Luanda - Para além dos salários em atraso, a empresa passou à reforma 103 trabalhadores com mais de 30 anos de efectividade. A direcção da Empresa Nacional de Pontes (ENP) reconhece o problema e afirma que a solução depende dos Ministérios da Construção e das Finanças.

Fonte: OP
Os funcionários que relataram o caso, nesta segunda- feira, 21, queixam-se também da falta de cartões de segurança social, dos subsídios de férias, do subsídio de Natal e de outras regalias.

Só em 2015, segundo o presidente da comissão sindical da empresa, Mateus Alberto, não foram pagos 10 dos 19 meses em atraso. No total, encontram-se nesta situação mais de 400 trabalhadores, muitos dos quais com mais de 30 anos de serviço.

Apesar dos atrasos salariais registados em anos anteriores, o sindicalista conta que no presente ano a situação chegou a extremo.

Os funcionários do Huambo, Huíla, Benguela e Moxico, onde a ENP tem filiais, encontram-se na mesma situação. Mateus Alberto disse que a direcção da empresa os tem informado que as facturas encontram-se pendentes nos ministérios da Construção e das Finanças. Em consequência disso, os trabalhadores queixam-se de vários problemas que enfrentam para gerir as suas famílias. Frederico Filipe, por exemplo, que trabalha na ENP há 10 anos, diz que a mulher o abandonou e rumou para sua terra natal a fim de se dedicar ao cultivo no campo.

Além de ter perdido a mulher, Frederico alega que teve que tirar os filhos do colégio em que estavam matriculados por não ter capacidade para pagar as propinas e outras obrigações.

A fonte disse não compreender a razão da empresa não ter capacidade de pagar os trabalhadores apesar de estar a produzir. Apontou como exemplo as seis pontes feitas em Luanda só no presente ano. Para ele, a solução passa pela responsabilização dos responsáveis da empresa.

‘O problema não é da direcção’

Contactado, o director geral da ENP, José Henrique, confirmou os atrasos salariais desde Abril do ano em curso, acrescentado que o resto das dívidas a sua direcção herdou da gestão anterior.

O responsável adiantou que o problema é do conhecimento dos ministérios da Construção e das Finanças, em que aos quais a ENP deu entrada das ordens de saque para o pagamento aos funcionários, mas que até ao momento ‘as facturas continuam congeladas’.

Por outro lado, atribui o mau momento que a empresa atravessa, no actual contexto económico que o país atravessa e a escassez de obras.

Quanto aos 103 trabalhadores em situação de reforma, José Henrique disse que a mesma deve-se ao facto dos cofres da empresa estarem sem dinheiro, mas ainda assim “negociações estão a ser feitas junto ao Instituto Nacional de Segurança Social e do Ministério da Economia” para solucionar o problema. No entanto, disse desconhecer a data exacta para o pagamento dos salários assim como a resolução de todos os problemas que a empresa atravessa.