Luanda - O álcool, quando ingerido em demasia, constitui um contingente aprumado de malignidade, que somente traduz a saúde de quem o consome no fardo do desespero. O álcool abate completamente a saúde de seus usuários, vestindo – lhes do fado nocivo e autenticamente perdido, sem eira, nem beira, com um rumo obscuro e sombrio, num presente imolado por todos os lados.

Fonte: Club-k.net

O passo que citadinos de vária ordem trilham hoje, coloca em causa seu bem mais precioso, a saúde, beber aos nossos dias, tomou o peso da evidência contrária, passando as bebidas alcoólicas apontadas como componentes viáveis no âmbito da substituição da água. É comum, ser observado inúmeras pessoas, fazendo a ingestão de bebidas alcoólicas como expediente para dessedentar a garganta, algemada na sombra da sede implacável, o sabor da água, foi sepultado na terra do esquecimento, num ermo dominado pelo silêncio.

Como resultado desta lamentosa atitude, a escuridão não está longe de mostrar o seu rosto, de perto estarão as enfermidades tristes e mortais; de então, não pouparão a nenhum instante a vida de quem ama, e abraça afincadamente, abusando do prazer da cuca, da eca, do vinho, do whisky, da caipirinha em substituição do elemento fundamental da vida: a água.

O mais preocupante, reside no facto de notar – se a existência de indivíduos portadores de uma idade ainda mais tenra à mercê do copo em várias parada de vilas e cidades por Luanda fora, estamos sem sombra de dúvidas, na maior encruzilhada da desgraça para o futuro de alguns adolescentes, marchando rumo a gradual deterioração da saúde juvenil do amanhã, que somente produzirá alcoólatras vendidos a um preço baixo às doenças mais miseráveis e prejudiciais como psicopatias (síndrome de wernick, demência alcoólica, síndrome de dependência alcoólica, psicose, neurose), patologias hepatocelulares (esteatose alcoólica, hepatite alcoólica, cirrose hepática, hipertensão portal), gastropatias alcoólicas (gastrite erosiva, metaplasia gástrica), distúrbios obstétricos (infertilidade, doença hipertensiva específica da gestação, síndrome de restrição do crescimento intra – uterino, anomalias fetais) e urológicas (distúrbio eréctil, ejaculação precoce, infertilidade), cardiovasculares (hipertensão arterial sistêmica), pancreáticas (pancreatite aguda, Diabetes), o álcool como se sabe, é muito mais letal que a variabilidade de elementos químicos com pendor de drogas, um veneno, com a capacidade de matar de forma pacífica e lenta, porém, seu efeitos nunca tarda de aparecer.

O uso de bebidas alcoólicas como hábito, constitui um princípio costumeiro que atravessou séculos, presente na trajetória histórica do homem desde épocas remotas, tendo seu início na pré – história, porém, somente neste século, iniciaram – se estudos mais sistematizados para entender este fenómeno. Recentemente, cientistas, pesquisadores, sanitários, psicólogos, sociólogos, biólogos e outros estudiosos, têm se preocupado com estudo do assunto, devido à enorme proporção em que os problemas associados ao consumo de álcool vêm ocasionando a população. [1]

Nas últimas décadas, o consumo de álcool em níveis elevados vem sendo apontado como factor de risco para um número crescente de doenças. Dentre estas doenças, as doenças cardiovasculares ocupam lugares cimeiros na pessoa de quem faz o uso desregrado de bebidas de índole etílica. [1]

Algumas questões a respeito do papel desempenhado pelo padrão de ingestão alcoólica sobre a incidência de hipertensão arterial ainda não estão totalmente estabelecidas. A maior parte dos estudos aponta para a existência de uma relação linear, directa, entre o consumo de álcool e a elevação da pressão arterial (PA) (4–6). Entretanto, alguns autores apontam para a possibilidade de doenças cardiovasculares assumem um papel de maior destaque, em articular os acidentes vasculares cerebrais (AVC) e a hipertensão arterial, sendo que esta última é reconhecida como um dos principais fatores de risco na determinação de AVC isquêmico ou hemorrágico. [2]

É interessante sob óptico médico – legal distinguir embriaguez alcoólica de alcoolismo. Assim, embriaguez alcoólica é o conjunto de manifestações neuropsicossomáticas resultantes da intoxicação etílica aguda, de carácter episódico e passageiro. Já o termo alcoolismo, empregou – o Magmes Huss pela primeira vez, em fins do século XIX, para denominar uma síndrome psicoorgânica, caracterizada por um elenco de perturbações resultantes do uso imoderado e contínuo do álcool, independendo, no momento do exame, de um maior ou menor consumo de bebida. Ou seja, a embriaguez é um estágio e o alcoolismo um estado. [3]

 

O alcoolismo crônico, ou síndrome de dependência, é caracterizado como um conjunto de fenômenos comportamentais, cognitivos e fisiológicos que se desenvolvem após repetido consumo de bebida alcoólica, tipicamente associado ao desejo poderoso de consumi­la, à dificuldade de controlar o consumo, à utilização persistente, a uma maior prioridade dada ao seu uso em detrimento de outras atividades e obrigações, a um aumento da tolerância de doses e por vezes, a um estado de abstinência física. [1]

O consumo exagerado de bebidas alcoólicas leva sempre à embriaguez até mesmo ao alcoolismo, criando assim problemas de ordem médica, psiquiátrica, psicológica, policial, e médico – legal, bem como acções que podem desdobrar no âmbito dos tribunais, problemas esses que crescem dia a dia pelo aumento assustador do consumo de bebidas alcoólicas e sua contribuição criminogénica. [3]

Como muitos usuários ocasionalmente bebem em excesso, patologias temporárias relacionadas com o álcool é comum em não alcoólatras, especialmente no final da adolescência até o final da terceira década de vida, a pessoa provavelmente satisfaz os critérios para o uso abusivo ou dependência de álcool. [2]

A dependência de álcool é definida pelo DSM – IV como repetidas dificuldades relacionadas com o álcool em pelo menos 3 de 7 áreas da vida que se acumulam aproximadamente na mesma época (durante um período igual de 12 meses). Dois desses 7 itens, tolerância e abstinência, podem ter importância especial, porque estão associados a evolução clínica mais grave. A dependência prediz um curso de problemas recorrentes com o uso de álcool e consequente encurtamento da vida por uma década. [2]

Abuso de álcool é definido como problemas repetitivos com álcool em qualquer uma das 4 áreas de vida – social, interpessoal, legal e ocupacional – ou uso repetido em situações perigosas, como a condução de veículos durante intoxicação em um indivíduo que não é dependente do álcool. Cerca de 50% daqueles com uso abusivo do álcool continuam a ter problemas com álcool 2 – 5 anos mais tarde, mas apenas aproximadamente 10% desses pacientes – incluindo adolescentes – continuam desenvolvendo dependência de álcool. [4]

RFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.

  1. BONITA, Ruth.; BEAGLEHOLE, Robert.; KJELLSTRÖM, Tord. Epidemiología básica. 2.ed. Washington: Organização Mundial da Saúde, 2008.
  2. MC WHINNEY, Ian R. Manual de Medicina de Família e Comunidade. 3.ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.
  3. FRANÇA, G. Veloso. Medicina legal, 8a edição, Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, Brasil, 2008.
  4. LONG, DanL. et al. Medicina Interna de Harrison. 18. ed. Porto Alegre, RS: AMGH Ed., 2013. 2 v.