Luanda  - Da América, passando pela Europa até África, um mesmo perigo nos ameaça, fragilizando o fundamento das nossas nações. Esse perigo tem o nome de terrorismo de AL-QAEDA, BOKO HARAM, ESTADO ISLAMICO, SHEBAB, AQMI, etc.

Fonte: Club-k.net

O código Penal define o terrorismo como sendo, “um acto ligado a um individuo ou uma colectividade, tendo por objectivo, perturbar gravemente a ordem pública através da intimidação ou terror”.

Face a este modo de guerra, informal, assimétrico e sem quartel, não há nenhum país do Norte ao Sul, capaz de ganhar sozinho, razão pela qual, confrontados por uma dinâmica de desestabilização generalizada, os Estados Unidos de América, Canada, França, Alemanha, Bélgica, Espanha e outros, não poupam seus esforços no sentido de reforçar a cooperação em vários domínios, na luta contra o terrorismo, adaptando permanentemente os seus meios de defesa ao modus operandis dos terroristas, que não para de mudar.

Confrontados com problemas de vária ordem, os países do Sul, nomeadamente da África ocidental, multiplicam seminários, conferências e cimeiras para fazer face a essa ameaça global, para cujas respostas têm sido tímidas.

Para melhor apreendermos a dimensão do perigo que nos espreita, um resumo do historial dessas organizações terroristas se impõe:

1. AL-QAEDA

Nascida nas montanhas do Afeganistão, nos anos 1996 e 1998, a organização terrorista tem como fundador, Oussama Bin Laden, filho de uma dinastia de ricos homens da Construção Civil, da Arabia Saudita, originários do Yemen.

Impulsionados pela vitória dos seus combatentes, nos anos 1983, contra a invasão Soviética no Afeganistão, Oussama Bin Laden, Abdallah Azzeman e Ayman Al Zawwari, planificam ataques terroristas à escala mundial.

Os três homens consolidam os seus projectos e constituem a Frente Islâmica Mundial do Jihad, contra os Judeus e infiéis; que é o verdadeiro nome do que chamamos AL-QAEDA.

A libertação dos dois lugares santos de Jerusalém e da Meca, constituíam os objectivos principais do Jihad. Pouco tempo depois os alvos se multiplicaram. Matar os americanos e seus aliados, civis ou militares, passou a ser o objectivo principal.

No dia 7 de Agosto de 1998, dois atentados são perpetrados ao mesmo tempo contra as Embaixadas dos EUA, em DAR ES-SALAM e NAIROBI, provocando uma verdadeira carnificina.

Um ano depois, Oussama Bin Laden planifica com o seu responsável operacional, o Egípcio Mohamed Atef, uma operação complexa, que consistira num desvio coordenado de aviões americanos, no solo americano.

A operação é confiada ao KHALED CHEIK MOHAMED, responsável pelos atentados do sub-solo do World Trade Center, em 1993.

No dia 02 de outubro de 2000, a mesma organização fora responsável de mais um atentado contra um navio militar americano, US Cole, no YEMEN.

AL-QAEDA é responsável de numerosos atentados no mundo, dos quais foi mais espetacular e sanguinário, o do dia 11/09/2001.

Dezanove terroristas (19) desviam quatro (4) aviões, dois deles se projectam contra as torres gémeas do World Trade Center (WTC), um terceiro contra o Pentágono e o quarto que se dirigia à Washington, cai numa chana, em PENNSYLVANIE, depois de um confronto entre pilotos, passageiros de um lado e terroristas do outro.

Neste ataque, 6.291 pessoas foram feridas e 2.973 foram mortas.

Humilhada, a primeira potência mundial, a América de George Bush (filho), decide partir para guerra contra o terrorismo, bombardeando o Afeganistão em Outubro de 2001 e o IRAQ em Março de 2003.

O início do enfraquecimento da organização terrorista AL-QAEDA, começa no dia 02 de Maio de 2011, numa operação espetacular denominada Gerónimo, levada a cabo por um corpo de elite das forças americanas, à 100 Km da capital paquistanesa, ISLAMABAD. O fundador da organização é surpreendido na calada da noite na sua fortaleza de ABBOTTABAD e é abatido com vários tiros na cabeça.

2. BOKO HARAM

Considerado como seita por uns, movimento por outros, a organização terrorista BOKO HARAM, nasceu em 2002, no Norte da Nigéria (MAIDUGURI), depois dos atentados de 11/09/2001, sob autoridade do pregador MOHAMED YUSUF.

A instauração de um sistema educativo corânico e gratuito, foi uma das prioridades do combate de Mohamed Yusuf, para contrariar a educação ocidental. De onde proveio o nome Boko Haram que na língua haoussa significa «a educação ocidental é pecado».

Mohamed Yusuf fez uma longa estadia na Arabia Saudita, de onde trouxe a versão rigorosa do Islão o « WAHHABISME» que significa um Islão reivindicativo e tradicionalista. Mohamed Yusuf fez da sua organização ao longo do tempo, um instrumento de combate contra o sistema de governação da República Federal da Nigéria, organizando atentados contra instituições do Estado, igrejas e civis.

