França – Insistentemente, por consciência e pleno conhecimento de erro, talvez propositado, os governantes do MPLA evocam muito a “NAÇÃO ANGOLANA”. Não é verdade. Nação Angolana não existe e nunca existiu jamais, muito menos a dita Pátria de Agostinho Neto. Nação é algo muito sério e cujos atributos requerem um elevado grau de crença e justiça altamente partilhadas.

Fonte: Club-k.net
“Angola não é uma Nação, nem tampouco mais ou menos”, e que fique bem claro. Seria sim a Pátria de todos nós, caso reunisse as premissas indispensáveis para nos revermos todos como Angolanos, quer dizer, não preteridos como de 2ª.

Digo isso pois, Pátria é um Conjunto de grandes e pequenas nações e desde logo essas grandes nações (lares e aldeias ou bairros que evoluem à Província) ficaram estilhaçadas porque as partículas dessas pequenas nações que são os cidadãos, individualmente não se reencontraram, não se realizaram.

Nação pressupõe língua comum, cultura e costumes comuns, religião comum, substrato social_ refira-se muito mais social do que económico, também comum, para evitar os desequilíbrios e para proporcionar o mesmo estado de espírito, a mesma pré-disposição voluntariosa na hora de se defender os valores nucleares da Nação.

Hoje ao contrário de outros tempos, as grandes nações são quase impossíveis de se encontrar e de se construir ou reconstruir devido às penetrações e enxertias fruto do colonialismo, dos processos migratórios internos e imigratórios externos, bem como à factores atinentes a evolução científica e através dela a Globalização que destruiu o cultural natural, tanto o consanguíneo, como o da terra que guarda as ossadas dos antepassados de cada um de nós e que vincula cada núcleo familiar no Habitat ou Aldeia, constituindo assim uma Pequena Nação (início da Pátria).

Como disse, hoje por causa da interferência de outros povos, devido as guerras e desde o tempo colonial português, fica complicado em agonia falar do indivíduo-cidadão como embrião da Pequena Nação. A originalidade E a pureza de outros tempos, desapareceram. Desde o ADN pessoal, o laço étnico-cultural, o Torrão de Terra, o Tecto que o abriga e o triunvirato consanguíneo formado pelo papá, mamã e irmãos, que se espraia na Praxis do Quotidiano, ou seja, na convivência socioprofissional e política muito em voga quando vista num conceito da Aldeia Global, ficaram muito atrofiados. O filho de hoje logo aos seis anos fica já desenraizado da família e do clã, liga-se imediatamente ao exterior.

Por ironia do destino, em alguns escritos, cito a NAÇÃO de BENTO KANGAMBA do PALANCA, com os veículos e vectores transmissores do KABUSCORP Futebol Club e da Língua Lingala que estão a Culturalizar ou Aculturar os angolanos, muito por força do comércio e do dinheiro.

Sem exagero, nem medo de errar, podemos afirmar que o Bairro Palanca em Luanda está justamente a transformar-se num território dentro do território. E, nenhum PROF Universitário acordou e orientou os seus, para um trabalho investigativo para monografias ou defesas de teses sobre esta realidade tangível.

Nada tem a ver com xenofobia. Na realidade, trata-se de uma população imigrante que se fecha, conserva tudo quanto traz como manancial cultural (Nação), e distribui em contágio, um pouco por toda Angola. Ao contrário do que devia suceder, os inquilinos do Palanca, forçam por vias de consequência económica os da terra à converterem-se aos seus hábitos e costumes com predominância ao Lingala, quando ao inverso, resistem na adopção dos ditâmes locais angolanos.

Quem diz Bento Kangamba, por justa-posição e concomitância, fala da Nação Árabo-muçulmana-islâmica no mundo, de que também faço referência amiúde num dos meus livros. Falo de semelhança em expansão, não em violência que, diga-se, são diameltralmente opostas.

Portanto, NAÇÃO para um país que se quer como átomo de uma PÁTRIA, representa o Núcleo embrionário (indivíduo + família), evolui para CLÃ que em termos humanos socializantes, confina indivíduos numa espécie de campanula ou cápsula, onde professam os mesmos ditames ideológico-políticos e, desde já, económico-sociais, embora de ADN e origens étnico-culturais diferentes. Depois passa para CASTA, muito mais rigorosa, e eleva-se à CLASSE, muito mais acessível, mediante uma espécie de juramento tácito, muito mais de índole económico.

