Luanda - Divergências entre promotores do Instituto Superior São Francisco de Assis podem travar o sonho a milhares de estudantes. A instituição pode fechar definitivamente e os alunos não sabem o que fazem com o dinheiro e tempo investidos em três anos. A direcção do instituto e a tutela ainda não se pronunciaram.

Fonte: NG
Um total de 5.300 estudantes poderá passar o presente ano lectivo em casa porque o instituto em que estudavam há três anos, em Luanda – o São Francisco de Assis (ISFAS) –, encontra-se de portas encerradas.

O entrave, de acordo com alguns estudantes, não estará associado à decisão do Ministério do Ensino Superior, que, em Junho de 2014, ordenou o encerramento compulsivo do ISFAS. O impedimento às aulas resulta de possíveis divergências entre os sócios. “Se fosse devido a uma ordem do MES, o ISFAS já teria fechado há muito tempo. Sabemos que há litígio entre os promotores da instituição”, explicou uma estudante que frequentava o 3.º ano de Medicina.

De momento, restam apenas dúvidas de como será daqui em diante. Adão Maria de Carvalho, estudante do 1.º ano de Relações Internacionais, quer que os responsáveis da instituição informem os estudantes sobre o futuro da instituição, uma vez que muitos colegas de cursos e anos diferentes já acorreram a outras instituições e viram as suas candidaturas serem rejeitadas. “Tudo porque não há uniformização dos planos curriculares entre os mesmos cursos leccionados no ISFAS e noutras instituições”, lamenta.

Avelino Guerra é outro estudante que exige um esclarecimento sobre o tempo e dinheiro gastos. O estudante das Ciências Humanas sente-se “perdido”, sobretudo porque “não vê, nas autoridades, vontade em resolver o problema”.

SILÊNCIO TOTAL

Três semanas após o seu encerramento, a direcção do ISFAS ainda não se pronunciou. O NG sabe que a direcção pretende, enquanto durarem as divergências entre os sócios, distribuir os estudantes por outras instituições. No entanto, uma fonte do Ministério do Ensino Superior avançou ao NG que tal intenção poderá não ser possível porque, por um lado, “os cursos nas instituições do ensino superior ainda não têm o plano curricular uniformizado” e, por outro, porque o ISFAS está “ilegal”.

Em recentes declarações ao NG, um alto responsável do Ensino Superior alertava que o MES não se iria responsabilizar pela formação dos estudantes de instituições que não foram autenticadas por decretos ou por algum parecer positivo. “Esses estabelecimentos, por não estarem autorizados pelo Instituto Nacional de Avaliação, Acreditação e Reconhecimento dos Estudos do Ensino Superior (INAAREES), não são reconhecidos como instituições”, advertia, acrescentando que “quem estuda e/ou lecciona nessas instituições não pode ser considerado estudante nem docente”. Por isso, “os estudantes devem exigir os decretos de criação e validação dos cursos antes de efectuarem a matrícula”.

Há três anos

Apesar de ser considerado ilegal pelo MES, o Instituto Superior São Francisco de Assis, localizado em Luanda, funciona há três anos. Tem 5.300 estudantes que frequentam os cursos nas áreas de Ciências e Tecnologias de Saúde, Engenharia e Tecnologias e Ciências Humanas, Sociais e Empresariais.