Luanda - O 13 de Fevereiro é comemorado como o Dia Mundial do Rádio, depois da primeira emissão de um programa radiofónico para um grupo de seis países em simultâneo pela Rádio das Nações Unidas em 1949. Mas, a sua comemoração foi declarada em 2011 e celebrada pela primeira vez em 2012 pela UNESCO. Por isso, achamos oportuno debruçar-se de forma vaga e breve sobre o rádio como suporte electrónico e a rádio como “o conjunto de recursos humanos que se servem deste meio para divulgar o jornalismo” (PAIXÃO, 2015), incluindo um brevíssimo olhar sobre o jornalismo radiofónico angolano.

Fonte: Club-k.net

Ora, é indubitável a afirmação de que: quando falamos de rádio a primeira idéia que vem à mente é a de ouvir a música ou o noticiário. Longe de pensar que o jornalismo como a actividade de tratamento da informação surgiu muito antes do rádio e que a sua introdução neste meio sofreu uma evolução na forma como a informação é transmitida, pois, como afirma Herodoto Barbeiro (2003, p.13), o jornalismo no rádio era a princípio uma “pura e simples transposição da metodologia que se usava nos jornais”.

 

O surgimento do rádio como suporte electrónico é obra de muitos contributos surgidos no decorrer do século XIX, isto é, foi precisamente em 1831 o ano da descoberta da indução magnética por Michael Faraday. Em 1890 o Alemão Henrich Rudolph Hertz “comprovou na prática a existência das ondas electromagnéticas”. Mas, é Guglielmo Marconi a quem é atribuído o mérito de descobridor do rádio em 1895 quando realizou a primeira transmissão de sinais sem fio, numa distância de 40 metros.

 

Já a história do jornalismo é, apesar de algumas controvérsias, contada desde os anos 59 a. C. com a criação da Acta Diurna que era afixada em praças públicas com informações das actividades do império romano sob governação do então imperador Júlio César. Mas, é com a invenção da prensa móvel, por Gutenberg no decorrer da Idade Média, que o jornalismo ganha um impulso outrora imaginável cuja repercussão é hoje notória por intermédio dos jornais amplamente editados e difundidos.

 

“Em Angola, o 28 de Fevereiro de 1936 é considerado a data da primeira emissão radiofónica, em Benguela, por Álvaro de Carvalho”, contudo era uma rádio amadora. Todavia o jornalismo profissional na rádio tem lugar em 1949 na província do Huambo (PAIXÃO, 2015).

 

É importante dizer que a conjuntura política que se registou no país a partir de 1992 sagrou ao jornalismo radiofónico o surgimento de várias estações como: A Luanda Antena Comercial (LAC), VORGAN (actual Rádio Despertar) Rádio Cinco (Canal Desportivo), a Rádio Luanda… Com a assinatura dos acordos de paz de Luena e do protocolo de paz de 4 de Abril de 2002, surgiram outras rádios a emitirem no sistema de FM (Frequência Mudelada), entre elas: a Rádio Escola, Kairois, UNIA, a Rádio Mais, a MFM e outras.

 

Mas a nível da qualidade informativa não estamos lá tão bem, pois há uma matriz ideológica muito forte no jornalismo angolano que atribuiu toda supremacia à linha editórial em detrimentos dos princípios considerados sagrados pelos comunicólogos como: A isenção, a objectividade e a imparcialidade na veiculação dos factos, desde a observação, selecção, recolha, tratamento e divulgação está tudo infestado.


O relato dos factos não é mais a prioridade, porém as ordens superiores (linha editórial ) abocanharam tudo, de sorte que não quer deixar raiz nem ramo para os factos. Contudo as redes sociais que surgiram para estorvar o olhar impávido e sereno das rádios ante a certos factos de alto interesse público, ao públicá-los as emissoras radiodifusoras são obrigadas a quebrar o silência por o facto ser já do domínio público. Tal atitude, reconhessa-se, é preocupante, porque lesa a credibilidade dos órgãos.

 

No que toca a linguagem estamos a andar na velocidade de uma tartaruga. Sabe, é comum as rádios divulgarem notícias provenientes dos jornais (impressos, electrónicos e digitais) sem, no entanto dar-lhes o tratamento devido para passá-las em rádio, ignorando as características do meio nem ao menos a humiladade de citar a fonte como que se a notícia fosse divulgada em primeira mão pela rádio. O formato dalgumas notícias são como que um autêntico cop e past entre as emissoras pela presença de ângulos de abordagens semelhantes o que suscita muitas conjecturas como um descuido em matéria de linguagem jornalística radiofónica nas redacções.

 

Quanto a locução tem-se ouvido nalgumas emissoras uma tendência, entre os repórteres, que realça demasiado o estilo em detrimento do conteúdo informativo, provocando assim ruídos no processo de comunicação de sorte que, no mais das vezes, a atenção do ouvinte é mais atraida pela forma artística do locutor do que pelo conteúdo da informação.

 

A falta de produção de conhecimentos científicos voltados para o jornalismo em Angola é um grande obstáculo que contribui para a estagnação do jornalismo radifónico. Esta é a resposta da causa da existência de muitas emissoras de rádiodifusão em Luanda, mas sem inovação na maneira de fazer rádio.

 

Se olharmos para a produção de ciência voltado para o jornalismo brasileiro, por exemplo, encontraremos o segredo do brilhante jornalismo por eles praticado e pela sua influência, no que toca ao jornalismo, daqui a pouco ficaremos sem saber qual será a nossa tendência se a europeia ou a brasileira a menos que comessemos a produzir ciência para a construção da nossa própria identidade jornalística.

*Licenciado em Ciências da Comunicação/Jornalismo pelo IMETRO.