Lisboa – Os advogados dos presos políticos acusados de planearem um atentado contra o Presidente José Eduardo dos Santos (JES) nos termos de um golpe de Estado, solicitaram a presença, em tribunal, do Chefe do Serviço de Inteligência e Segurança Militar (SISM), general Antônio José Maria, a fim de prestar alguns esclarecimentos que envolvem o seu nome.

 Fonte: Club-k.net

A posição da defesa ocorreu a margem da sessão de julgamento do réu Osvaldo Sérgio Correia Caholo, sargento da Força Aérea Angolana (FAA), ouvido esta sexta-feira (11), a quem a Procuradoria do General João Maria de Sousa insinua que foram encontrados no seu computador um documento militar confidencial que o SISM, através do general José Maria enviara ao Presidente da República, na qualidade de comandante em chefe da FAA.

 

Osvaldo Caholo, ao responder as questões do juiz Januário Domingos manifestou desconhecer o referido documento militar que acredita ter sido inserido pelo Serviço de Investigação Criminal (SIC) no seu computador com o intuito de o incriminar.

 

Segundo o preso político “É possível que tenham introduzido este documento para me incriminar”, disse, acrescentando que conhece “a memória” do seu computador e “os documentos que lá estão”.

 

No decorrer da audiência, Walter Tondela, recorrendo aos artigos 118º e 119º do Código Penal, solicitou ao juiz que convocasse o chefe do Serviço de Inteligência Militar, António José Maria, a marcar presença no tribunal de forma a esclarecer a questão do relatório síntese supostamente encontrado no computador do Osvaldo Caholo.

 

“É uma questão muito importante para a defesa, apesar de não ter participado em nenhum dos debates, aparece um documento extremamente secreto dos Serviços de Inteligência Militar, que o general José Maria enviara ao presidente da República. Levantamos Incidente de Falsidade porque o documento não estava assinado ou carimbado, e também não acreditamos que o Serviço de Inteligência Militar possa fazer vazar um documento ultra-secreto.. Seria importante trazer ao Tribunal, para ser ouvido em declarações, o general José Maria, de forma a que se possa confirmar se é mesmo ou não autor desse documento”, disse.

 

O General José Maria de Sousa é tido como o principal protagonista da teoria de que os jovens estavam a preparar um suposto derrube contra o Presidente Eduardo dos Santos. O seu envolvimento no processo contra estes jovens, está a gerar fortes suspeitas de que possa ser o próprio a criar esta historia de que encontraram no computador de Caholo, documentos seus enviados ao Presidente Dos Santos.

 

Segundo uma denuncia, que circulou, semanas após   as prisões dos jovens "depois das detenções do dia 20 de Junho, os computadores que foram aprendidos, ficaram quatro dias com dos Serviços de Inteligência, onde foram manipulados e introduzidos falsos documentos, com o fim de os acusar de falsificação de documentos, somente depois disto os bens foram enviados á PGR."

 

Há ainda analises de que se o suposto documento secreto existe, então terá sido mesmo a secreta do regime, uma vez que eles que prenderam ilegalmente este jovem o oficial da Força Aérea e só momentos depois foram confiscar o computador em sua casa. Osvaldo ou os seus representantes legais não estiveram presentes no momento em que a segurança angolana abriu o seu computador.

 

De acordo com pareceres jurídicos, o normal seria as autoridades terem feito a pericia aos computadores   dos detidos na presença destes e se encontrassem algum suposto documento militar pertencente ao general Zé Maria, os magistrados apresentavam na hora aos detido e estes por sua vez assinariam um documento de confirmação.

 

A defesa dos presos políticos tem alertado que todo material que o regime alega ter encontrado nos computadores dos jovens é da responsabilidade dos órgãos de segurança que os confiscaram sem mandado de apreensão.