Luanda - O porta-voz dos Serviços Prisionais confirmou que ontem seria aberta uma excepção para que o jornalista Sedrick de Carvalho, que ontem entrou em greve de fome e ameaçou o suicídio, possa ver a filha.

Fonte: Lusa

Em declarações à agência Lusa, Menezes Cassoma, disse que Sedrick de Carvalho, jornalista e integrante do grupo de 15 activistas detidos desde Junho passado em Luanda, acusados de actos preparatórios de rebelião e de atentado contra o Presidente da República, observa desde ontem a incomunicabilidade com os serviços prisionais.

O mesmo responsável avançou que, na tarde de ontem, o advogado de defesa David Mendes esteve reunido com o grupo de detidos durante cerca de duas horas, tendo em privado demorado mais algum tempo com Sedrick de Carvalho.

“Ele está a observar a incomunicabilidade, mantendo contacto simplesmente com o advogado”, referiu Menezes Cassoma.

Segundo o porta-voz dos Serviços Prisionais, apesar da posição de Sedrick de Carvalho, mantém-se a assistência psicológica, estando sempre por perto a equipa de psicólogos para o diálogo e para que “mantenha um comportamento aceitável”.

Menezes Cassoma adiantou que o novo comportamento de Sedrick de Carvalho, que em carta dirigida ontem à sociedade, aos Serviços Prisionais, ao Tribunal Provincial de Luanda, órgãos de informação e à família, nega sair da cela, bem como receber alimentação, incluindo água, foi adoptado apenas ontem.

“Mas hoje [ontem], por exemplo, saiu (da cela) para receber os parentes e de igual modo voltou a sair (da cela) para falar com o advogado. Essa incomunicabilidade começou basicamente este final de semana, porque na quinta-feira ainda reunimos com ele”, referiu.

De acordo com o porta-voz dos Serviços Prisionais, Sedrick de Carvalho pediu para ver a filha e, por isso, será aberta uma excepção para que hoje se possam encontrar.
O activista disse ontem, após o encontro com outro dos advogados de defesa, que só depois do encontro com a filha, de dois anos, vai ponderar sobre a posição que tomou.

Menezes Cassoma disse, no entanto, que o motivo que levou os detidos a ameaçarem, na semana passada, a entrada em greve de fome colectiva foi a alegada morosidade com que decorre o julgamento, iniciado a 16 de Novembro.

“Mas acredito que neste momento já devem estar alguns desencorajados, porque essa pretensão da greve foi da semana passada e nós vemos que a semana passada foi a mais célere, porque cerca de quatro reclusos foram ouvidos, embora tenhamos tido uma falta de energia que fez com que o Osvaldo Caholo terminasse de ser interrogado simplesmente hoje”, avançou.

Para Menezes Cassoma, as audições terminariam esta semana, caso o advogado de dois constituintes não tivesse solicitado autorização de ausência.

“Significa que o interrogatório aos 15, pelo menos, só não terminou porque dois dos quais são constituintes do doutor Michele, que a seu pedido por não se encontrar cá, só poderão ser interrogados na presença do seu advogado, mas que em condições normais o processo já teria terminado”, concluiu.