Luanda - Não há dúvidas de que o saneamento básico do meio e a conservação do ecossistema em que o ser humano alberga, constituem a pedra angular para a saúde em todos os domínios humanos, todavia, a higiene é a educação da saúde, sem a qual a saúde torna – se coxa incapaz de aplicar qualquer passo avante.

Fonte: VOA

Neste artigo, queremos relevar a relação existente entre o meio ambiente como factor condition cine quano pelo qual se faz regular o bem da vida: «a saúde».

Vivemos num mundo em que a nossa saúde depende dos esforços emanados por nós para conservar o mundo em que vivemos, a saúde é directamente proporcional ao estado de conservação do meio ambiente, o meio ambiente insano constitui o factor determinante da instalação de enfermidades de vária ordem através da proliferação de veículos patológicos e de agentes etiológicos

A maioria das questões relevantes em saúde a nível mundial, são fruto do descuido que o homem tem com o meio ambiente em que está vinculado.

Em gesto de exemplo estão as doenças diarreicas agudas, com uma magnitude que ronda em torno de mais de quatro biliões de casos por ano, constitui uma das doenças que mais aflige a humanidade, em virtude da mesma causar 30% das mortes em crianças com menos de um ano de idade. Neste processo de morte infantil, as degradantes e ineficazes medidas de saneamento ambiental, assumem a linha de frente no que concerte o desencadear de veículos patológicos para as doenças diarreicas e na disseminação da doença em si. (1)

Desde o ponto de vista histórico, o saneamento básico do meio, foi sempre uma questão relevante, uma vez que este fenómeno esteve sempre ligado à ocorrência de perturbações mórbidas. Entretanto, o crescimento acelerado da população mundial e do parque industrial, o consumo excessivo, o consequente aumento na produção de resíduos e o descarte irresponsável desses resíduos no meio ambiente têm levado a uma preocupação mais abrangente: a escassez de recursos. (2)

Actualmente a promoção da saúde constitui um elemento fundamental no que concerne a influência que impõe no contexto da correcção das lacunas presentes no domínio do meio ambiente em prol do ultrapassar de problemas quotidianos e dar lugar à melhoria da saúde das comunidades, tem influenciado também na organização dos sistemas de saúde de diversos países e regiões do mundo. (3)

A promoção da saúde é a intervenção sobre as condições de vida da população; extrapola a prestação de serviços clínico-assistências e preconiza acções intersectoriais que envolvem a educação, o saneamento básico, a habitação, a renda, o trabalho, a alimentação, o meio ambiente, o acesso a bens e serviços essenciais, o lazer, dentre outros determinantes sócio-ambientais que incidem na produção da saúde e da doença. (4)

O modelo de diálogo da educação em saúde considera as raízes dos problemas de saúde e assume como objectivo central promover a saúde. Para o alcance desse objectivo na atenção primária, pressupõe-se a promoção de reflexões e a análise crítica sobre os aspectos da realidade pessoal e colectiva, visando desenvolver planos de transformação da realidade. Essa perspectiva auxilia tanto na análise colectiva dos problemas evidenciados pelos indivíduos como na busca de soluções conjuntas para a mudança da realidade de uma nação. (5)

O objectivo da educação no contexto do diálogo, não é o de informar, mas de transformar os saberes existentes. A prática educativa, nesta perspectiva, visa desenvolver a responsabilidade dos indivíduos e da colectividade no cuidado com a saúde, não mais pela imposição de um saber técnico-científico restrito ao profissional de saúde, mas pelo desenvolver da compreensão da situação de saúde e das possibilidades de intervir sobre tal situação. Assim, a prática da educação em saúde mostra-se emancipatório e sensível às necessidades de saúde dos usuários. (6)

O trabalho de grupo na atenção primária, voltado para a difusão de informações e aconselhamentos, objectivando mudanças de comportamentos, é importante para a prevenção de riscos e agravos à saúde. Porém, os profissionais de saúde que fornecem informações aos indivíduos ou a grupos tendem a acreditar que os sujeitos seguirão as orientações recebidas, ignorando suas crenças, valores e representações sobre o processo saúde-doença e a possibilidade real destes seguirem as prescrições e orientações médicas. (7)

