Lisboa - A presença diária de um oficial superior do Serviço de Inteligência e Segurança Militar (SISM), Brigadeiro Fula Neto (na foto), nas sessões de julgamento do conhecido “caso revús”, está a dar azo a conjecturas de que o mesmo tenha sido mandatado pelo seu superior hierárquico general Antônio José Maria, para controlar este dossiê.

 Fonte: Club-k.net

Poder judicial em Angola  nas mãos dos generais


Para além do Brigadeiro Fula Neto, acompanham o julgamento outros 7 operativos da segurança de Estado que os serviços prisionais alegam ser jornalistas. Os mesmos são colocados na mesma sala de imprensa com os jornalistas de verdade. São os únicos que lhes são permitidos ao uso de Ipad, telefones e os seus rádios de comunicação, meios cujo o uso é proibido na sala de julgamento.

 

O general José Maria é frequentemente citado, em meios competentes, como a entidade do regime que “inventou” a teoria do suposto “golpe de Estado” atribuído aos “revús” para alegadamente  escapar a uma intenção presidencial que previa reforma-lo em Agosto passado. É-lhe atribuído a autoria de uma comunicação ao PR, declarando que precisaria de ficar mais algum tempo no cargo para supostamente concluir a sua investigação ao “golpe de Estado”.

 

O seu subordinado, Brigadeiro Fula Neto é um oficial do SISM que nos últimos anos tem se destacado como o operacional do general Zé Maria para as questões do Movimento Revolucionário, o grupo de activistas críticos ao longo consulado do PR, na qual fazem parte os presos políticos.

 

Em finais de 2012, o Brigadeiro Fula Neto (na foto ao lado) e um outro colega seu, tenente-general Filomeno Peres Afonso “Filó” realizaram démarches de penetração no Movimento Revolucionário (MR) fazendo-se se passar por quadros do Ministério da Juventude e Desportos, interessados em ajuda-los.   Ambos chegaram a reunir-se, no Hotel Continente, em Luanda, com uma facção do MR, liderada pelo ex- activista Mário Domingos.

 

De acordo com dados cronológicos, a experiência do general Zé Maria em acompanhar julgamentos de jovens contestatários ao Presidente, remonta desde 2011, ano em que  iniciaram a realizar as manifestações anti-regime.


No dia 3 Setembro daquele ano, o juiz Adão Bento Damião, do tribunal municipal da Maianga conduzia o julgamento sumario contra um grupo de jovens acusados de realizarem manifestação contra o longo consulado do Presidente José Eduardo dos Santos. Na hora do intervalo do julgamento, o general Zé Maria apareceu no Tribunal e chamou-lhe por alguns minutos.

 

Ao fim do intervalo, o Juiz Adão Damião regressou a sala da audiência com um ar perturbado e mesmo sem prova contra os réus condenou os manifestantes aplicando uma   pena de menos de 45 e três mês. Para além desta medida, recusou-se converter as penas, em multa conforme manda a lei, com relação as sentenças inferiores a seis meses de condenação.

 

A conduta do juiz Adão Bento Damião, levou a dedução de que teria julgado os manifestantes por pressão política/militar, não obstante a visita que recebeu do general Zé Maria, que o deixou bastante perturbado.