Luanda – O Presidente da República, o Executivo, o governador em Luanda têm de se convencer de uma coisa: A Problemática do Lixo e do Saneamento - básico, em linhas gerais, a luta contra a pobreza, sua solução não se resume em colocar retroescavadoras e camiões a removerem os resíduos ou desalojarem e escorraçarem as pessoas.
Tenham a coragem de aceitar o fracasso e parem de manipular o povo
Fonte: Club-k.net
É muito mais do que isso. O problema de Luanda é de gestão técnico-científica e não política; é da necessidade de se virar as costas ao poder político; é de consenso cívico-ético com os moradores e não repressivo; é de tolerância zero contra a corrupção e desvios de fundos; é da imposição da competência contra o nepotismo e o compadrio na hora da atribuição de projectos a administrar; é de fazer valer a seriedade na hora de se honrar os compromissos financeiros para com as empresas de Limpeza; é da urgência de se elevar o nível de vida dos seus habitantes.

Assim foi constatado em todos os municípios por onde Abel Chivukuvuku passou no cumprimento do seu Programa 7/7. Se Higino Carneiro adequar estas premissas, aí sim, teremos num porvir não longínquo, Luanda: Cidade Limpa, Cidade Linda.
 
Explico-me...                             
70% das obras e infraestruturas construídas em Luanda (Centro) vão ter forçosamente de ser refeitas. Pois não se adaptam, tãopouco se adequam as normas requeridas à conjuntura de vida no Século XXI. São caducas, já foram reprovadas no Século XIX.

Os programas de requalificação, ou as ambições do famigerado Plano Director desde as estradas, avenidas e as pontes aéreas absurdas, foram mais inspirados numa nova versão de Apartheid social, com base ao elitismo e exclusão do próximo, do que focalizados em resultados de um estudo de viabilidade exigível e execuível.

Tudo foi feito na euforia dos ganhos do petróleo e na envolvência do nepotismo contra a exigência da capacidade e eficiência duradoura. Desde a assanhadice da Paz em 2002 que Luanda foi projectada, mas virada para o Passado, mais com a intenção de desviar dinheiro e jamais lançada para o Futuro com uma visão evolutiva e de progresso.

A culpa é do quão propalado GRN – Gabinete de Reconstrução Nacional, administrado pelo GENERAL KOPELIPA, sob orientação directa do Presidente da República, na medida em que, com um Orçamento de mais de 10 mil milhões de dólares, o GRN não prospectivou o Crescimento de Luanda no Tempo e no Espaço. Optou por medidas minimalistas, paliativas, temporárias e por construção de obras catalogadas como de esferovite e suicidárias, censuradas por engenheiros versados na matéria.

Sociologicamente falando, ao empobrecerem as províncias, nem tão pouco souberam prever ou então ignoraram propositadamente as consequências do ‘Êxodo’ populacional das pessoas forçadas por vias de consequência à procura de melhores condições de vida, do interior para Luanda.

Quer dizer: em vez de resolverem os problemas localmente, simplesmente afastaram momentaneamente o mal para longe dos olhos dos turistas. Em vez de distribuirem a riqueza para um maior equilíbrio de vida e bem-estar de todos, confiscaram os bens e serviços do Estado, concentraram a riqueza num determinado grupo, mas nas suas barbas, no mesmo periodo e espaço produziram também milhares de pobres que hoje não conseguem sustentar a higiene das suas habitações, consequentemente, cuidar do Meio Ambiente.

Outro grande erro e crasso é:
1- Insistem em nomear meros políticos ou militares afrente de projectos e estruturas que mais do que simples conhecimentos ‘empíricos’, requerem mestria científica no quadro administrativo, organizacional, arquitectónico, e ético-sociológico.

2 – A maioria dos administradores municipais e comunais em exercício são activistas político-partidários. Muito poucos estão formados em Economia e Gestão; Administração Social; Autarquias, ou em Arquitectura Paisagista Contemporânea para terem a noção de como fazer muito com o pouco, ou transformar o rudimentar e incómodo em extraordinário, por formas a implicar e engajar sem coerção até o reles cidadão na melhoria de seu próprio local de vida lançado para o futuro, a partir de um presente em conformidade com o mundo novo.

Por isso, visto num conceito e perspectiva de luta de classes, muitas medidas aplicadas à força nas províncias, podem não encontrar esteio em Luanda pela natureza e característica cosmopolita de seus habitantes: grau cultural, social, académico-profissional e económico.

Lembramos: “A estabilidade social e a higiene ambiental custam dinheiro. Acontece que, 75% dos moradores periféricos da cidade de Luanda são pobres”. Eis uma das causas do marasmo degradante do meio ambiente da cidade capital, com o Lixo a ditar as regras do jogo.

Portanto: a solução dos problemas mais candentes de Luanda, não só do lixo, passa pela operacionalidade de uma Governação Administrativa no Stricto Sensu do termo, privilegiar a moral e o humanismo, e não pela musculação política dos governantes com medidas repressivas ditatoriais desumanas.

Enquanto os aglomerados de Luanda, mussekes e no mesmo caminho agora as centralidades estiverem povoados por 75% de pobres, de excluídos, de desempregados e de culturalmente baixos, dificil será resolver definitivamente o problema do Lixo cujo epicentro reside na pobreza de seus habitantes.

Reparem nas centralidades do KILAMBA, CACUACO, ZANGOS e outras, supostas a serem modelos e exemplos de prosperidade habitacional. Vejam o que são na realidade hoje comparativamente aos primeiros dias e projectem-nas para daqui mais alguns anos?

O que poderão vir a ser com esta heterogeneidade socioeconómica dos ali residentes, onde num mesmo edifício coabitam o mais ou menos endinheirado, o empregado assalariado, o formado, o médico, o engenheiro ou professor universitário, juntamente o pobre, desempregado, lumpene, a menina quedada na via da vida fácil ou boémia...

Em física diz-se: “O ferro não se mistura com o barro”. Estes dois grupos, embora juntos, igualmente jamais se vão misturar e dificilmente se vai manter a organização e a higiene, também nas centralidades.
Não é gratuito quando se diz: a tarefa mais dificil num esquema de governação não é a de Presidente da República, é sim de Governador Provincial e mais difícil ainda, a de Administrador Municipal!

Pois, idealizar ou teorizar um projecto é relativamente fácil. Administrar e gerir directamente meios e homens para levar a bom porto o mesmo projecto é muito mais complicado. Muito mais ainda para quem não está especializado.