recente conferencia de imprensa do   Ministro do interior de Angola, Ângelo Veiga Tavares para além de trazer a público dados do processo dos presos políticos em violação ao segredo de justiça, expos que dirige um ministério desorganizado ao ponto de que para se ver um preso político carece da sua autorização superior, e não do regulamento dos serviços prisionais.

 Fonte: Club-k.net

Em Angola para se ver  um preso político  carece-se de autorização do ministro 

Ângelo Veiga Tavares assumiu isto ao gabar-se que foi ele quem autorizou o activista Rafael Marques de Morais a visitar o preso Luaty Beirão que observava uma greve de fome, em protesto aos incumprimento dos seus deveres e aos maus tratos que esta a ter na cadeia de Calomboloca, na província do Bengo.

 

“O próprio senhor Rafael Marques conseguiu o meu número de telefone, ligou para mim, manifestou o interesse em recolher assinaturas dos demais para levar ao Luaty para demovê-lo, autorizamos, ele foi, re­colheu as assinaturas e nós autoriza­mos”, revelou.

 Por seu turno, e  através da sua pagina “MakaAngola”, Rafael Marques confirmou que visitou o jovens após ter sido autorizado pelo governante que por sua vez pediu-lhe que não revela-se o teor da conversa a dois.

“Quando telefonei ao ministro Ângelo Tavares, ele pediu-me apenas que não revelasse o teor da nossa conversa ou o facto de ter sido ele a autorizar a diligência. Por uma questão de princípio, abstenho-me, por isso, de comentar aquilo que supostamente foi a nossa conversa. Para melhor esclarecimento da sociedade, cabe às autoridades divulgarem, na íntegra, a gravação da referida conversa”, escreveu.

 

A revelação do Ministro do Interior , deu razão a denuncia de outras individualidades que desde sempre alegavam dificuldades em ver os presos políticos.  

 

Antecedentes 

No dia 24 de Junho, o líder da Casa-CE Abel Chivukuvuku foi impedido de visitar estes jovens acusados de planearem o derrube do Presidente José Eduardo dos Santos.

 

"Tínhamos a intenção de exprimir solidariedade aos jovens detidos injustamente, mas também queríamos saber da condição física dos mesmos se foram violentados ou não", explicou, na altura.

 

Passado três meses, isto é a 27 de Setembro, o músico e activista Dionísio Gonçalves Casimiro “Carbono” foi também impedido de efectuar uma visita aos presos políticos na cadeia do São Paulo, ao bairro Nelito Soares.  A resposta que lhe foi dada por uma funcionaria dos serviços prisionais foi de que não poderia ver aqueles detidos por se tratarem de presos especiais.

 

Inconformado com o acto das autoridades angolanas, o activista recorreu as redes sociais para partilhar que a responsável prisional transmitiu-lhes que “tudo que tem a ver com estes jovens, depende de ordens superiores, não podemos fazer nada sem que as ordens superiores mandem.”

 

“Nós nos perguntamos, mas que país é este que estamos a construir? Que democracia é esta onde as "Ordens Superiores" estão acima das instituições?”, interrogou o musico e ativista.

 

Fora da desorganização e das dependências das ordens superiores, a revelação do ministro Ângelo Veiga Tavares entra em contradição com o seu colega da justiça, Rui Mangueira que havia afirmado que o acesso aos detidos tem sido normalmente.

 

"Essas pessoas foram acusadas pelo Ministério Público (MP), a sua prisão está legalizada, foram ouvidas na presença dos seus advogados, o acesso a essas pessoas tem sido normalmente, recebem visitas de políticos, de membros da sociedade civil", indicou o governante, dizendo que "todos os procedimentos do ponto de vista legal têm sido cumpridos".