Face a essa situação de terror no norte do país, as forças da Nigéria lançaram uma ofensiva na localidade de Maiduguri, capital do Estado do Borno, santuário do Boko Haram, em julho de 2009 e Mohamed Yusuf é capturado e morto. Tempo depois, Abubacar Shekau seu adjunto, o substitui mudando radicalmente a ideologia da organização do SALAFISMO ao DJIHADISMO (de uma visão fundamentalista do Islão a um terrorismo sistemático e sem discriminação).

Constituído por 6 a 7.000.00 homens, a organização Boko Haram tem operado mais na República Federal da Nigéria, República do Tchad, Niger e Camarões.

Em 2004, o exército dos Camarões entra oficialmente em guerra contra Boko Haram, em resposta as incursões regulares desta organização no seu território, nomeadamente no norte do país, matando e roubando os bens alimentares das populações indefesas.

Em Fevereiro de 2005, as forças armadas da República do Tchad, vêm em reforço as forças armadas da República Federal da Nigéria, infligindo derrotas consideráveis a organização terrorista, libertando várias localidades das suas mãos.

Em cinco (5) anos, Boko Haram causou a morte de 15.000 (Quinze mil) pessoas na Nigéria e nos Camarões,

Anos depois do rapto de 276 meninas de um liceu na localidade de Chibok, norte da Nigéria, suscitando uma forte emoção no mundo inteiro, Boko Haram, ainda continua a semear morte e terror na República Federal da Nigéria, Tchad, e Camarões.

3. SHEBAB

Fundado em 2006 por ADEN HASHI FARAH « AYRO» na Somália, o SHEBAB ( nome Árabe que significa juventude) é um grupo terrorista islamista somali de ideologia salafista. Os seus militantes são vulgarmente chamados SHEBAB. Esse grupo é fruto da divisão da união dos tribunais islâmicos e tem por objectivo a instauração da Charia na região.

CHARIA é definida como um conjunto de regras morais e penais que regem a vida dos muçulmanos.

O SHEBAB tem como zona de operação a Somália, Uganda, Ethiopia e Quénia, e é constituído de mais ou menos 5 a 7000 membros e fazem parte da organização terrorista AL-QAEDA.

No quadro das suas ofensivas, o grupo SHEBAB já controlou, em 2008 a maior parte do sul da Somália. A partir de 2011 é disperso depois de fortes combates numa ofensiva governamental somali em conjunto com a missão da União Africana na Somália apoiados pelo exercito Queniano. Assim, o grupo abandona Mogadíscio em Agosto de 2011 e as principais vilas que controlava em 2012. Em 2014 abandona as últimas localidades sob seu controle.

É responsável por vários atentados na Somália, Uganda, Etiópia e Quénia de entre os quais salienta-se o primeiro atentado do dia 5 de Fevereiro de 2008 contra emigrantes etíopes na localidade de BOSASO.

Vinte e Cinco etíopes encontraram a morte e oitenta foi o número de feridos.

Ainda no mesmo ano de 2008, o grupo reivindicou um atentado contra a base militar da União Africana perto de Mogadíscio que fez treze vitimas civis.

O mesmo grupo perpetrou seis atentados em outubro do mesmo ano, utilizando carros cheios de explosivo contra a capital da Somália, contra o porto de Bosaso, o Palácio Presidencial, a Embaixada da Etiópia e as instalações da União Africana, fazendo 19 mortos. Aquando do fim da copa do mundo, aproveitando aglomeração das populações que seguiam a festa da bola redonda, o grupo perpetrou mais um atentado aos 11 de Julho de 2010 em Uganda, fazendo 74 mortos.

São vários os actos terroristas perpetrados por essa organização, o mais violento foi o ataque contra um centro comercial WESTGATE, na capital do Quénia, Nairobi, fazendo mais de 63 mortos.

Apesar de ser morto por um míssil americano em 2008, o fundador dos SHEBAB (ADEN HASHI FARA H), a organização terrorista continua activa.

4. AQMI

AQMI (Al Qaeda no Maghreb Islamico, em árabe) é uma organização djihadista terrorista de origem Argelina, de ideologia salafista, cujo objectivo e a instauração de um CALIFAT regido pela Charia.

Interessa dizer que a Charia é definida como um conjunto de regras morais e penais que regem a vida do muçulmano. Essas regras vem do Corão e do Suna (Conjunto de actos e dizeres do profecta).

Califat é definido como uma instituição espiritual e temporária que tem as suas origens na raiz do Islão e que organizou a comunidade muçulmana durante 13 (treze) séculos. O Chefe Supremo da Comunidade muçulmana chama-se Calif, que significa em língua árabe, “sucessor”.

Os chefes principais dessa organização são: ABDELMALEK DROUKDEL, DJAMEL OKACHA, MOKHTAR BELMOKTAR, ABOU ZEID (morto em 2013).

Esta organização tem como fonte de receitas, o tráfico de drogas, de armas e reféns.

AQMI tem como forma de combate, o terrorismo, luta armada, guerrilha, atentados suicidas, e de reféns. As suas forças activas eram constituídas de 200 a 800 homens em 2004, 1600 a 2500 homens em 2012-2013 e 1000 a 1500 homens em 2014.

