Luanda  - Sócios e amantes do Petro do Huambo estão descontentes com as informações postas a circular na cidade capital do planalto central, segundo as quais Carlos Graça iria recandidatar­se à presidência do clube. O antigo dirigente do Petro, que é acusado do descaminho de vários bens patrimoniais da agremiação desportiva, ainda não apresentou publicamente a sua candidatura ao cargo, mas pessoas próximas a Carlos Graça admitem que ele poderá fazê-­lo nas “próximas horas”.

Fonte: Club-k.net

A eventual candidatura do ex­director provincial dos Desportos à frente dos destinos de um dos clubes mais populares do Huambo seria no sentido de colmatar uma iminente desistência do candidato da lista A, Fernando Manuel Tito “Geovetty”.


Este último, tido até então como um delfim de Carlos Graça, está numa situação de aparente ilegibilidade devido ao facto de se ter apossado de um terreno do clube, onde procedeu à construção de um posto de abastecimento de combustíveis. Além disso, tem ainda a seu desfavor o facto de, por razões profissionais, ter sido transferido para Luanda.


Tudo aponta que o acordo firmado, a 20 de Fevereiro deste ano, durante a Assembleia­Geral (AG) do clube fundado por Armando Machado, com vista à fusão das duas listas concorrentes numa única de consenso caiu por terra.

“ Apesar de ter sido advertido sobre os riscos da sua candidatura devido, sobretudo à forma desastrada como geriu o clube (de 1994 a 2008), o senhor Graça convenceu­-se que pode ganhar as eleições a qualquer preço”, notaram as fontes deste jornal.

Dizem que tal convicção resulta do facto de alguns elementos afectos à lista A terem engendrado, num passado recente, manobras de bastidores que culminaram na inscrição de novos sócios com o objectivo escuso de “desequilibrarem” a balança eleitoral.

“Entre Dezembro de 2015 e Janeiro de 2016, eles procederam ao recrutamento apressado de novos sócios, num processo que foi totalmente realizado fora da secretaria do clube e que contou com a conivência de alguns funcionários deste órgão, ao ponto de terem retirado e transportado para parte incerta material de escritório do clube(livro de registo de sócios, máquina de escrever, cartões, carimbos, etc.)”, denunciaram as fontes do club-k.

Apurou-­se que, à luz dos estatutos, os novos sócios “estão impedidos de votar por não disporem do tempo mínimo exigível para o exercício do voto”. Segundo se soube, o prazo de entrega das listas concorrentes termina nesta sexta­feira, 11, pelo que a eventual candidatura de Carlos Graça poderá ser chumbada, visto que ele é acusado de ter abocanhad0 uma boa parte dos seus terrenos, assim como de outros bens tendo para o efeito se aproveitando da sua condição de responsável do clube.

As tentativas de ouvir a versão do ex­director dos Desportos do Huambo não foram bem­sucedidas. Recorde­-se que o Tribunal Provincial do Huambo decidiu adiar em Janeiro último as eleições no Petro que estavam agendadas para o dia 30 do mesmo mês, devido a uma série de arbitrariedades registadas na fase do processo eleitoral.

Uma sentença da Sala do Cível e Administrativo daquele órgão judicial, a que o Club-K teve acesso, considerou como “procedente e provada” a providência cautelar interposta pela lista B, liderada por Aníbal Rebelo de Oliveira Salumbo. A outra lista era encabeçada por Fernando Manuel Tito, “Geovetty”, tido como o “delfim” do antigo director do clube, Carlos Graça.

O acórdão datado de 26 de Janeiro declarava como “nula a decisão tomada pela Comissão Eleitoral, presidida pelo Sr. Martulino Pestana Culitata”, que, como se sabe, decidira afastar no dia 9 de Janeiro a lista B do pleito eleitoral.

O Tribunal fundamentou a sua decisão no facto de a referida Comissão ter extravasado as suas competências, já que as denúncias apresentadas pela lista A deveriam ser apreciadas pelo Departamento Ministerial de tutela e não pela Direcção Provincial do Huambo da Juventude e Desportos, como foi no caso vertente.