Luanda - O presidente da UNITA defendeu hoje que se o maior partido da oposição tivesse sido poder em 1975, Angola não tinha entrado em guerra, denunciando como exemplo que desde a paz já morreram 85 militantes em incidentes com o MPLA.

Fonte: Lusa

Isaías Samakuva, líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), falava em entrevista à Lusa, a propósito dos 50 anos da fundação do partido do 'galo negro', que se comemoram no domingo, numa cerimónia oficial em Luanda.

 

"Com a UNITA no poder, Angola nunca teria passado por uma guerra tão longa como a que conheceu. Do ponto de vista político, UNITA sempre pautou pela inclusão e não pela exclusão como o MPLA [Movimento Popular de Libertação de Angola]. O MPLA sempre se orientou pela tese de que era a única força política representante legítima do povo angolano. Naturalmente, os que não se revêm nesta tese, como nós da UNITA, não aceitam e, só este aspeto por si é um grande manancial de conflito", apontou Samakuva.

 

A comemorar os 50 anos, e com o MPLA no poder em Angola desde 1975, o líder da UNITA assume que o partido fundado no Muangai, província do Moxico, por Jonas Savimbi, "é pela transparência" e contra "a corrupção que hoje impera no país, nem relegaria a população ao esquecimento como acontece hoje no regime do MPLA".

 

"A UNITA nunca permitiria os desvios do erário público nem a miséria em que estão mergulhados os angolanos. Com a UNITA no poder, Angola seria, sem dúvida, um país diferente e com um nível de desenvolvimento propiciador de bem-estar que o tornaria num dos melhores países para viver", afirmou, acentuando as críticas ao regime de José Eduardo dos Santos.

 

De acordo com Samakuva, o maior partido da oposição contava no final de 2015 com 2,5 milhões de militantes registados, número que "tem crescido diariamente, em todo o país". Em contraponto, entre 2002 e 2015 morreram em Angola, segundo o líder do partido, 85 militantes da UNITA em confrontos e incidentes com apoiantes do MPLA.

 

O conflito armado em Angola decorreu entre 1975, logo após a proclamação da independência, e 2002, terminando com a morte do fundador do partido, às mãos das forças governamentais, sendo este precisamente um dos momentos que Isaías Samakuva destaca, pela negativa, em meio século da UNITA.

 

"Tenho a certeza de que se a UNITA tivesse chegado ao poder em 1975, Angola teria sido muito diferente do que é hoje. Do ponto de vista económico, a UNITA sempre acreditou no sistema de mercado livre quando o MPLA acreditou, por longos anos - hoje ainda age assim -, numa economia centralizada", observou ainda o presidente do partido.

 

Numa altura em que o presidente do MPLA, José Eduardo dos Santos, chefe de Estado angolano desde 1979, anunciou para 2018 o fim da sua vida política ativa, Samakuva garante que a UNITA "está a capacitar-se" para "criar condições" de "ganhar as eleições" de 2017.

 

Questionado pela Lusa sobre a possibilidade formar uma coligação pré-eleitoral, com outros partidos da oposição, às eleições gerais do próximo ano, o líder da UNITA não de coloca de parte o cenário.

 

"Normalmente, as coligações são formadas como resultado de interesses ditados por diversas situações que ocorrem num determinado momento da vida política. Se a situação política do país vier a determinar a necessidade de se formar uma coligação de forças políticas na oposição para se enfrentar as eleições, a UNITA não hesitará em fazê-lo", rematou Samakuva.