Luanda - Recordando o brasileiro por ser «um artista que me inspirou a dar os meus primeiros passos no rap», o angolano também conhecido como Ikonoclasta usou um vídeo a cantar a letra de «Tô Feliz (Matei O Presidente)» - um dos primeiros clássicos de Gabriel O Pensador - para contextualizar a questão política do concerto.

Fonte: Lusa

«Quis fazer este vídeo em homenagem a um artista que me inspirou a dar os meus primeiros passos no rap. Eu conhecia este disco de trás para frente. Hoje ele toca em Luanda pela quinta vez e diz amar Angola de tal modo que a tatuou no braço. Que bonito. Há uns dias foi abordado por um coletivo de cidadãos que lhe pedia que boicotasse o show como sinal de solidariedade aos presos de consciência que existem em Angola.

 

Era um pedido um tanto ou quanto exigente e, sobretudo, que pecava por ser tardio. Ele respondeu. Não tinha de o fazer, mas fê-lo e com muita delicadeza, sobretudo aos que o atacaram mais ferozmente. No entanto, a forma como justificou o que não tinha de justificar foi um pouco decepcionante. Diz não conhecer os detidos o suficiente para tomar partido e isso até é compreensível. Mais difícil de compreender no entanto é como depois de 8 meses de uma situação de gritante violação dos direitos humanos dos quais é acérrimo defensor, envolvendo cidadãos de um país que diz amar (alguns dos quais "parceiros" de rimas), amplamente denunciado por instituições como a Amnistia Internacional (credível o suficiente mano Gaby?), por artistas de quem é amigo como o Boss AC e o Sérgio Godinho, e até por parlamentares do seu país, não mereça pelo menos um pouco mais de curiosidade da sua parte», questiona no Facebook.

 

Apesar dos apelos Gabriel O Pensador assumiu a falta de conhecimento sobre os problemas políticos em Angola para avançar com o concerto.

«Não costumo me manifestar sobre questões específicas de política local nos lugares onde passo, sejam países, como por exemplo Portugal em época de eleições, ou cidades e estados do Brasil, onde é comum me pedirem apoio para esta ou aquela causa, em assuntos sobre os quais desconheço os pormenores e a história de cada um dos envolvidos, políticos, candidatos, militantes, jornalistas, etc., vítimas e acusados de injustiças.

 

Por isso prefiro me manifestar através da minha música, e as pessoas com poder de interpretação entenderão meu ponto de vista sobre estas questões, sem o risco de distorções que há quando se fala muito sobre o que se sabe pouco. Já passei por isso e aprendi que a melhor forma de me manifestar politicamente é através das minhas músicas. Esta é uma escolha que fiz e carrego comigo em qualquer situação», tinha escrito dias antes Gabriel O Pensador.