Lisboa - Um quadro do Serviço de Investigação Criminal (SIC), outra DNIC, Hélder Caetano Neto apresentou recentemente em julgamento uma nova versão sobre as circunstancias da morte do universitário Jorge Valério Coelho da Cruz, em 2012, levando o juiz da causa, Milakamene António João, a admitir  que a nova versão lhe terá deixado confuso.

 Fonte: Club-k.net

Instrutores  da  DNIC  entram em contradição 

Hélder Caetano Neto, citado  como a figura que torturou os réus,  falou em Tribunal na qualidade de declarante do processo. As suas declarações sobre as circunstancias em que ocorreu a morte de Jorge Valério entrou em contradição com as do  depoimento de um outro colega seu, o instrutor Caetano Mufuna e um outro Fernando Recheado, na altura dos factos, chefe do Departamento de Crimes contra Pessoas junto desta policia de investigação.

 

De acordo com o controverso depoimento do alegado torturador, a jovem Jessica Coelho gastou no total cerca de 20 mil dólares para a suposta operação de “empacotamento” do seu então namorado. A versão inicial da DNIC, reiterada pelos seus colegas , diz que Jessica Coelho gastou “apenas” 8 mil dólares com os alegados autores do crime.

 

Segundo Helder Neto, a jovem Jessica Coelho pediu primeiro a um grupo para roubarem o telefone do ex- namorado adiantando o pagamento de 5 mil dólares e que  este grupo “comeu” o dinheiro e desapareceu.

 

De seguida, segundo contou este torturador da DNIC, o motorista Manuel Bravo Lima, da família Coelho arranjou um segundo grupo a quem voltaram a pagar 5 mil dólares e que também desapareceu sem cumprir a missão.

 

Ainda segundo a nova versão deste quadro da DNIC, o motorista Manuel Bravo Lima, contactou por sua vez um terceiro grupo liderado pelo réu João Mateus "Teodoro" aquém terão pago   de forma faseada cerca de 10 mil dólares.

 

Outras contradições a considerar:

 

 1 - O “torturador” da DNIC, Hélder Neto ao ser questionado pelo juiz, a cerca do porque o declarante Rodrigo Domingos não estava no processo como réu, alegou que este pertencia ao segundo grupo que o motorista Manuel Bravo Lima havia contactado para assassinar Jorge Valério. Disse também que o declarante   Rodrigo Domingos não conhecia o réu João Mateus "Teodoro".

 

Em Janeiro de 2013, a DNIC apresentou Rodrigo Domingos Vidal “Naró” como o elemento que supostamente recebeu ordens da namorada do falecido Jorge Valério para arquitectar o crime. “Naró”, segundo as explicações da DNIC, não compareceu no acto da execução (junto com João Mateus "Teodoro" e outros) por ter se esquecido de ir ao encontro dos seus amigos executores. Ou seja ficou num local a consumir álcool.

 

 2- Fernando Recheado, o chefe do Departamento da DNIC de Crimes contra Pessoas disse recentemente em Tribunal que para prenderem o réu João Mateus "Teodoro", a esposa do motorista Manuel Bravo “Lima” ligou para ele (Teodoro) dizendo para ir a sua casa pegar 120 mil kwanzas. Por sua vez, Hélder Neto diz que quem telefonou para "Teodoro" foi o motorista Bravo Lima e quando este foi buscar o dinheiro por receber foi apanhado pela DNIC.

 

3 - Hélder Neto diz que a ordem de “empacotar” Jorge Coelho foi dada por telefone, ao motorista Manuel Bravo Lima e este por sua vez transmitiu a ordem ao réu João Mateus "Teodoro" contrariando a versão de Fernando Recheado e do Ministério Publico. Tanto Fernando Recheado como o MP alegam que a “combina” para assassinar Jorge Valério aconteceu no colégio Elizangela.

 

4 Hélder Neto declarou que foi ele a pessoa com quem o motorista Bravo Lima revelou  sobre o crime e ele por sua vez contou tudo ao chefe de departamento da DNIC, Fernando Receado.

 

5 -O inspector Fernando Receado da DNIC disse que o crime foi negociado por 8 mil USD. Hélder Neto diz que foram  10 mil dólares e que no total Jessica Coelho gastou 20 mil dólares, com os outros grupos e que ficou a dever a USD 2500 com último.

 

6 - Helder diz que no dia da morte de Valério, os executores ligaram para o motorista Bravo Lima e estes ligaram para Jessica Coelho. Disse também que Teodoro entregou o telefone do falecido a ex-namorada no dia seguinte porque no dia do crime o motorista dormiu fora de casa. Disse ainda que o mesmo motorista não deu USD 5000 mas sim USD 2500. Estes dados entram em contradição com a versão dada pelos seus colegas da DNIC, também declarantes.

 

As contradições verificadas nas declarações dos instrutores da DNIC, esta a ser vista em meios competentes como sinal de que os mesmos foram responder em Tribunal sem que tenha estudado alguma estratégia de acerto do que iriam falar. O facto em si, faz reanimar antigas suspeitas segundo as quais a DNIC terá apresentado falsos bandidos que nada tem haver com a morte de Valério.

 

A DNIC terá agido de tal forma em função da pressão que tiveram de apresentar os autores do crime. Na ocasião juntaram o depoimento da namorada do falecido que ao descrever sobre o namorado relatou que uma vez este a ameaçou mostrar imagens suas de carácter íntimo ao pai da menina.