Benguela - A demissão do político Fernando Heitor (FH) do cargo que ocupava na liderança da UNITA e o seu regresso a militante de base por discordar dos critérios de nomeação do vice-presidente daquele movimento partidário abalou e abanou a democracia interna.

Fonte: Club-k.net

Inquietações levantam-se, será que FH estava a ser marginalizado? Será que o facto de discordar é suficiente para demitir-se ou existirão outras razões obscuras? Há ainda no seio da UNITA e por arrastos em outros partidos políticos discordantes que preferem engolir tudo? Talvez, um dia saberemos mais e melhor.

A saída de FH é a priori é um acto normalíssimo, próprio dos gladiadores. Por isso, não obsta que abordemos o assunto na generalidade dos partidos políticos em Angola. Pois, que, há mais e sangrentas guerras político-partidárias (o lado negro dos partidos políticos em Angola) nesta era de paz e reconciliação “piores” que dos séculos e épocas anteriores: a ganância pelo poder e dinheiro com raríssimas excepções.

Porquanto, é observável que os “lideres” da base ao cimo dos partidos políticos em Angola são ladeados maioritariamente por grupos de bajuladores, engraxadores, intriguistas, “gatunos” que fazem tudo a fim de que nenhum estranho entre ou interfira nos seus interesses.


Por isso, os sipaios do chefe consideram o seu “líder” um deus imaculado, os seus actos estão consagrados nos estatutos e legislações afins. Eles ajudam a promoção do nepotismo, da incompetência, amiguismo, tribalismo (ninguém gosta admitir isso), exclusão e até usam os meios mais demoníacos possíveis para perpetuarem-se no poder em companhia do chefe e concomitantemente na defesa dos seus cargos.

Estes “valores” são mais encobertos e mais ferozes na generalidade da oposição angolana. É aí onde supostamente são identificados ou dão-se a entender de que são os mais democratas e críticos de todo mal do regime, parentes da inclusão quando na verdade a sua raiz é contrária, é uma guerra aberta de interesses caprichosos. Portanto, um político da oposição ferido no seu âmago é mais rude e imprevisível que o diabo, é capaz do mais absurdo mal.

Ora, basta um pequeno exercício intelectual para verificarmos que os sipaios a nível das organizações políticas e partidárias desempenham uma actividade de “utilidade pública”, fins indiscutivelmente pessoais, sentem-se donos do destino dos outros e sobretudo defendem-se de tudo, até dos erros!

Este lado é mais visível nas reuniões internas, há os mudos para não serem mal vistos, preferem a arma do silêncio e assim mantêm os seus cargos e egos. E há outros que quando abrem a boca é somente para apoiarem incondicionalmente a ideia do chefe por mais louca que seja (algumas vezes são chamados às reuniões clandestinas a fim de consertarem o plano comum, o chamado “o núcleo duro”) e quando chegam a debater os assuntos nos encontros já sabem o que devem falar, nunca são neutros ou equidistantes, são “sempre os de sempre”.

Tristemente, há também os contra sipaios só bombardeiam e nunca têm ideias construtivas.

Logo, temos nos partidos políticos em Angola na generalidade e em particular na “suposta” oposição três cenários:

1.Os sipaios do chefe- defensores acérrimos da promoção do nepotismo, da roubalheira, e da manutenção dos vícios do poder. Portanto, são os filhos queridos e recebem galardões do chefe.

2. Os contra sipaios- estão obstinadamente condenados a criticarem, tudo para eles está mal, algumas vezes não conseguem justificar as suas posições.

3. Os moderados competentes- são neutros, têm posições coerentes, ideias inovadoras, respeitam a ética política. Todavia, são combatidos severamente pelos sipaios do chefe por serem uma verdadeira ameaça, são marginalizados e vivem os maiores obstáculos inimagináveis do feitiço ao tribalismo. Abandonam ou vivem na iminência de abandonar o barco político.

Os sipaios do chefe andam por aí!

Domingos Chipilica Eduardo