Lisboa - Os convidados estrangeiros para o XII congresso ordinário da UNITA estão a ser impedidos de viajar para Angola, denunciou hoje ao Rede Angola Emanuel Lopes, um dos convidados do partido que devia seguir viagem desde Lisboa. Segundo Lopes, trata-se de “uma situação política”, todos os portugueses bem como os convidados de Kinshasa não conseguiram visto para entrar no país.

Fonte: RA

“Eles sempre fazem essas coisas, mas desta vez estão a abusar”

“Os vistos deviam ter sido entregues até terça-feira, quarta-feira no máximo. E desde quarta-feira que andam a dizer que não. Na sexta-feira resolveram dizer que houve uma avaria técnica e que não podem emitir vistos. Entretanto, foram contactados o ministro do Interior [Ângelo Veiga Tavares] e o director dos Serviços de Migração e Estrangeiro (SME) [José Paulino Cunha da Silva], que numa primeira abordagem disseram que desconheciam completamente [o assunto], que não tinham nenhum pedido e depois têm andado a dar desculpas”.

Emanuel Lopes explicou que aqueles responsáveis “primeiro disseram que não havia problema nenhum, que davam autorização imediata”, mas agora, “pelos vistos, é uma questão política o que estão a fazer para impedir as pessoas de irem lá”.

“A avaria técnica só surgiu na sexta-feira e eles deveriam ter entregue os vistos na quarta”, acrescentou. “Eles sempre fazem essas coisas, mas desta vez estão a abusar. Sempre fazem à última da hora, desta vez não”.

Em Portugal são “quatro ou cinco convidados”, de Lisboa e do Porto. António Vilar, professor universitário, ex-deputado e antigo líder da distrital do Porto do Partido Social Democrata, referiu ao Rede Angola que recebeu hoje a notícia de que o visto lhe tinha sido negado. Além de não ter explicação para a resposta do Consulado Geral de Angola no Porto, também não recebeu os seus documentos pessoais, entre os quais o passaporte, boletim de vacinas e a passagem.

“Disseram que não me dão o visto, sem qualquer explicação. Nem os documentos me entregaram, ficaram lá com os documentos todos. Estou a tentar digerir a situação. O vice-cônsul disse-me na quinta-feira para estar lá hoje às 10h30 para buscar o visto, apresentei-me e a resposta foi: ‘Não tem visto’. Quis perceber porquê, mas não me explicaram nada. Tentei falar com o vice-cônsul que tinha tido a gentileza de falar comigo e não foi possível. Então vim-me embora”, declarou António Vilar.


“O que se passa não sei, mas não é a primeira vez. Nas últimas eleições também era observador convidado e não tive visto. Parece que a mesma coisa está a acontecer com as pessoas em Lisboa. Ninguém tem visto”, acrescentou o antigo dirigente do PSD.

Vilar acrescenta que ainda vai voltar ao consulado hoje para lhe “devolverem os documentos”, caso contrário vai denunciar o caso “à polícia”. “São documentos pessoais, não me podem apreender”, disse.

O RA tentou contactar o Consulado Geral de Angola no Porto por telefone, mas está encerrado. No consulado em Kinshasa ninguém atende as chamadas. Em Lisboa, o consulado confirmou a falha técnica desde sexta-feira.

“Desde sexta-feira [a situação] ainda não está resolvida. Estamos a tentar ver se entre amanhã e quarta-feira a situação está resolvida, mas é a nível geral, em todos os consulados, porque o problema é mesmo junto do SME em Angola. Todos os consulados de Angola estão a ter dificuldades por causa do sistema. Temos pedido aos utentes para irem ligando até para ver se a situação já está ultrapassada ou não”.

O XII congresso ordinário da UNITA vai decorrer entre 3 e 5 de Dezembro, em Luanda, onde será eleito o novo líder do partido.