Lisboa – O general Antônio França “Ndalú” e o Secretário-geral do MPLA, Julião Paulo “Dino Matross”, disponibilizaram-se em depor, contra o diretor geral do Jornal de Angola, Antônio José Ribeiro que está a ser julgado pelo Tribunal Provincial de Luanda (TPL) por difamar e caluniar um antigo combatente das extintas FAPLA, Horácio Da Mesquita.

Fonte: Club-k.net

Calunias e difamação do Jornal de Angola em Tribunal

Ribeiro  e o seu assessor português, Artur Queiroz, teriam difamado Horácio Da Mesquita, em textos publicados em Dezembro de 2012 no Jornal de Angola. Nos textos difamatórios, a dupla procurava não só desacreditar Da Mesquita como contrariar versões suas (avançada numa entrevista ao Jornal OPAis)  dizendo que a batalha de Kifangondo, nas véspera da Independência Nacional, não contou com a cobertura de jornalistas no terreno.

 

Horácio Da Mesquita reagiu em forma de Direito de Resposta, como manda a lei de imprensa  mas o jornal de Angola nunca publicou a sua versão levando-o a levar o caso ao Tribunal. 

Por efeito de decisão judicial, o Jornal de Angola, publicou dois anos depois, o direito de resposta de Horácio da Mesquita cuja integra aqui reproduzimos.

 

Publicação do direito de resposta de Horácio Dá Mesquita

 

Não estava para reagir ao fel e ódio que me foram reservados por quem partilha o mesmo espaço de trabalho, que é as Edições Novembro e o Jornal de Angola, em especial.


Faço-o seguindo uma sugestão de Sua Excia. o Camarada Dino Matross, secretário-geral do MPLA, que, mostrando-se indignado e horrorizado com os insultos proferidos pelo Sr. Artur Queiroz, sugeriu que respondesse com respeito e ética, não nos termos que a personagem em questão utilizou no seu texto, como, de resto é seu costume. Mantive de imediato um contacto com Sua Excia o general Ndalu, que ficou chocado, relembrando que os acontecimentos têm de ser relatados pelos soldados. Nos combates pela Independência, nunca nos deparamos com jornalistas. Isso é um facto. Excepto um pequeno grupo que todos viram no Morro de Kifangondo, recebendo explicações de elementos do Comando, e um operador de câmara que, um dia antes, no Panguila, filmou em 16 mm a remoção de um AML-60.


Período a que se refere, com agressões, insultos e calúnias a mim direccionados, é pós-independência, na ofensiva a Norte, em que não participei, pois integrei, com outros soldados, a coluna a Sul.

A minha relação com o general Ndalu é de profundo respeito. Combatemos juntos, ombro-a-ombro, de peito aberto contra tanques, trocando inclusive armas.

Com o Rui de Matos, mantive desde os combates pela Independência uma amizade sólida. Visitava-me constantemente na Sede Nacional do Partido, para me observar a pintar e a desenhar. Somos membros da UNAP.

Fui Chefe de Operações da 11ª Brigada no Moxico, sempre combati doente, com asma, fui ferido e foi nessa condição que o Comandante Dino Matross tratou a minha transferência para a Direcção Política Nacional das FAPLA, ficando no Departamento chefiado pelo Capitão Osvaldo Serra Van-Dúnem.

1 - Fiz a minha instrução militar no CIR de Cabinda (Belize) e não em escola superior militar.
2 - Deixei de ser recruta, assim como os outros combatentes, quando deixei o Centro de Instrução.
3 - Fui recebido pelo Comandante Ndalu no aquartelamento da Funda, onde exercia o cargo de Chefe do Estado-Maior da Unidade. O Camarada Ndozi o cargo de Comandante e o Rui de Matos o de Chefe de Operações.
4 - A União Soviética nunca formou brigadas. Foram todas, sem excepção, formadas em território nacional. Cada Brigada pode ter até 2.500 efectivos, dependendo da sua estrutura orgânica.
5 - A 9ª Brigada, na realidade, não existia. Se tivéssemos uma Brigada com o cumprimento de planos de preparação combativa, os nossos adversários jamais teriam chegado onde chegaram.
6 - Estive em praticamente todas as situações 30 dias antes da Independência Nacional, o que pode ser comprovado pelo general Marcos, que está aposentado e foi o Comandante do único Batalhão de Infantaria que possuíamos, não uma brigada, que é composta por três batalhões.
7 - A respeito da cobertura jornalística, tenho a dizer que o que saía no "Diário de Luanda" era matéria trabalhada dos comunicados do Estado-Maior.
8 - No período que antecedeu a Independência, nunca tivemos elementos dos comandos do exército português. Tivemos, sim, um punhado de indivíduos catangueses, provenientes do exército colonial, que sofreram baixas, com a perda de vidas.

O jornalista Artur Queiroz e outros nem lá puseram os pés, nunca foi familiar do Comandante Ndozi e, mesmo que fosse, é irrelevante.

Quanto aos insultos e calúnias a mim dirigidos, estão registados e seguirão os trâmites jurídicos.


OBS: Fui desmobilizado em 1978 e não em 1977.
Horácio Dá Mesquita