Luanda - Mais uma vez sirvo-me deste portal para manifestar o meu parecer, desta vez sobre a actual crise [miséria e vergonha] que a maior parte de nós está passando, isto mesmo, a maior parte de nós pois os da cidade alta e todo seu entourage com certeza não. A coisa que leva- me a escrever é o facto de eu temer pelo meu amanhã, o dos meus próximos e dos meus concidadãos Angolanos em geral, uma vez que esta crise está a tornar-se cada vez mais mortal e o (mal-) dito executivo nem se quer tem menor ideia, muito menos algum plano funcional e prático para sairmos desta bendita crise. Estão todos a espera que aconteça algum milagre, possivelmente no preço do barril do petróleo para que haja novamente o fluxo da nossa segunda moeda nacional que por sinal é a principal, i.e. o Dollar Americano.
Fonte: Club-k.net
Acontece que a questão é muito, mas muito mais séria pois ela tem causas políticas e sem dúvidas a solução deverá ser politíca também, quer queiramos ou não. Ora vejamos, o preço do petróleo baixou consideravelmente o que de certa forma afectou profundamente o PIB de cada país produtor de petróleo e em geral o dos Estados-membros da OPEP, mas verdade seja dita, a presente crise económica que estamos a passar em Angola não é causada pela descida do preço do crude nos mercados internacionais.
A exemplo disto, temos o nosso vizinho Congo-Brazzaville, Gabão, a Nigéria assim como a Guine Equatorial sendo todos produtores de petróleo e as suas economias altamente dependentes ao petróleo tal como o nosso país, mas não estão a passar por está vergonha, ainda acreditamos que a baixa do preço do crude é que está na base desta miséria? Mais adiante responderei a esta pergunta.
No ano transacto, o preço médio do brent foi de USD 52.35 tendo baixado para USD 30.70, i.e. -41.36% desde Janeiro do ano em curso e, importa lembrar que o mesmo barril teve um preço médio de USD 12.80 em 1998 e de 25.01 em 2002 respetivamente. A pergunta que se coloca é: Porque agora esta miséria mesmo quando vendemos o petróleo à um preço bem acima do dobro do que vendíamos em 1998 e acima do preço do brent em 2002?
Este pequeno trecho de dados serve apenas de orientação para provar que realmente a crise que nos assola agora tem suas causas para além do preço do petróleo e mais uma vez, o governo do Sr. José Eduardo dos Santos está a enganar o já sofredor povo angolano.
A verdadeira causa desta crise enquadra-se no processo e/ou metodologia que o sistema financeiro internacional, tecnicamente monopolizado pelos Estados Unidos de América decidiu implementar para que de forma mais ou menos pacífica nos livremos do Sr. José Eduardo dos Santos e dar uma oportunidade à jovem República de Angola a se erguer com instituições sérias e fortes para o bom funcionamento de uma nação democrática com capacidade de desenvolver-se economicamente e jogar um papel importante na arena de política internacional onde há muitas lacunas, pois os EUA precisam de um parceiro estratégico na região centro-sul do continente Africano e Angola é um potencial candidato mas não com o Sr. José Eduardo dos Santos como presidente.
No dia 11 de Fevereiro de 2015, numa entrevista com o canal VOX, o Presidente Barack Obama disse o seguinte:
(...).
[... E nós temos que ter as forças armadas mais fortes do mundo e, ocasionalmente temos que torcer os braços dos países que não fariam o que nós precisámos que eles façam se não fosse pelas várias formas de "poder" económico ou diplomático e em alguns casos no nível militar que nós temos].
Fazendo uma análise desta declaração do Presidente Obama, eles torceram os braços do defuntos Ṣaddām Ḥusayn e do Muammar Muhammad Abu Minyar al-Gaddafi no nível militar e os resultados constatados no local são lastimáveis. Torceram os braços do Irão por causa do seu dúbio programa nuclear, no nível económico e o Irão teve que se render e os resultados são vistos já com a última eleição que foi uma razia da linha dura e ultra- conservadora da qual se identifica o ex-president Dr. Mahmoud Ahmadinejad.
A Russia de Vladimir Vladimirovich Putin não tem sido poupada por causa dos ataques de 2008 à Georgia, a invasão territorial da República da Ucránia tendo posto em perigo a integridade territorial daquele país com a anexação da península Crimea e apoio militar- logistíco dos emigrantes Russos residentes nas regiões de Donbass desde 2014, tem tido seus braços torcidos aos poucos e os resultados são vistos como reservas do estado a esgotarem-se, redução em até 30% dos fundos alocados ao seu ambicioso projecto espacial de médio-longo prazo (2016-2025) ao seu Programa Espacial Federal – Roskosmos e muitos mais.
Angola está exactamente a ter os seus braços torcidos económicamente, simplesmente ao ser bloqueada o acesso ao Dollar Americano que é moeda que faz funcionar a nossa economia. Eis a resposta da pergunta acima de que outros países africanos que também têm as suas economias altamente dependente ao petróleo não estão a padecer como nós porque a estes não foram colocadas as restrições de acesso à moeda que domina o sistema financeiro internacional que Angola se encontra, estes países mesmo tendo rendimentos baixos dos dividendos do petróleo estão relativamente imunes de surtos de febre-amarela, cólera, colapso dos seus sistemas de saúde, educional e a função pública como um todo porque o sistema financeiro internacional não os tem tido tão dúbios como o tem com o nosso país.