Todos os cidadãos são responsáveis pela saúde, tanto a individual quanto a colectiva, é um bem de interesse público. (7)

As Metas de Desenvolvimento para o Milénio (MDM), aprovadas como um desafio para os primeiros quinze anos do século XXI, estabelecem como prioridade internacional a erradicação da pobreza e da fome, a educação universal, a garantia dos direitos humanos com ênfase nas populações mais vulneráveis e a melhoria da situação de saúde da população, concentrando-se especialmente na saúde materno-infantil e na prevenção e controlo de doenças que representam risco à sobrevida e o desenvolvimento humanos. Deste modo, as MDM representam não só uma continuidade dos compromissos adoptados na Cúpula Mundial para a Infância, mas representam um avanço mais além destas ao tratar das ameaças gerais para a saúde e o desenvolvimento em geral. (8)

O cumprimento das MDM porá à prova nos próximos anos a capacidade dos países do empenho na busca por melhores condições de saúde da sua população as quais estão intrinsecamente ligadas ao estado de conservação do meio e ao saneamento básico ambiental, ademais de estabelecer uma maior exigência para que tais resultados sejam alcançados com maior equidade a fim de reduzir a actual distribuição injusta dos benefícios de intervenções básicas e de baixo custo que podem prevenir e controlar um grande número de doenças e problemas de saúde. Esta exigência é expressa tanto em termos da redução da disparidade entre os países nos indicadores de saúde, como no enfoque das MDM para a prevenção e controlo de doenças que afectam principalmente os países e grupos populacionais em situação de maior pobreza e vulnerabilidade. (8)

O avanço para o cumprimento das MDM implica também no desafio aos países de realizá-las no contexto de um perfil epidemiológico diversificado, que combina a emergência de novas doenças e problemas de saúde associados ao desenvolvimento com a persistência de doenças associadas aos níveis mais baixos de desenvolvimento, reemergentes em áreas geográficas ou grupos populacionais antes não afectados ou com novas variantes associadas à capacidade de adaptação de muitos agentes etiológicos de origem infecciosa. Além disso, contribuem para esta situação novas ameaças à saúde associadas ao crescente peso do ambiente como determinantes da saúde e ao efeito que este tem como desencadeante de catástrofes naturais ou na disseminação de agentes etiológicos. (8)


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.


1. 1. Guimarães AJA, Carvalho DF, Silva LDB. Saneamento básico. Disponível em: http://www.ufrrj.br/institutos/it/deng/leonardo/ . Acesso em : 08 Janeiro de 2016.

2 2 .Leal FCT. Sistemas de saneamento ambiental. Faculdade de Engenharia da UFJF. Departamento de Hidráulica e Saneamento. Curso de Especialização em análise Ambiental. 4 ed. 2008.
3. 3. Heidmann ITSB, Almeida MCP, Boehs AE, Wosny AM, Monticelli M. Promoção à saúde: trajectória histórica de suas concepções. Rio de Janeiro; 2006.
4. Sícoli JL, Nascimento PR. Promoção de saúde: concepções, princípios e Operacionalização. São Paulo: Interface Comunic Saúde Edu; 2003.

5. Souza AC, Colomé ICS, Costa LED, Oliveira DLLC. A educação em saúde com grupos na comunidade: uma estratégia facilitadora da promoção da saúde. Rev. Gaucha; 2005.

 

6. Alves VS. Um modelo de educação em saúde para o Programa de Saúde da Família: pela integralidade da atenção e reorientação do modelo assistencial. São Paulo: Interface Comunic Saúde Educ; 2005.

 

7. Marinho JAL. Epidemiologia e Profilaxia: Bases da Medicina científica. Rio de Janeiro: Artmed; 2007.

8. José TN. Contribuições das especialidades médicas à atenção primária à saúde. Salvador; 2006.