Este protótipo, parecendo surrealista, está intrincado como exemplo nos EUA, mas muito mais naquilo que fundamentou a génese da Apartheid da África do Sul, que se isolou, se moldou impenetrável, de uma resistência como a do ouro, com princípios e valores humanos ímpares. Quanto “A Nação Yanki do Tio Sam”, por exemplo, cientificamente ela parece fragmentada quando vemos às diferenças e divergências costumeiras entre brancos e pretos, e entre estados unidenses.

Os americanos podem divergir na sua política interna, mas quando tocados no âmago do seu orgulho pátrio, todos se mobilizam como um autómato e se recolhem do conceito Pátria para defenderem a Nação, que aí sim, começa no cidadão Yanki (norte-americano), envolto na Bandeira das 50 estrelas. A Pátria para aquela gente está acima de tudo e de todos, e a defesa da Nação, advém inegociável.

Na sua essência, Nação não pode se caracterizar por um conjunto de pobres e ricos, por excluídos e privilegiados, por pródigos e bem-amados, como é Angola a partir do próprio MPLA. O padrão identitário de uma Nação é a igualdade (direitos e oportunidades iguais), equidade (equilíbrio na condição socioeconómica), o que em parte alguma em Angola, desde o MPLA esta Nação se identifica. Angola é sim a Pátria de Pequenas e Grandes nações que agrupam pobres e excluídos, ricos e privilegiados.

Etnico-culturalmente, explica-se, por exemplo: o cidadão de nome Makanga Caiombo do Saurimo, é uma partícula da Pequena Nação que é a família Caiombo que por sua vez é parte integrante da Grande Nação lundas que agrega e congrega outras pequenas nações como a família Vumby também lunda, mas do Dundo.

As duas lundas unidas por laços etnico-linguísticos, culturas e costumes comuns, formam uma Grande Nação que contribui para o Conjunto Pátria que reúne ou agrega 18 Grandes Nações: kwanhama, umbundo, tchokwé, kimbundo, ganguela, cabindas, etc, com sensibilidades internas de vária ordem.
Isto é que é Angola!

Resumindo:

O integrante de uma Nação tem de ter uma causa e interesses comuns aos demais a defender no seu tempo. Mesmo no seio do MPLA que se pensava seria a Pátria de José Eduardo dos Santos, pelos valores corruptíveis que defendem muito mais do que pelos valores naturais pátrios atrás citados, não se pode falar de agregados de Grandes Nações, porque é na realidade um composto de Grandes Sensibilidades que coabitam a ferro e fogo e convivem por conveniência de sobrevivência.

Efectivamente e na observância do ditado que faz lei: “Juntos, mas não misturados”, cada um está agarrado por uma razão diferente à do correligionário. Um é pobre, outro rico, um se sente mais próximo aos do poder e outro apesar de tudo finalmente se sente também marginalizado como todos nós, mas fingindo que está bem, só porque lava o carro do Boss.

Um se sente mais angolano do que o camarada fulano. Se alguém falar mal de um Kimbundo, outro pode se sentir lesado. Quem falar mal do Governador Didalelwa do Cunene, o mais velho Kundy Pahiama, mesmo sendo do Quipungo, na Huíla, pode se sentir alvejado, pelos vínculos ancestrais. Se alguém amaldiçoar a UNITA, o maninho ao lado, mesmo sendo lacaio, se vai sentir magoado também, pelas paixões de saudosismo.

Em suma, na Nação não pode haver diferenças notórias susceptíveis a desembocarem em divergências e desavenças. Por exemplo, uns com fome, outros a ostentarem fartura e grandes fortunas; uns realmente livres, outros debaixo do Sol, na poeira fugindo das forças de repressão; uns com portas abertas para o que pretenderem ser na vida e outros sempre bloqueados em termos de acessos e oportunidades.

Por isso, se nem a Pátria de José Eduardo dos Santos que garante o pão está construída, o que dizer da Pátria Angolana de Agostinho Neto, quão esfacelada está, com reivindicações e lamentações por discriminação como angolanos de segunda, filhos bastardos aos milhões, asfixiados por um Clã!?

E o que é Clã? Sabeis vós!
Tenho Dito.
OBRIGADO