Lisboa -   O réus Manuel Lima Bravo revelou, há cerca de duas semanas em tribunal que a DNIC (agora Serviço de Investigação Criminal) deu dinheiro a sua família, para que em troca ele acusasse a co-ré Jessica Alexandra Coelho como autora moral do assassinato do universitário Jorge Valério da Cruz Coelho, em finais de 2012.

 Fonte: Club-k.net

Estas revelações ocorreram no seguimento de uma acareação em que o Tribunal convocou para efeito, o então chefe das operações da DNIC, Fernando Receado para ser confrontado com os réus que alegaram terem feito declarações contra Jessica Coelha durante uma sessão de tortura, na fase da instrução preparatória do processo.

 

Tudo começou quando o advogado Vicente Correia Pongolola, que defende os réus questionou ao responsável da DNIC, Fernando Receado do porque fazia constantes ligações telefônicas á senhora Filomena, esposa do réu Manuel Bravo Lima, enquanto este se encontrava na cadeia.

 

O alto funcionário da policia de investigação tentou negar as questões mas acabou por admitir depois de ter sido confrontado com registro de chamadas do seu telefone para a esposa daquele réu. Fernando Receado disse que ligou algumas vezes para dar recado do esposo Manuel Bravo Lima.

 

O advogado questionou-lhe do porque dava todos meses dinheiro a senhora Filomena, esposa de Bravo Lima. O responsável da DNIC tentou negar mas acabou por admitir dizendo que deu algumas vezes a pedido do próprio réu Bravo Lima. Por sua vez, questionaram a Bravo Lima e este negou que tenha feito algum pedido aos homens da DNIC.

 

Manuel Bravo Lima revelou que havia um acordo no sentido de a DNIC dar dinheiro a sua família e em troca ele faria acusações dizendo que foi Jessica Coelho que na altura dos factos ordenou a morte do ex- namorado, o malogrado Jorge Valério.

 

Este réu revelou ainda que a DNIC prometeu apoio para   a sua libertação deste processo. Porem Fernando Receado contrapôs dizendo que era tudo mentira. Por sua vez, Bravo Lima, o motorista levantou a seguinte questão: “se eu sou criminoso porque que a Polícia dá dinheiro a minha família”.

 

A defesa perguntou ao responsável da DNIC se faziam isto (dar dinheiro aos familiares dos réus ) com todos os presos e este respondeu que não justificando que a abertura da exceção deveu-se a um pedido do réu Bravo Lima. Na sua resposta Fernando Receado elucidou dizendo que em Angola há um ditado que diz que “quem não chora não mama.”

  

O Caso Jorge Valério, tornou-se num caso mediático pela forma bárbara que o jovem perdeu a vida. Em Janeiro de 2013, o director da DNIC, Eugénio Alexandre disse a imprensa que o caso estava esclarecido porque o crime teria sido premeditado a mando da suposta namorada do falecido, Jéssica Coelho no sentido de resgatar o telefone de Jorge por conter imagens suas consideradas como comprometedoras.

 

O assunto tornou-se “confuso” depois de terem surgido suspeitas de que a DNIC teria arrumado falsos bandidos apresentados como autores do crime. As desconfianças alastraram-se ainda mais depois da circulação de um vídeo, em posse do Tribunal de Luanda, dando conta que um dos supostos assassino “Teodoro” estava a ser preparado e instruído pela DNIC, sobre como ocorreu o crime. Outra evidencia de que a DNIC estaria a julgar bandidos falsos prende-se pelo facto de as impressões digitais obtidas no dia do crime não correspondem com a dos homens que estão a ser apresentados em tribunal.

 

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