Luanda - A propósito do Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, 3 de Dezembro, proponho-me trazer umas “ideiazitas”, para acrescer ao que foi dito (apenas isso, dito, apenas discursos, que não movem moinho), quase tudo para charme, apenas; não raro para dar a ideia de preocupação e/ou de que se está informado sobre datas e efemérides, apenas

Fonte: Ngola Jornal

Não fomos parte do “coro de charme”, muito menos dos enfileirados para serem instrumentalizados, e sobre eles se construir a imagem de benevolente perseguida por uns quantos conterras nossos, que – quais caça qualquer coisa, inconfessa (ou confessa?) – “ndimbaram”* do Estado umas cadeiritas de rodas e umas cestitas básicas, recolheram uns bons mwangolés, que, sem pejo, (des)tratam como “coitaditos”, “deficientes”, etc., que, focados por câmaras com direito a destaque no horário nobre, dirão “graças a Deus!”.

É o Adão, quer dizer, João Ninguém em delírio “telejornadamente” aproveitado, por receber de volta o que já tinha sido seu, ”ainda por cima” sem indemnização. Não, nós não entramos nessa, de se deixar usar e abusar da “desgraça” própria. Nem a dormir!

Como os caça fama já se esqueceram até dos próprios discursos, mas não sem terem “encafocolado” lá umas notitas, provavelmente já não as verdinhas, tal é a escassez, surgimos nós, agora nas vésperas do Natal, para apoquentar as consciências que ainda funcionam como tribunal interno, com o já esquecido assunto, apelando para uma drástica mudança de perspectiva, para que, as pessoas com limitação/mobilidade condicionada passem a ser vistas como pessoas que têm o direito de desfrutar o espectro completo de direitos civis, políticos, sociais, culturais, económicos e outros, e com tantas competências quantas as têm outras pessoas.

Nós vivemos diariamente na pele, na carne, no osso e na alma, os efeitos perniciosos do chamamento/tratamento de ficientes fisicos em Angola2015 desumano, “deficiente”, que ganha notoriedade em Dezembro, mesmo se comemorando o dia dedicado aos tais.

O dia 3 de Dezembro, é uma data promovida pelas Nações Unidas desde 1998, ano em que esta organização mundial realizou a convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência (uso a expressão convencionada, com dor na alma), e é comemorada internacionalmente, com vista a promoção de uma maior compreensão dos assuntos relacionados às Pessoas com Limitações, ou Pessoas com Mobilidade Condicionada (as expressões foram adoptadas por mim, por entender estarem mais em conformidade com a valorização da dignidade da pessoa humana) *, e mobilizar a defesa da dignidade, dos direitos e o bem-estar das pessoas. Visa ainda aumentar a consciência dos benefícios da inclusão das Pessoas com Limitações/Mobilidade Condicionada em cada aspecto da vida sociopolítica, económica, cultural, etc.

Todos os anos, o dia é celebrado sob o signo de um lema, que orienta as actividades relacionadas à efeméride, com base no “objectivo do exercício pleno dos direitos humanos e da participação na sociedade, estabelecido pelo Programa Mundial de Acção a respeito das pessoas com deficiência, adoptado pela Assembleia Geral da ONU em 1982.”

O Lema deste ano, 2015, e o de 2004, “Nada sobre nós, sem nós”, de resto o mote deste artigo, serão objecto de tratamento na Parte II.