Luanda - Depois de uma ausência de quase três meses das bancas, o Semanário Angolense, um dos jornais mais antigos da imprensa escrita angolana, encerrou, finalmente, as suas portas. O anúncio do fecho do jornal foi dado a conhecer nesta quarta‐feira aos trabalhadores, tendo a notícia sido recebida num clima de comoção, com choros e lágrimas à mistura.

Fonte: Club-k.net

 Jornalistas foram lançados para o desemprego

Nos últimos meses eram cada vez mais evidentes os sinais negativos de que a publicação poderia encerrar a qualquer momento, mas a maioria dos funcionários ainda acreditavam que o jornal sobreviveria à crise. Este ano, o jornal saiu apenas uma única vez ao público.

De uns tempos a esta parte, correram informações de que a não publicação do jornal teria a ver com a falta de papel, uma justificação que, com o passar do tempo, foi‐se esbatendo. “ Houve, de facto, a falta de papel de impressão que, como se sabe, afectou a quase generalidade dos jornais, mas a maior carência do Semanário Angolense foi a falta de papel‐moeda e a falta de diálogo sincero”, disse uma fonte ao Club‐K.

Soube‐se que foram pagos os salários de dois meses em dívida aos trabalhadores, mas pairam fortes receios quanto ao pagamento das indemnizações.

Em relação ao não pagamento de indemnizações, um funcionário que pediu o anonimato revelou que este assunto deveria ser revolvido antes do encerramento do jornal. “Fomos traídos pela Media Investe, SA, que, em Dezembro do ano passado, deu‐nos garantias de que o jornal não iria encerrar. Hoje, constatamos com tristeza que as promessas não passaram disso mesmo”, denunciou a fonte do Club‐K.

“A partir de agora, as coisas complicaram‐se, visto que não soubemos quem são os proprietários do jornal”, revelou a mesma fonte que pediu para não ser identificada, numa clara alusão ao facto da empresa proprietária do jornal ser uma empresa anónima.


Embora o jornal tivesse perdido a sua acutilância nos últimos tempos, o mesmo ainda sobrevivia no mercado à sombra do prestígio adquirido no passado, sobretudo à época em que o mesmo era dirigido pelo jornalista Graça Campos. De acordo com o site Rede Angola, os primeiros sinais de crise foram dados no último trimestre do ano passado, num processo algo conturbado, de esvaziamento do jornal e que culminou no afastamento de alguns jornalistas e colaboradores influentes.

Na altura, confrontado com o assunto, o então director em exercício do Semanário Angolense, Kim Alves, reconhecera a existência de “algumas dificuldades financeiras”, mas afastara o cenário de encerramento do jornal. Foi citado como tendo garantido que o Semanário Angolense não “vai fechar”.

“ O jornal está de saúde e recomenda­-se. Não é verdade que o jornal vai fechar as portas, ou está despedir pessoas porque vai fechar. Isso não condiz com a verdade”, dissera na ocasião.


Com o fecho do jornal mais de duas dezenas de funcionários, metade dos quais jornalistas foram lançados para o desemprego.