Luanda - Nos primeiros três meses do ano, 600 angolanas chegaram a São Paulo, quase todas com filhos e muitas ainda grávidas. O boom obrigou o poder local a abrir dois abrigos emergenciais e a pedir o apoio da Polícia Federal e da Agência Brasileira de Inteligência. A história está hoje em destaque no Estadão, portal do jornal O Estado de S. Paulo.

Fonte: NJ

“Segundo o Comité Nacional para os Refugiados, o número de pedidos de refúgio de angolanos no Brasil está em alta: 630 até esta segunda-feira (mais de seis por dia), ante 1.100 em todo o ano passado”, publica o Estadão, acrescentando que em Fevereiro verificou-se um pico.

“Na véspera do Carnaval, num só dia, um grupo de 50 angolanas com filhos chegou a São Paulo”, escreve o portal, relatando uma sobrecarga no sistema de assistência.

“A demanda não era esperada pela Prefeitura e forçou a administração a abrir dois abrigos emergenciais, que já acolhem 266 mães e crianças. Outros 19 centros de acolhida regulares também acomodam famílias angolanas recém-chegadas”.

Apesar de as emigrantes invocarem perseguição política e religiosa como motivos para a saída de Angola, as entidades brasileiras desconfiam que foi a crise que deu esse empurrão.

“O imigrante não pode dizer para as autoridades de um país estrangeiro que está entrando em função de relações económicas ruins. Mas pode dizer que pede refúgio por processos políticos e religiosos”, assinala ao Estadão Dagoberto Fonseca, coordenador do Centro de Estudos das Culturas e Línguas Africanas e da Diáspora Negra da Universidade Estadual Paulista.

Já a secretária municipal de Assistência Social, Luciana Temer, avança que pediu a intervenção do Governo Federal para entender o boom de angolanas. “Se chegar mais um grupo de 50 mulheres, não terei onde pôr”, avisa.

Segundo explica o Estadão, ao darem a luz em território brasileiro as mulheres “ganham cidadania, e o pai ainda pode solicitar visto permanente, sob justificativa de reunião familiar”.

O jornal informa também que o Ministério da Justiça está a investigar o fluxo de angolanas, tendo emitido um alerta para o Ministério das Relações Exteriores e solicitado o apoio da Polícia Federal e da Agência Brasileira de Inteligência.

Além da necessidade de “fazer o levantamento de entrada e saída para tentar identificar um desvio padrão”, o secretário nacional de Justiça Beto Vasconcelos destacou a necessidade de “apurar eventuais ilícitos”.