Luanda - O novo ministro da Saúde, Luís Gomes Sambo (na foto), será em breve confrontado com um polémico dossier relativo à recusa de readmissão de mais de 50 funcionários do Hospital Américo Boavida (HAB) que tinham sido ilegalmente demitidos pela gestora dessa unidade de saúde, Constantina Furtado.

Fonte: Club-k.net

Os visados, alguns dos quais com mais de 20 anos de serviço, prometem fazer chegar “dentro de dias” à mesa de trabalhos do novo titular da Saúde o referido processo, após várias tentativas frustradas de chegarem a acordo com a direcção do HAB. Os trabalhadores, ao que se apurou, foram anarquicamente expulsos pela gestora hospitalar sem que ela estivesse investida de poderes para tal, uma vez que os processos de demissão de eram da competência exclusiva do então titular da pasta da Saúde.

 

A ilicitude do acto tinha sido, aliás, reconhecida pela própria tutela que, em função disso, ordenara em 27 de Abril do ano passado a reabertura de todos os processos disciplinares instaurados por Constantina Furtado. Uma fonte sindical revelou que a decisão ministerial tinha sido precedida de um “trabalho aturado” feito pela Inspecção Geral da Saúde do Ministério da Saúde que, durante trinta dias, reavaliou todos os processos disciplinares instaurados pela direcção do HAB tendo detectado a existência de “várias irregularidades”.


Mesmo depois de a tutela ter ordenado o regresso dos trabalhadores visados, Constantina Furtado terá recusado, em três ocasiões, acatar as ordens baixadas pelo antigo titular da pasta José Van‐ dúnem para que os mesmos funcionários fossem readmitidos.

 

«Temos documentos nos quais o ex‐ministro da Saúde ordenou a nossa reintegração no hospital, mas a directora Constantina negou ostensivamente acatar tal decisão. Isso aconteceu em três ocasiões: Julho e Novembro do ano passado e, da última vez, no dia 27 de Fevereiro deste ano», denunciaram as fontes do Club‐K.

 

Segundo as mesmas fontes, na última reunião realizada em Fevereiro, a directora do HAB terá impedido que os membros da Comissão Sindical do Hospital participassem do encontro, tendo um deles sido posto na rua, em “termos pouco urbanos”.

 

Os funcionários revelaram que há duas semanas foram escorraçados do hospital por efectivos da segurança privada do HAB, com ajuda de dois agentes policiais quando pretendiam abordar a gestora hospitalar sobre o assunto. “ Vão se queixar onde quiserem, aqui no meu hospital ninguém entra”, terá vociferado Constantina Furtado.

 

Em relação à postura da gestora do HAB, um quadro do MINSA diz que a situação chegara a tal ponto que o antigo ministro da Sa parecia ter perdido a autoridade sobre Constatina Furtado. “ Ela gozava de poderes quase discricionários, ao ponto de não acatar algumas decisões do titular cessante”, afirmou. “ Muitos dos nossos colegas estão há 3 anos no desemprego e quase sem meios de subsistência. Alguns já morreram e outros vivem numa extrema penúria. A nossa última esperança reside no novo ministro, a quem depositamos a nossa fé no sentido de fazer cumprir a lei” afirmaram os trabalhadores com alguma esperança estampada nos rostos.


Entretanto, cresce a onda de descontentamento entre os funcionários do HAB devido ao não pagamento da última tranche do décimo terceiro mês, uma situação que está a alimentar suspeitas de que o dinheiro terá sido alvo de descaminho. “ A direcção hospitalar prometeu que o dinheiro seria pago em Janeiro, mas até agora nada!”, disseram alguns dos trabalhadores, que pediram o anonimato, por razões óbvias.