Luanda - É o único militar entre os 17 activistas e escreveu uma carta da prisão a denunciar as condições em que está detido: Osvaldo Caholo, tenente das Forças Armadas Angolanas, condenado a quatro anos e seis meses de prisão, ameaça mesmo suicidar-se. Em carta divulgada por alguns meios como o Rede Angola e a Voz da América (VOA), o jovem activista que supostamente seria julgado pelo Supremo Tribunal Militar denuncia que na cadeia de Calamboloca os reclusos chegam a ter de beber água da sanita.

Fonte: Publico

“Falta de água, necessidades fisiológicas colocadas em sacos de plásticos, alimentação deficiente, falta de banhos de sol, colchões que ‘nem para animais devem servir’, autorizações de visitas a bel-prazer das autoridades, pequeno-almoço servido às 11h/12h, são algumas das situações vividas por Osvaldo Caholo”, escreve o VOA. Caholo iniciou também uma greve de fome, ele que diz estar “fraco” e que não vai “conseguir assistir a isto tudo”. Está preso desde a leitura da sentença que o condenou e a outros 16 angolanos a penas de prisão de entre dois e oito anos e meio, na segunda-feira, por “actos preparatórios de rebelião e associação de malfeitores” .


Já Domingos da Cruz, autor do livro/ brochura que desencadeou a prisão dos activistas e a acusação de tentativa de golpe de Estado e que recebeu a pena mais alta (oito anos e meio), está numa cela com mais de 50 detidos, segundo o Rede Angola. O professor e investigador Nuno Dala continua em greve de fome desde 10 de Março. A família e os advogados de Nito Alves também têm manifestado preocupação com o estado de saúde do jovem que foi diagnosticado com paludismo pelos Serviços Prisionais – querem que seja transferido para o Hospital-Prisão de São Paulo.


Entretanto, o Departamento de Estado norte-americano criticou as sentenças, em comunicado. Pediu ao Governo angolano que "proteja os direitos constitucionais dos angolanos para participar num debate público, aberto e pacífico”. O comunicado diz que "as sentenças duras ameaçam o exercício da liberdade de expressão e reunião pacífica". “As duas liberdades estão previstas na Constituição angolana, protegidas pelas obrigações de direitos humanos que Angola tem e que são os valores-base de qualquer democracia forte e funcional”, escrevem, terminando com uma nota de optimismo pelo facto de se ter tornado tema de debate nacional.


Numa declaração oficial logo a seguir à sentença, a delegação da União Europeia em Angola mostrou “reservas” em relação ao processo dos activistas .Em Portugal, o Parlamento chumbou as propostas de PS e Bloco que condenavam as penas aplicadas: PSD, CDS e PCP votaram contra a "ingerência" nos assuntos internos de Angola. O chumbo, criticado por várias vozes em Portugal, de diferentes quadrantes políticos, teve reflexos na imprensa internacional: este sábado, o jornal Guardian publicou em texto sobre o facto de em Portugal terem chovido críticas ao resultado final da votação no Parlamento.