Se as origens da organização se encontram na Argélia, as suas zonas actuais de operações são, a região do Sahara, que banha o sul do deserto do Sahara, as cercanias da Mauritânia, Mali, Níger, Tunísia e Líbia.

São inúmeros os atentados perpetrados pelo AQMI, da Argélia passando pela Mauritânia, Mali, Níger, etc.

De Abril à Dezembro de 2007, a organização foi responsável de uma série de atentados, que tinham por objectivo a sede do governo de Argélia, uma coluna do Presidente Bouteflika, o conselho constitucional, a sede do Auto Comissariado para os refugiados, provocando uma centena de mortos e vários feridos.

A resposta do Exército Argelino não se fez esperar. Com artilharia pesada e helicópteros, as forças governamentais mataram um dos chefes terroristas, Samir Moussaab e muitos combatentes da organização.

Os anos foram passando e a organização continua activa, fazendo parte de uma grande ofensiva djihadista em 2013 no sul do Mali, ao lado de dois outros grupos terroristas, ANSAR DINE e MUJAO.

Esta ofensiva provoca a intervenção militar de França em apoio ao exército Maliano e do Tchad. Os terroristas sofrem pesadas e sucessivas baixas, abandonando TOMBOUCTOU no dia 27 de Janeiro de 2013, deixando sem vida muitos dos seus chefes.

No dia 15 de Janeiro de 2016, o grupo terrorista AQMI, cujo responsável principal é MOKTAR BELMOLTAR (tido de morto repetidas vezes), revindicou um espetacular atentado no centro da cidade de Ouagadougou, no Hotel Splendid, provocando muitos mortos e feridos. A lista de atrocidades desta organização terrorista vai crescendo, a medida que vamos escrevendo estas linhas.

E neste entretanto, o dever de cada um de nós é de dar o seu contributo para prevenir as nossas cidades e comunidades contra essa doença chamada terrorismo.

Antes de expormos as nossas humildes propostas para prevenir este mal, interessa enaltecer a grande vantagem da população angolana e a imensa desvantagem dos nossos serviços de segurança:

As zonas de origem dos terroristas do AL-QAED, BOKO HARAM, ESTADO ISLAMICO, SHEBAB, AQMI e outros, são os países de religião muçulmana. Os países alvos destes terroristas, no Mundo e em África em particular, são também, maioritariamente Muçulmanos, (norte da Nigéria, norte dos Camarões, Tchad, Argélia, Tunísia, Turquia, Níger, Mauritânia).

Esse facto cria uma certa facilidade de penetração e uma aproximação em função da religião, ao contrário de Angola onde a religião deixada pelo colono é protestante e a católica.

Trata-se de uma vantagem significativa, que deve ser grandemente explorada pelas autoridades competentes na luta contra o terrorismo.

A nossa grande desvantagem é de termos um Estado, cujos serviços secretos de informação, são especializados em espiar os partidos na oposição, ao invés de cooperar, intimamente com as populações locais e com os serviços secretos dos outros países, especialmente dos países vizinhos, no sentido de conter essa provável ameaça de terrorismo.

A solução ao problema do terrorismo, não pode ser somente militar. Temos visto suas limitações todos dias. Ela tem de ser também política e social.

Assim propomos:

1. Formação de um colégio constituído por anciãos, autoridades das diferentes religiões, representantes de diferentes partidos políticos, intelectuais, representantes do governo, com o objetivo de discutir, periodicamente o fenómeno terrorismo e mecanismos para o seu combate.

2. A pobreza, o regionalismo, o desemprego dos jovens, têm sido a base do recrutamento dos terroristas. Assim sendo, o governo tem o dever e a obrigação de encontrar com urgência, políticas adequadas para diminuir consideravelmente esses males que afectam efectivamente a camada juvenil do nosso país. As desigualdades sociais são outra base de recrutamento das organizações terroristas.
3. Introdução no ensino académico primário e secundário, da história das religiões inclusive a muçulmana, para que os jovens possam distinguir o islão do terrorismo, porque afinal de contas o islão não é terrorismo.
4. As forças de ordem pública deviam observar, rigorosamente a sua deontologia no exercício das suas funções. Devem abster-se de prender ou rusgar os Muçulmanos vulgo “mamados” em locais e horas de culto, pois constitui uma flagrante violação nos preceitos islâmicos e incentiva revolta.

Facilidades administrativas deviam ser concedidas a favor dos nossos irmãos “Mamados”, cuja presença no nosso país não constitui ameaça.

Com essas quatro simples propostas, não ousamos pensar ter encontrado a solução ao problema do terrorismo. Mas apenas chamar atenção do governo angolano no sentido de não ignorar a ameaça que nos espreita e considerar que Angola é um país onde é mais fácil encontrar uma arma de fogo do que um pão para comer, um jovem descontente do que um adolescente alegre e amigo da vida.

Pensamos no nosso passado com sustos!

Pensamos no nosso presente impávidos!

O amanha só será melhor com o contributo de cada um de nós!