Luanda - As famílias pedem a transferência imediata dos activistas para outro estabelecimento. A subcomissão da UE emitiu ontem uma nota de preocupação para com a saúde de Nuno Dala e Nito Alves

Fonte: RA

Depois de ter dito ao Rede Angola que nenhum dos activistas condenados de actos preparatórios de rebelião e associação de malfeitores se encontravam na Cadeia de Caboxa na segunda-feira, quando houve rixa entre grupos rivais que causou um morto e sete feridos, o porta-voz dos Serviços Prisionais, Menezes Cassoma desmentiu-se e disse hoje que quatro dos 17 acusados afinal estão em Caboxa e estavam no local quando aconteceu o tumulto.

Segundo Menezes Cassoma, os activistas Inocêncio de Brito, Benedito Jeremias, Arante Kivuvu e Sedrick de Carvalho estão desde quinta-feira na unidade prisional localizada na província do Bengo. Cassoma afirma que apesar de terem presenciado a confusão, nenhum deles foi ferido e nem feito refém. O porta-voz reconheceu que, na altura em que falou com o Rede Angola sobre a rixa, fez uma afirmação sem ter conhecimento real do paradeiro dos activistas.

“Estive lá pessoalmente ontem. Na altura [na segunda-feira, quando falou com o RA] o plano é de que ele estariam em Viana e que só depois é que iriam a Caboxa. Mas, na verdade, estão desde quinta-feira passada no Caboxa Sedrick de Carvalho, Arante Kivuvu, o Inocêncio de Brito e Benedito Jeremias. Quando houve a rixa entre os grupos rivais dos reclusos eles já estavam lá. Todos estão bem e ninguém foi feito refém”, afirmou.

Ao Rede Angola, Neusa de Carvalho, mulher de Sedrick, explicou que os activistas viram-se apanhados entre a confusão na cadeia. ” O Sedrick por pouco não foi esfaqueado”, explica. Ontem Sedrick foi visitado pela cunhada de Neusa, e o activista encontrava-se bem.

Neusa de Carvalho e os restantes familiares dos activistas detidos em Caboxa apelaram à urgente transferência dos activistas para outro estabelecimento prisional. A Cadeia de Caboxa, no Bengo, é conhecida pelo problemas entre os presidiários que, em grupos, muitas vezes organizam lutas.

A nota da Subcomissão dos Direitos Humanos

A Subcomissão dos Direitos do Homem (DROI em inglês), organismo do Parlamento Europeu, pediu às autoridades angolanas para “providenciarem com urgência assistência médica adequada” a todos os 17 activistas, condenados a 28 de Março por actos preparatórios de rebelião e associação de malfeitores.

Através da presidente Elena Valenciano, deputada espanhola do Partido Socialista Europeu (PES), a DROI pede especial atenção aos casos de Nito Alves e Nuno Dala, “que estão em condições críticas”.

Tal como o Rede Angola tem vindo a dar conta, o estado de saúdo de Nito Alves é considerado “crítico” pelo seu advogado, Zola Bambi. O caso de Nuno Dala é ainda mais grave. O activista está quase há um mês em greve de fome e depende e depende de uma cadeira de rodas para se movimentar.

No comunicado, a DROI manifesta ainda a sua “profunda preocupação” com a condenação dos 17 activistas “apenas por exercitarem, pacificamente, os seus direitos de liberdade de expressão, reunião e associação”, apelando às autoridades nacionais para cumprirem com as normas internacionais de direitos humanos e tratados internacionais ratificados Angola.