Luanda - Lídia Amós, filha do empresário angolano Valentim Amós, falecido em 2014, falou esta segunda-feira, 28 de Março de 2016, em entrevista a Rádio Despertar, sobre a morte do seu irmão.

Fonte: Radio Despertar

Azeres Cláudio Amós, pós fim a sua própria vida no dia 16 de Março do ano em curso, após mais de 2 anos de depressão, desde que a justiça angolana abriu um processo de averiguação contra ele e sua irmã, sobre a herança deixada pelo pai, tendo retirado a própria vida no mês de Março de 2016, depois de ter conhecimento do mandado de "Após a PGR ter aceite as denúncias feitas pela minha prima, pela mãe das minhas irmãs e por mais duas irmãs, irmãs paternas, o Azeres entrou em depressão. Isto foi há dois anos, especificamente desde Novembro de 2013. Em Janeiro de 2016 recebemos a informação que a DNIAP havia remetido o processo em juízo após a minha carta aberta, que também foi do conhecimento público, e que nesse mesmo processo o procurador autorizou a nossa prisão imediata. Ele deixou de comer, isso estamos a falar em Janeiro, deixou de comer e dormir. Isso foi agravando a depressão. Tomamos o conhecimento no dia 23, da pronúncia do Juiz que pede mandado de captura, minha e do Azeres, assinado no dia 14, logo existe fortes indícios de que o meu irmão teve conhecimento deste mandado de captura, antes ou no dia 16, ele suicidou-se", explica a Lídia Amós.

A empresária angolana aprova as vozes que afirmam que o seu pai deixou grande quantia em dinheiro, mas que não se encontra nem em posse dela nem da sua família.


"Existem rumores que de facto o meu pai deixou alguma soma avultada e que esses valores têm como beneficiários, eu, ou o Azeres, daí essa perseguição desenfreada de algumas pessoas que nós não soubemos quem são, mas que claramente têm utilizado a justiça para fazerem essa prisão”, afirma a Empresária que aproveitou a oportunidade para fazer um apelo.


"Aproveito essa oportunidade para apelar que de facto que se existe, porque nós ouvimos este rumor desde o falecimento do meu pai, mas como nunca vimos nem eu nem minha mãe, o Azeres, ou nenhum dos outros meus irmãos, Germanos, vimos algum documento, achamos sempre que fosse apenas especulação. De facto o meu pai foi conhecido como homem muito rico. O que as pessoas não sabem é que ele era um empreendedor, um homem lutador e que trabalhava com a banca", continuou Lídia Amós.


A jovem de 32 anos de idade considera a questão ser um caso puramente político, que tenha por de trás elementos desconhecidos com objectivo de tomarem partido da herança deixada pelo seu pai.

"Foram me chamando prisioneira política, e é o que de facto isto aparenta. Porque não justifica, nem com alguma margem de dúvida que a justificação que o Ministério Público apresentou, a justificação que agora o tribunal apresenta, de que eu e o meu irmão lesamos a herança em três milhões de dólares, uma herança que ainda está a ser partilhada no Tribunal Civil, uma herança que penso que 50% pertence a Mera, que é a minha mãe, uma herança que são apenas à nível das sociedades, são apenas as quotas, uma herança em que as sociedades não pertenciam unicamente ao senhor Valentim que é o meu pai, mas sim existiam outras sócias das quais a minha mãe e eu, em particular Ana Tropicana com 60% ou seja sócia maioritária que não precisaria de nenhum outro sócio para deliberar, até porque o único sócio é falecido".


Lídia Amós, diz encontrar-se numa perseguição desenfreada por parte da justiça angolana, que causou a morte de seu irmão, e que a sua prima, irmãs paternas e sua primogénita, que denunciaram o caso ao tribunal, terão sido usadas pelo tribunal como via para se chegar à essa perseguição política, descartando a possibilidade de tratar-se de uma questão meramente de herança deixada pelo pai.


"Eu sou a única sócia actualmente, não se consegue perceber através da lei o por quê desta perseguição desenfreada, o por que da recusa e o atropelamento da lei, anteriormente pelo fiscal da legalidade, agora pela própria justiça, e chego a concluir que há mais uma vez a acreditar nas pessoas que chamavam-me de prisioneira política, que de facto isto é um caso político e não se trata apenas de herança. A senhora Paula com o senhor Salvador, a minha irmã Verónica ou Kuki como é conhecida e a Tucha, e a minha prima, foram simplesmente, portas usadas para esta perseguição política que eu e o meu irmão sofremos, e que infelizmente o meu irmão não aguentando essa pressão toda, acabou decidir ser livre, tirando a sua própria vida", explicou a Empresária que também teme pela sua vida.