Luanda - O Serviço de investigação Criminal está a ser acusado de proceder detenções ilegais a pessoas inocentes e vítimas de uma campanha levada a cabo por cidadãos de nacionalidade chinesa. Na sequência do caso “sequestro” relatado ao Jornal O Crime por chineses e que motivou detenções de pessoas ligadas ao Hotel, Diamond Black, ao Benfica, Luanda, de direito angolano e de angolanos, segundo pessoas próximas à gestão do mesmo, eis que surge outra versão a revelar que se está diante de um verdadeiro “filme” de Hollywood, montado, executado e exibido as autoridades por Mister Sun, (foto abaixo).


Fonte: O Crime

 

IDEALIZAÇÃO DO FILME:
Mister Sun, residente há algum tempo em Angola é apontado como sendo o actor e que começou a montar o mesmo em Outubro de 2015, logo após a inauguração do hotel Diamond Black, principal concorrente naquela zona de Luanda de uma outra unidade hoteleira, chamada Hotel Patriota, em que Mister Sun é, alegadamente, sócio gerente, detendo 25% de acções.


A par disso, Mister Sun é apontado como Responsável da Associação de Defesa e Apoio aos chineses em Angola cujas instalações localizam-se no Shoping Kilamba, via expresso, nas imediações do estádio onze de Novembro.


Segundo vozes próximas ao processo, o Cidadão chinês, teria por três ocasiões contactado os proprietários da nova Unidade hoteleira com vista a estabelecer uma parceria de gestão, exigindo àqueles o afastamento da actual gestora, por sinal, sua compatriota, por perceber que a mesma unidade confere melhor ambiente de comodidade e segurança se comparada com a do Patriota, defendem fontes ligadas ao hotel Diamond Black.


As mesmas fontes avançam a este Jornal que Mister Sun viu seu plano fracassado porquanto os donos e legítimos proprietários da referida unidade hoteleira entenderam não corresponder, positivamente, ao pedido e que a partir daquela data começou a execução do “filme”.


DA ACÇÃO. (Imagem do chinês ferido na cabeça)
Os factos reportam a Setembro de 2015, quando o “estratega” Mister Sun teria enviado àquele hotel um seu compatriota, identificado por Yao Zhonghua no sentido de, supostamente, criar distúrbio e por via disso despoletar a polémica e a consequente deterioração da imagem.


Na mesma data, o executor do plano, Yao Zhonghua, no caso, deslocou-se ao local e aplicando o plano, terá entrado em vias de facto com os dois efectivos de segurança do hotel, tendo, na ocasião, desarmado a pistola de um dos Guardas e efectuado disparos dentro do hotel. Em reacção, segundo trabalhadores, os guardas recuperaram a pistola e como resultado desta desavença o intruso sofreu ferimentos ligeiros na cabeça. Mesmo assim, o referido chinês foi levado ao SIC Samba onde ficou detido sob processo-crime nº 119/A 12ª Secção do Tribunal Provincial de Luanda e que viria a beneficiar de uma soltura no quarto dia, porquanto, segundo o juiz da causa, a natureza do crime impunha a um processo ordinário e tendo em atenção a avaliação dos danos provocados no hotel, cujo levantamento seria feito em não menos do tempo permitido ao julgamento sumário.

 


Mesmo depois dos quatro dias nas “celas” Yao, não parou com os seus intentos, contam, pois, prossegue a fonte, este passou a exigir do hotel uma indemnização de 14.000.000.00 (catorze milhões de kuanzas), sob pena de encerrar o hotel. A chantagem, segundo ainda a fonte, contou com ajuda de um agente do SIC, identificado apenas por Jamanta e um funcionário de nome, José Katembo, oficial de campo.

 


“Ele é mesmo malandro! Pagou ou prometeu, sei lá, dinheiro ao Jamanta para nos chantajar pedindo esse dinheiro todo porque senão apresentaria queixa a dizer que no nosso hotel há mafiosos e foi o que fizeram e infelizmente o SIC conduziu o processo muito mal”, rematou o nosso interlocutor.


