Luanda - Angola vai gastar mais de 6,2 mil milhões de dólares (5,7 mil milhões de euros) entre 2016 e 2017 com o serviço da dívida pública contraída externamente, mas o petróleo abaixo dos 38 dólares por barril pode obrigar à reestruturação da carteira.

Fonte: Lusa

A informação consta de um documento de suporte à estratégia do Governo angolano para ultrapassar a crise financeira provocada pela quebra nas receitas do petróleo, ao qual a Lusa teve hoje acesso e que indica que o `stock` de dívida pública atingiu em 2015 os 42,9 mil milhões de dólares (39,5 mil milhões de euros), correspondendo a 48,7 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).

Esse total é distribuído por 23,5 mil milhões de dólares (21,6 mil milhões de euros) contraídos externamente e 25,8 mil milhões de dólares (23,7 mil milhões de euros) internamente.

"Uma análise de sensibilidade aponta um preço do barril de petróleo de 38 dólares como o `break even` para o saldo mínimo do serviço da dívida. Abaixo desse preço será necessário reestruturar a carteira de dívida", lê-se no documento.

O endividamento do Estado angolano tem sido utilizado para colmatar a forte quebra nas receitas com a exportação de petróleo e só em 2015 o serviço da dívida pública angolana ascendeu a 18 mil milhões de dólares (16,5 mil milhões de euros).

O preço do barril de crude no mercado internacional já chegou a estar abaixo dos 30 dólares em 2016, apesar de o Governo angolano ter inscrito no Orçamento Geral do Estado para este ano uma previsão de cotação média de 45 dólares.

Nos últimos dias, essa cotação tem rondado os 35 dólares por barril.

Angola vive uma profunda crise financeira, económica e cambial, decorrente da quebra para menos de metade (2015) nas receitas com a exportação de petróleo.

O serviço da dívida angolana contraída externamente vai custar em 2016 cerca de 3,32 mil milhões de dólares (três mil milhões de euros) e no ano seguinte 2,91 mil milhões de dólares (2,6 mil milhões de euros).

A agência de notação financeira Standard & Poor`s desceu a 12 de fevereiro o `rating` da dívida soberana de Angola de `B+` para `B` devido à descida do preço do petróleo e à dependência destas exportações, levando ao aumento do endividamento do país.

No comunicado com a decisão, que assume ainda uma perspetiva de evolução "estável" do `rating`, aquela agência justifica a decisão com os preços do barril de petróleo no mercado internacional "mais baixos do que o esperado" nas previsões 2016-2019.

"Adicionalmente, os empréstimos internos e externos do Estado, juntamente com uma taxa de câmbio fraca, tem elevado o peso da dívida pública e esperamos que a dívida bruta de Angola atinja os 50% do PIB este ano", lê-se no comunicado.

"Prevemos necessidades de financiamento externo bruto de Angola de aproximadamente 31 mil milhões de dólares este ano e no próximo, das quais cerca de metade de curto prazo", aponta ainda a Standard & Poor`s.