Luanda - Durante o seu consulado, o Governo de Luanda reabilitou a ponte do Balumuka e a rua rei Pelé, no Cazenga, encontra-se nos 45% da sua fase de execução.

Fonte: O País
Faz 100 dias que Higino Carneiro está à frente dos destinos de Luanda como governador. Por essa razão, OPAÍS resolveu constatar o grau de execução das promessas feitas e as que estão ainda em “stand by”.

No município do Cazenga, por exemplo, o governador prometeu asfaltar a rua Rei Pelé, que faz ligação com o hospital municipal. Neste momento as obras encontram-se executadas na ordem dos 45%, garantiu o engenheiro de construção civil e técnico da administração Adérito Domingos.

Segundo o responsável, a obra teve início no dia 10 de Março, com o prazo de execução de três meses, mas as mesmas abrandaram, tendo em conta as chuvas constantes dos últimos dias.

Porém, o trabalho regista avanços na ordem dos 45% no que diz respeito a pavimentação. “Temos troços já com camada de asfalto e a colocação de rachão. O trabalho de asfaltagem começou entre o cruzamento da Sétima Avenida e continua até a rua Rei Pelé”, explicou Adérito Domingos.

Salientou que a obra prevê asfaltar 3.600 metros de estrada e está repartida em fases. Na primeira fase colocou-se 300 metros de asfalto, o lancil e a linha de água. Contudo, a segunda etapa tem a ver com a sub-base. Nesta fase, trabalham na rua Rei Pelé que dá acesso ao hospital municipal do Cazenga com 400 metros de asfalto concluídos. Segundo ele, é uma via que dá acesso a muitos lugares, como o aterro sanitário e facilitará o descongestionamento.

Para o responsável, a prioridade é a conclusão da rua Rei Pelé e a estrada que liga ao Hospital Municipal, visto que os médicos e pacientes encontravam dificuldades para chegar ao local. A fase seguinte será a interligação entre o município de Viana e o Cazenga que vai dar ao aterro sanitário e chega até Cacuaco.

Por seu turno, o administrador municipal do Cazenga, Victor Nataniel Narciso, sem avançar o orçamento investido na reabilitação da via, referiu que o atraso das obras não tem só a ver com as chuvas, mas sim com trabalhos de engenharia muito complexos e um dos quais é a transição das águas oriundas de outros bairros como o Caloenda e a Combal.

“Retiramos mais de 200 camiões cheios de lama porque o solo é argiloso, isso durante o tempo que a empresa responsável está a trabalhar”, explica. Disse ainda que a conclusão da obra está prevista para 14 de Julho, o mais tardar, sublinhando que falta a parte mais complexa. “Devíamos ter terminado o primeiro projecto que foi definido para o Cazenga, de requalificação, que era a macro- drenagem. A base que vai suportar todos os projectos e não está terminado. Passa pelo reaproveitamento das valas do Cazenga, Cariango, Soroca, Rio Seco e a Lagoa de São Pedro.

A requalificão dessas valas vai permitir o suporte do saneamento do Cazenga”, garantiu. Victor Nataniel Narciso disse que a questão do lixo ao nível do município está controlada, visto que nos próximos 15 dias começa um novo sistema de recolha de lixo que vai abranger Luanda, sendo que o Cazenga vai trabalhar com duas empresas, nomeadamente a Empresa de Limpeza e Saneamento de Luanda (Elisal) e a BEL.

“As empresas vão trabalhar com títulos onde 30 % estarão a cargo do Governo e 60% pela tarifa de lixo que será paga pelos cidadãos. O novo sistema de recolha de lixo não ficará apenas pela recolha, mas terá a selecção, tratamento e transformação”, referiu.

Outra promessa do governador Higino Carneiro foi a reabilitação da ponte do Balumuka, que liga os distritos urbanos do Kilamba Kiaxi e da Maianga, já concluída e inaugurada no dia 27 de Março do ano em curso. A estrutura metálica possibilita a circulação rodoviária em duas faixas de rodagem, a partir da avenida 17 de Setembro, nas imediações do Hospital Especializado do Avô Kumbi, e vai até ao bairro Cassequel.