É sabido que os EUA, durante décadas têm sido o líder da única indústria que opera no país, i.e. a do petróleo. Quem explora o petróleo Angolano? Quem transporta o petróleo explorado no território Angolano? Para onde se exporta o petróleo Angolano? Quem dita o preço do barril do petróleo? Em que moeda se vende o petróleo Angolano?
Poderemos encontrar a França e a Inglaterra presentes nesta indústria (a China é muana ndenge no nosso mercado), mas verdade seja dita é que estes são do tipo cipaios incondicionais dos EUA, por isso eles fornecem dados de todas as sua actividades nesta indústria aos Americanos, permitindo-os desta forma perguntarem-se e perceberem profundamente porque é que Angola está sempre na vanguarda de tudo que é ruím e na cauda de tudo que é bom, quando na vedade tem tido centenas de bilhões de dolares aos seus cofres que a pertiriam inverter uma marcha de 0 à 180 graus?
É imprescindível percebermos isto e procurarmos uma solução neste sentido começando por questionar-nos o porque é que fomos excluídos ao acesso do dollar? Porque é que os braços de Angola estão a ser torcidos agora? Quem está a torcir-nos os braços? Porque o torcer dos braços no nível económico e não militar como nos casos da Líbia, Síria e do Iraque?
Fomos excluídos do acesso ao Dollar porque o presidente Obama está muito bem informado da realidade do povo Angolano assim como da utopia que o Sr. José Eduardo dos Santos tem estado a vender aos Angolanos com o único objectivo de se manter no poder e não ter que responder aos Angolanos e ao mundo pela gestão extremamente danosa dos seus quase 40 anos de presidência da República de Angola.
Provas disso são as afirmções públicas dos seus agentes no caso do ministro do interior o Sr. Ângelo Veiga Tavares que há relativamete um mês atrás afirmou em Maputo dizendo que: "Há tentativas de ter no poder governos dóceis e, nalguns casos, são utilizadas algumas pessoas, sobretudo jovens, na tentativa de verem implementado em Angola aquilo que se vê nos outros países", quando na verdade esta percepção por parte do Sr. José Eduardo dos Santos e seus pares não é de ontem. Até hoje em dia, os serviços secretos de Angola, o Exército Nacional nem a Polícia Nacional de Angola sabem explicar o porque do anúncio/aviso emitido pelo Departamento de Estado dos EUA assim como do Governo Británico apelando aos seus cidadãos que evitassem certos locais de Luanda e Cabinda e que aumentassem a cautela individual, mas basta uma palavra para um bom entendedor.
Engana-se redondamente quem acredita de que os braços de Angola estão sendo torcidos porque há indícios de usarmos os petro-dollares arrecadados para patrocínio de terrorismo, tráfico de drogas etc. Os EUA têm uma Comunidade de Inteligência composta por 16 agências de serviços secretos e semi-secretos e todas elas cooperam duma forma muito especial e consistente e sabem que felizmente Angola não está envolvida em actos de terrorismo ou tráfico que pudesse merecer alguma atenção ou intervenção militar, descartando qualquer possibilidade de verem a recapitulação dos cenários assistidos na Líbia, Iraque e na Síria.
Aqui o que realmente se quer é que o Sr. José Eduardo dos Santos se vá embora sem ter que mergulhar o país numa nova guerra completamente desnecessária em todos os aspectos, mas ir ele terá que ir mesmo.
Os EUA têm muito mais recursos a disposição para colocar-nos de joelhos e que nem o EURO de Portugal, nem o YUAN da China muitos menos o RUBLO da Rússia irão salvar-nos dessa.
Pelo contrario, os EUA têm sido muito complascentes com o regime Angolano e o Sr. José Eduardos dos Santos em não torcer os nossos braços como o fizeram com o Irão (impondo sanções ecónomicas e total bloqueio ao sistema financeiro mundial), assim como estão a fazer com a Rússia (sanções parciais, congelamento de contas/bens dos dirigentes mais próximos de Putin), assim como a criação de uma lista negra de indivíduos de regimes que não podem pisar se quer em determinados países, incluindo nos EUA com risco de serem presos, julgados e condenados. Este passo pesado não se aplica no caso do Sr. José Eduardo e dos seu regime e o Presidente Obama estar a ser complascente com os Angolanos ao exigir a retirada de um indivíduo que tem sido a letargia do desenvolvimento deste país, favorecendo a corrupção, o nepotismo e auto-enriquecimento em detrimento de toda uma nação.
Esta crise vai continuar e poderá se agravar ainda mais mesmo se o preço de brent fosse comercializado a USD 1000 hoje, uma vez que este bloqueio da nossa principal moeda (USD) não tem relação alguma com o preço do petróleo e, quanto mais tempo o Sr. José Eduardo dos Santos se mantiver no poder, mais demorá haverá para que os Americanos nos deêm acesso à algum dinheiro no nosso sistema económico regional que sobrevive de importações usando o dollar como moeda, uma vez que o nosso Kwanza que neste momento existe em abundância no país, de certeza os Russos não se importariam de imprirem-nos mais uns tantos trilhões de kilapi se fossem necessários, mas verdade é que ninguém come dinheiro e fora dos nossos 1.246.700 km quadrados o Kwanza do Sr. José Eduardo dos Santos só serve de papelão.
O Sr. José Eduardo dos Santos é o cabeça da Nação Angolana, Angola (o corpo) está doente. Há um adágio que oiço muito dizer nas nossas ruas de que: QUANDO A CABEÇA NÃO REGULA, O CORPO É QUE PAGA. E, se a cabeça regulasse?
