Windhoek - O «Boeing 737‐200» da TAAG que, no último sábado deixou Luanda com destino a Windhoek, seguiu viagem com muitos lugares por preencher. A aeronave, com capacidade para transportar 120 passageiros, levou menos de metade dessa cifra.

Fonte: Club-k.net

Crónica de   Viagem

Há um ano, em vésperas da quadra festiva não era fácil conseguir‐se um lugar neste trajecto devido, em grande parte, à enorme pressão do «turismo de compras» dos angolanos que cruzavam a fronteira entre os dois países. Hoje, a redução do número de passageiros nos voos com destino à capital namibiana representa um dos sinais mais evidentes do mau momento que trespassa a economia angolana, com algumas repercussões no país vizinho. O difícil acesso à moeda norte‐americano em Angola não se repercutiu apenas na redução do «turismo de compras», como também afectou as viagens em tratamento médico e no pagamento das propinas dos estudantes, a ponto de muitos deles terem já desistido dos seus estudos e regressado ao país de origem.


No Whirl Park, assim como no Maerua Mail, dois dos mais emblemáticos shoppings da capital namibiana, os angolanos tornaram‐se uma «espécie rara» de ser avistada. O português, que já chegou a ser segunda língua mais falada nestas paragens, parece estar em vias de extinção...

Os restaurantes «Portuga» e «Kubata», ambos especializados em culinária angolana e portuguesa, deixaram de sofrer a mesma pressão de um passado recente, quando os angolanos, aos magotes, invadiam esses espaços e neles passeavam o seu poder económico e prosápia. À vista desarmada, qualquer observador dá conta que há cada vez menos angolanos à procura de tratamento médico e medicamentoso nas clínicas locais de referência, como o Rhino Park, Medic Clinic ou no Hospital Católico Romano. Consta que devido à crise de clientes ou, melhor, pacientes angolanos os preços baixaram.


Apesar da quebra do turismo angolano, assim como da venda de diamantes (principal produto de exportação do país), o Estado namibiano não se demitiu das suas responsabilidades sociais, ou seja, continua a satisfazer as necessidades básicas da população: há água e luz durante 24 horas, o lixo tem sido recolhido a tempo e horas, e os hospitais públicos e centros de saúde continuam a funcionar em pleno e com a qualidade aceitável.

No último domingo, uma forte chuva de quase uma hora caiu sobre Windhoek, sem que a mesma tivesse causado quaisquer danos ou constrangimentos aos seus habitantes, sobretudo no que concerne ao trânsito automóvel. As águas pluviais, sem escolhos à sua passagem, correram livres pelas valas de drenagem e esgotos. Por cá não há buracos pelas ruas a dificultar a circulação rodoviária.

Devido à aproximação da quadra festiva, Windhoek tem conhecido nesta altura do ano um certo bulício, a ponto de muitos dos seus estabelecimentos comerciais terem alargado os seus horários de funcionamento. As temperaturas diárias têm rondado os 35 graus com ligeiras quebras ao cair da noite. Durante o período nocturno, o silêncio passeia‐se pelas ruas da capital namibiana, dando a sensação de uma cidade abandonada, com excesso da paz...