Lisboa - A direção da UNITA prefere "ver para crer" o anúncio da saída da vida política do Presidente José Eduardo dos Santos, mas o maior partido da oposição assume-se como pronto para a alternância em Angola.

Fonte: Lusa

O presidente do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e chefe de Estado angolano há 36 anos, José Eduardo dos Santos, anunciou hoje que deixa a vida política ativa em 2018, ano em que completará 76 anos.

 

"Era de esperar que, depois de 40 anos, ele [Presidente angolano] tomasse esta decisão, de se retirar da direção do país, mas também temos lembrado que não é a primeira vez que ele o faz. Já o fez no passado e por isso é preciso acompanhar essa questão de perto", disse à Lusa o porta-voz da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) e deputado Alcides Sakala.

 

O anúncio de José Eduardo dos Santos foi feito em Luanda na abertura da 11.ª reunião ordinária do Comité Central do MPLA, convocada para preparar o congresso do partido, agendado para agosto e que servirá para preparar as candidaturas às eleições gerais de 2017 em Angola.

 

"Em 2012, em eleições gerais, fui eleito Presidente da República e empossado para cumprir um mandato que nos termos da Constituição da República termina em 2017. Assim, eu tomei a decisão de deixar a vida política ativa em 2018", anunciou José Eduardo dos Santos, depois de passar em revista o seu percurso no MPLA e na liderança de Angola.

 

"Temos dito ao longo destes anos que a UNITA é a alternância credível neste país, mas é preciso ver para crer. Já o disse [anúncio de saída] no passado e continuou", concluiu Alcides Sakala, garantindo que o partido do 'Galo Negro' vai acompanhar a situação "com toda a atenção".

 

No discurso de hoje, o chefe de Estado angolano não clarificou em que moldes será feita a sua saída da vida política e se ainda estará disponível para concorrer às eleições gerais de agosto de 2017 ou à liderança do partido, este ano, antes da sua retirada.

 

José Eduardo dos Santos é Presidente de Angola desde setembro de 1979, cargo que assumiu após a morte de Agostinho Neto, o primeiro Presidente angolano.

 

Na mensagem que dirigiu aos mais de 260 membros do comité central presentes na reunião de hoje, José Eduardo dos Santos criticou ainda a gestão danosa nas empresas públicas, apelando à mobilização dos melhores quadros para as funções de governação do país.

 

Entre oito pontos da ordem de trabalhos da reunião de hoje consta um para "apreciação do projeto de resolução sobre a candidatura do camarada José Eduardo dos Santos ao cargo de presidente do MPLA".