OPAÍS ouviu alguns populares que se mostraram satisfeitos com a mobilidade proporcionada pela ponte e a segurança no local. Wilson Celestino, 18 anos, estudante, felicita o Governo de Luanda pela reabilitação da estrutura. Segundo o estudante, os moradores no bairro Cassequel eram obrigados a percorrer muitos quilómetros para chegar ao bairro Malangino, porque o local não oferecia segurança, mas agora pode-se circular normalmente.

“Anteriormente havia uma ponte toda danificada inclusive, o ano passado, quando fazia a travessia, caí e os meus amigos tiveram de me retirar do local”, explica. Passados alguns metros deparámo- nos com Madalena Albino André, também estudante. Em sua opinião, a nova ponte traz grandes benefícios, principalmente nesta época chuvosa, porque com a estrutura antiga não havia segurança e levava-se mais de duas horas para se cheagar à escola. “Com a inauguração da ponte tenho chegado cedo à escola porque os táxis já podem circular ”, ressaltou.

No mesmo local, encontramos também Elena Paulo Hebo,58 anos, vendedora, relembrando que antes da nova estrutura os moradores sofriam muito para transitar do Cassequel ao bairro Malangino para “comprar negócio”. “ Quando vínhamos com negócio pagávamos um trabalhador para carregar e também ajudava na travessia. Nesta altura podemos passar a ponte sem ajuda”, disse.

André Francisco Diogo, 40 anos, que foi visitar a sua irmã, referiu que era difícil circular de um bairro para outro, mas com a reabilitação da ponte já são possível trocas comercias e a circulação de viaturas, o que não acontecia. “Antes da reabilitação da ponte ficava meses sem visitar a minha irmã. Agora, com a ponte nova, todas as semanas venho visitá-la”, explica. Segundo ele, é preciso rever as valas de drenagem porque são pequenas e não suportam a quantidade de água vinda de outros bairros.

Um passo à frente, dois atrás

Umas das promessas de Higino Carneiro ainda não executadas é o encerramento, por alguns dias, do mercado do Quilómetro 30, para facilitar os trabalhos de desinfestação a serem realizados, para eliminar o vector da febre-amarela e da malária.

O principal obejctivo desta medida era melhorar as ruas para facilitar o trajecto das equipas que pretendiam pulverizar o bairro, tendo em conta o número de doentes e de óbitos provocados pelo mosquito da malária e da febre-amarela.

Outra promessa do governante que continua “pendurada” tem a ver com o trânsito Reversível, que foi adiada por tempo indeterminado devido a razões técnicas. De acordo com o projecto, a medida será implementada na Estrada Nacional 230, que liga Luanda a Viana, num troço de 16 quilómetros que, segundo informação da Polícia Nacional, passará a ser feito, num único sentido, em 15 minutos.

De Segunda a Sexta-feira, este troço, entre o hipermercado Jumbo (Luanda) e a Comarca de Viana, passará a funcionar apenas no sentido Luanda entre as 5:00h e as 10:00h e no contrário, para a periferia, entre as 15 e as 21:00h.

Faz parte da lista de promessas do governador de Luanda o saneamento básico. Também constam dos grandes desafios de Higino Carneiro, à frente dos destinos do centro político-administrativo de Angola, a energia e água, a ocupação ilegal de terrenos, assim como a problemática do tráfego rodoviário nas vias secundárias e terciárias, bem como a delinquência.

O ordenamento urbano tem sido outro desafio dos governadores de Luanda. Neste aspecto, no entanto, Higino Carneiro parece ter a tarefa mais facilitada, pois a capital do país conta com um plano director geral, recentemente apresentado. Outro desafio, tem a ver com questões administrativas. Em finais do ano passado Luanda passou a contar com uma nova organização e funcionamento da administração local do Estado.

Contrariamente ao funcionamento, aquando da sua primeira passagem, as administrações municipais têm mais competências, são unidades orçamentais e equiparadas a províncias no domínio da elaboração e execução do programa de investimentos públicos e do Orçamento Geral do Estado.

Em matéria de contratação pública, os administradores municipais e o presidente da Comissão Administrativa da Cidade de Luanda têm competências similares às de um governador de província em termos de realização de despesas.