O LADO POLÍTICO DO FILME. (imagem AN)
Não tendo atingido nenhum dos objectivos que se resumiam, primeiro tornar-se no principal gestor do Hotel (dos mais eleitos por cidadãos chineses que acorrem ao nosso País) e segundo arrancar os valores acima referidos, Mister Sun terá, a certa altura, falado com um dos seus amigos, supostamente, Deputado influente no aparelho governativo e seu aliado directo na Associação de Apoio e defesa dos Chineses em Angola, que funciona no Shoping, Kilamba, via expresso, nas imediações do Estádio onze de Novembro, em Luanda.


Na conversa, avança o trabalhador, o chinês terá dito muitas inverdades contra o Hotel Diamond Black. “Ele disse ao Deputado que aqui no hotel vendemos drogas, sequestramos pessoas, promovemos prostituição, só para manchar o bom nome da instituição” acrescentou.


Por sua vez, o alegado Deputado terá telefonado a um seu amigo, Secretário de Estado do Ministério do Interior, a fim de solicitar ajuda para uma intervenção policial naquele hotel, já tido, por eles, como de “máfia”. Consta, igualmente, que o aludido Secretário de Estado para contentar o Deputado, não mais hesitou, daí ter ordenado a intervenção do SIC Luanda, conjuntamente com uma enorme força especial da (PIR), Polícia de Intervenção Rápida.


DO MANDADO DE CAPTURA E DA EXECUÇÃO.
O “filme” prossegui com a intervenção do Procurador-geral Adjunto da República junto ao SIC, tendo este, e para o efeito, exarado o respectivo mandado de captura, que autoriza a intervenção dos agentes do SIC e da Polícia especial a concretizar o plano de Mister Sun. - Começava, a partir daí, o “calvário” quer dos proprietários do Hotel como dos cidadãos chineses que nele trabalham e também para os demais angolanos.

 


A doze de Fevereiro do ano em curso, por volta das 22h00, os agentes do SIC, num total de doze e cerca de trinta Polícias especiais da PIR, deslocaram-se ao hotel, tendo na operação detido trabalhadores angolanos e chineses, muitos deles ofendidos no processo anterior que envolvia Yao, invasor.


Uma das testemunhas oculares disse a este Jornal que para além de captura a que estavam autorizados, os agentes do SIC levaram coisas, ou seja, fizeram também busca. “eles chegaram aqui com arrogância. Bateram-nos, levaram coisas que nada tinha a ver com o mandado que trouxeram. Até o Lhot levaram-no dizendo que era um dos mafiosos quando, coitado, é um simples trabalhador e no momento da confusão com Yao ele se encontrava na China. Que pena!” lamentou o interlocutor.


O Crime, para efeitos de esclarecimento, consultou um jurista que, mesmo sem querer ser identificado fez saber que o mandado emitido pela PGR junto ao SIC enferma de vários vícios, nomeadamente: Em primeiro lugar o Procurador que assinou o mesmo mandado é incompetente em razão da hierarquia, pois, justifica, tinha que ser assinado pelo seu superior e não a ele.


Em segundo lugar, o jurista avança que o mesmo não pode ser apreciado porquanto não existiu um processo-crime anterior ao mandado contra o hotel que pudesse dar azo ao mesmo, o que por si só constitui uma falha grave insuprível, declarou o causídico.


Em terceiro, e segundo ainda o jovem jurista, o mandado peca pelo simples facto de ter sido emitido sem que, em atenção à natureza do crime, fossem ouvidas as pessoas acusadas, violando assim o princípio do contraditório. Outrossim, prossegue o jovem, o crime de ofensas corporais a que se imputa a alguns trabalhadores do hotel não admite captura nos moldes em que foram efectuadas. “Portanto, em nosso entender é um mandado eivado de vícios graves e que não pode prosseguir” rematou.


Este jornal sabe, por outro lado, que o hotel, Diamond Black, possui um sistema de vídeo ou vigilância, que poderá aclarar e facilitar o entendimento sobre o que ocorreu no interior do hotel, principalmente, no casino, durante a busca efectuada pelos agentes do SIC, porque fonte próxima àquele hotel confidenciou ao Crime que os agentes terão se empossado, ilicitamente, de artigos valiosos do hotel, dos clientes e de valores monetários avultados, pelo que o Crime, mais uma vez, promete continuar a acompanhar o caso e trazer mais dados nas próximas edições, quiçá trazer o vídeo em causa.