Menongue – O juiz da Causa dos Crimes Comuns do Tribunal Provincial do Kuando, Hélder Pedro António, que terá supostamente recebido “luvas” – juntamente com os juízes assessores Gerson Geovani Damião e Osvaldo Lulu Marcelino – para teatralizar o julgamento do filho do administrador municipal do Dirico, Guenad Octávio Vueloca Afonso, que provocou a morte de três jovens, deixou de ser visto em público naquela cidade depois da injusta sentença.

Fonte: Club-k.net
Círculos familiares do causídico dizem que tem aumentado a pressão sobre Hélder António, por parte da população de Menongue que se sentiu ferida pelas injúrias lançadas por familiares do réu com dizeres como “mukuakuizas”. Há ainda telefonemas recebidos de outros juízes a criticarem a decisão”, informaram.

O último senso populacional, trouxe à tona para o Cuando Cubango novos dados. É que a maioria da população daquela província é Ovimbundu e não Nganguela como se supunha.
Em face destes dados a residência do juiz Hélder António passou a ser particularmente guarnecida pela Polícia Nacional, envolvendo efectivos à paisana.

Vale recordar que a taxa de justiça aplicada no julgamento de Guenad Octávio Vueloca Afonso, o autor do crime que chocou Menongue em Fevereiro último surpreendeu a classe jurídica angolana pela sua vastidão. A indemnização aos finados ficou em um milhão de kwanzas cada, quando a de justiça triplicou.

Familiares dos lesados contactados afirmaram desconhecer estes dados, mas manifestaram interesse em ver o recurso interposto a seu favor. “Ter um criminoso a solta é para nós preocupante porque nada nos diz que o Guenad não voltará a cometer crimes contra outras pessoas. Devia ser reeducado para ter procedimentos socialmente aceites”, disse.

A história começou quando Guenad Octávio Vueloca Afonso, de 26 anos, em estado de embriagues acidentou vitimando mortalmente Eurico Kachilingui Tchimue Tchiwila, Abilio Augusto Vidigal e Hélder Manuel dos Santos Poa. Guenad sobreviveu, mas nem sequer viu o sol aos quadradinhos.

Guenad, filho intocável do administrador do Dirico

Típico de “filhinhos do papai”, o jovem Guenad Octávio Vueloca Afonso é aquele tipo de filho “insurrecto” que goza sempre da protecção dos pais por mais que apronte. O “bad boy” faz tudo o que lhe der na gana e saiu sempre impune, graça a intervenção do pai.

Vale recordar apenas alguns delitos que este bad boy já cometeu:

- Em 2008, saiu ileso de acidente de viação. Na altura condizia um Toyota Starlet.

- Em 2013, foi expulso compulsivamente da República da Rússia onde estudava como bolseiro;

- A 12 de Outubro de 2015, em Menongue, corrompeu um regulador de trânsito para lhe passar a multa, como se este regulador tivesse apreendido a sua suposta carta de condução inexistente.

- A 17 de Outubro de 2015, em Menongue, foi interpelado por um agente regulador a fazer manobras perigosas e encontrava-se sob o efeito de álcool. O mesmo foi levado para a Unidade Operativa. Passando alguns minutos, Guenad foi solto sem o carro.

- A 24 de Outubro do mesmo ano, via Menongue/Cuchi, Guenad, embriagado, tomou a força a viatura onde se encontrava os jovens Eurico Kachilingui Tchimue Tchiwila, Abilio Augusto Vidigal e Hélder Manuel dos Santos Poa. Devido ao excesso de velocidade perdeu o controle do automóvel, pulando uma ravina de oito metros. Segundo uma fonte da viação e trânsito, a viatura parou a mais de 150 metros da estrada e danificou-se na totalidade como ilustra as imagens.

Em Menongue já nenhum agente de polícia de trânsito lhe interpela para evitar perder o emprego. Pois das variadíssimas vezes que foi interpelado pelos agentes, este agride-os verbalmente com ofensas vulgares, além de proferir ameaças.

“Guenad é um criminoso reincidente e nesse dia foi avisado pelos ocupantes da viatura que não estava em condições de conduzir tendo respondido que mesmo bêbado conduzia bem, durante o trajecto foi advertido também que a velocidade que levava era de risco e podia causar danos humanos e materiais e ele não deu ouvido a ninguém, acelerou ainda mais provocando um despiste bem como a morte dos jovens em referência”, lembrou a fonte.