Luanda - Quim Alves, antigo director interino do Semanário Angolense, que foi declarado extinto, no passado dia 29 deste mês, denunciou em recente entrevista ao jornal O País a existência de falta de respeito e desprezo por parte dos antigos patrões, da empresa Média Investe, a quem pede “ponderação, humanismo e honestidade”.

Fonte: O País

Os patrões terão alegado que a empresa detentora do jornal entrara em bancarrota na consequência da crise económica e financeira vigente no país. Segundo o entrevistado, os trabalhadores foram proibidos de aceder às instalações do edifício onde funcionara o jornal. “Estamos todos na rua, incluindo os guardas. Não temos acesso ao interior”, afirmou, Quim Alves. A situação financeira, descrita como sendo “péssima” terá deixado a empresa sem dinheiro para pagar os cerca de 25 trabalhadores (entre jornalistas, o pessoal de apoio e administrativo) bem como suportar os encargos com a impressão gráfica do jornal.

 

Quim Alves considera que a decisão já era esperada desde que o título fora comprado ao então dono e fundador, o jornalista Graça Campos, em 2010. Desde então, segundo a fonte, tinha ficado mais ou menos claro que a compra do jornal, pelo grupo denominado Media Investments, terá sido um subterfúgio que, posteriormente desembocaria na oportuna extinção do jornal.

 

“A intenção era mesmo matar o jornal”, declarou. A crise, segundo afirmou, foi a melhor desculpa para precipitar o encerramento da publicação, uma das pioneiras de chamada “imprensa alternativa”. Quim Alves diz que nos últimos tempos o clima entre os patrões e a chefia do jornal foi amplamente marcado por momentos de profundo desentendimento, tendo havido alturas em que ao longo de três meses consecutivos o relacionamento esteve quase à beira da ruptura.

 

O jornalista queixa-se de ter havido, nos últimos tempos, sinais que denotavam falta de respeito e desprezo por parte dos patrões ou por gente a seu mando, ao ponto de nem sequer responderem as mensagens destinadas a relatar o funcionamento do jornal. A principal preocupação de Quim Alves e seus colaboradores tem a ver com a sorte dos trabalhadores, uma vez que ainda não se tomou qualquer decisão oficial sobre os mesmos.

 

O profissional exige dos donos da Media Investments, “ponderação, humanismo e honestidade” e que os profissionais sejam devidamente indemnizados com base na lei. “Temos cerca de 25 trabalhadores, muitos dos quais mães e chefes de família com mais de 18 anos de casa”, revelou. Nos últimos tempos tem sido recorrente o encerramento de publicações privadas por alegada falência dos seus proprietários em resultado da crise, havendo outros jornais que têm experimentado uma vida bastante intermitente.