Luanda – A reconciliação continua a ser um tabu no seio da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo (Tocoista) apesar dos esforços do actual líder – Afonso Nunes – em unificar os seus correligionários que anda desavindo há décadas, após a morte de Simão Toco.

Fonte: Club-k.net
No ano transacto, dom Afonso Nunes gabou-se, ao Semanário Angolense, que sob o seu comando, a igreja conseguira ultrapassar todas as divergências internas com as outras alas. E a direcção da Igreja Central do Simão Toco, com sede no bairro Palanca, em Luanda, venho no início do corrente ano a desmentir categoricamente essas afirmações.

“Não estamos unidos coisa nenhuma”, disse um dos dirigentes desta ala, Julião Catemba, desapontado com as declarações de Afonso Nunes, considerando-as de “insultuosas e irresponsáveis”.

A mesma repugnação é manifestada, segundo a fonte, pelos “12 Mais Velhos” de outra ala, que o acusam de desviar “aos princípios deixados por sua santidade Simão Toco”, e de violar sistematicamente os estatutos da igreja, após ter tomado de assalto a liderança da igreja.

Os acusadores o chamam de “traidor” e “mentecapta” por proferir inúmeras vezes ameaças de morte contra todos os fiéis que não se revejam as suas ideologias religiosas. “Nós não acreditamos que ele se encarnou o nosso líder fundador [Simão Toco] que ressuscitou dos mortos como Jesus Cristo”, avançou.

Na opinião deste responsável máximo da Igreja Central do Simão Toco, Afonso Nunes está a levar os tocoistas para a ideologia religiosa do islão, onde se defende a reencarnação do homem após morte. De acordo com a nossa fonte, este é o motivo que faz com que a maior parte dos tocoistas não acreditarem na sua idoneidade religiosa.

Por outro lado, os dirigentes desta ala acusam Afonso Nunes de ser “um agente dos serviços secretos”, que venho treinado da província do Uíge para tomar de assalto a direcção daquela igreja.

“O governo angolano não consegue resolver este conflito porque há muito interesse pessoais”, acusou, salientando que os fieis tocoistas precisam de um líder honesto que saiba transmitir verdadeiramente a palavra de Deus e não líder político-religioso ao serviço do partido no poder por causa de benesses.

Os responsáveis desta ala da igreja tocoista tem estado a realizarem os seus cultos religiosos num lugar inapropriado no bairro Palanca, no distrito de Kilamba Kiaxi, revelam ainda que os estatutos da igreja tocoista não permitem que um líder seja intitulado por “bispo”, como Afonso Nunes tem sido identificado pela imprensa estatal.

Julião Catemba garante que a sua instituição religiosa está órfão faz tempo após a morte de Simão Gonçalves Toco e nunca se reviu na liderança de Afonso Nunes.

“Apenas temos um aventureiro [Afonso Nunes] que só sabe semear confusão no meio dos fieis. Nunca foi pastor como tal. As pessoas que mal o conhecem. Mente a imprensa com diálogos que nunca aconteceram entre irmãos da mesma igreja. Desafio-o a dizer onde e quando houve este dialogue”, lançou o repto.

O religioso diz que não considera Afonso Nunes como um líder da igreja, mas sim como um “irmão espiritual”. “Então alguém que não fez nem se sequer uma formação em filosofia e só sabe criar confusão dentro da igreja não pode ser líder”, disse.

“A nossa igreja não permite colocar ou fazer culto de imagens mas ele [Afonso Nunes] colocou uma estátua de leão junto a porta. Nós não colocamos símbolos quer nas camisas ou nos casacos, mas ele mandou todos os fieis a colocarem, violando os estatutos da igreja”, denunciou.

Quanto isso, o reverendo Francisco Panaga diz que recebeu pessoalmente Afonso Nunes aquando da sua chegada a Luanda. “Tive a possibilidade de o receber quando veio do Uíge com um grupo coral. Mentiu-nos que vinha apenas para visitar os irmãos em Luanda mas afinal tinha outro objecto. Com a nossa fragilidade ele assumiu a liderança da igreja”.

Francisco Panaga admite que houve negligência da parte da antiga direcção, por um lado, e que, por outro, Afonso Nunes contou com vários poderes ocultos. “Temos irmãos perderam as suas vidas por reclamarem. Ele faz ameaça de morte e isso faz com que os fracos na fé recuam e muitas vezes fogem”, afirmou.

Já sua vez, o reverendo Pedro Kanga alega que o conflito interno que a igreja vive é sinal dos últimos tempos. “Estes conflitos começaram desde o desaparecimento físico do nosso líder fundador. Interesses pessoais falam mais alto. Queremos aqui chamar atenção ao Afonso Nunes que ganhe maturidade religiosa e evite perseguir todos que pensam diferente e que respeite os estatutos da igreja”, aconselhou.

Por fim, o pastor Rodrigues José pede ajuda aos órgãos de direito e a sociedade civil no sentido de dirimir o conflito existente. “Não fica bem para uma igreja histórica como a nossa passar por este episódio. Peço igualmente ao irmão Nunes que mude de comportamento e que deixe de mentir. Nós nunca dialogamos e tudo que disse ao Semanário Angolense é uma pura mentira e vergonhoso. Ele deve rever a sua conduta”, recomendou.

O também responsável da juventude daquela ala diz que a juventude tocoísta está atenta e pronta a responder este mal clima criado pelo irmão Afonso Nunes. “Não temos problemas com este irmão, só queremos que cumpra com os estatutos da igreja. Deixe violar tudo quanto são orientações da igreja e que se abra ao diálogo. Lá onde for necessário para salvar a igreja da crise que se encontra nós estamos dispostos porque está em causa o nome da nossa igreja”, concluiu.