Luanda - A Polícia Federal (PF) brasileira deflagrou nesta sexta-feira, 20, uma operação baptizada de Janus que investiga contratos da construtora Odebrecht com o empresário Taiguara Rodrigues dos Santos, sobrinho da primeira mulher do ex-presidente Lula da Silva, um dos sócios da empresa de construção civil de Santos (SP) Exergia Brasil.

Fonte:  VOA

A empresa da Taguara foi responsável pelas obras de ampliação e modernização da hidrelétrica de Cambambe, em Angola, na província de Cuanza Norte.

Os investigações querem saber se houve tráfico de influência internacional.

Lula da Silva não é alvo das diligências realizadas pela PF em São Paulo, em Santos e no Rio de Janeiro, mas é citado nas investigações.

O Ministério Público Federal afirma que a operação pretende saber se o antigo Presidente praticou tráfico internacional de influência a favor da Odebrecht, facilitou ou agilizou a tramitação de financiamentos de interesse da empreiteira junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

A Operação Janus é um desdobramento do inquérito aberto em Julho de 2015, a pedido da Procuradoria da República no Distrito Federal, para investigar suposto tráfico de influência internacional do ex-presidente.

O alvo das investigações são as viagens internacionais feitas por Lula da Silva a Angola, Cuba, República Dominicana e Gana, que teriam sido pagas pela Odebrecht e a PF quer saber se foram cometidos crimes de tráfico de influência e lavagem de dinheiro, de acordo com a assessoria da polícia.

Apesar de ser sobrinho da primeira mulher do petista, Taiguara era conhecido como "sobrinho de Lula".

Sobrinho de Maria de Lourdes da Silva – primeira mulher de Lula que morreu na década de 1970 –, Taiguara é um dos donos da Exergia Brasil, uma empresa do ramo da construção civil sediada em Santos que foi contratada pela Odebrecht para actuar em obras complexas de um empreendimento da construtora em Angola.

A empreiteira brasileira executou, entre 2012 e 2015, as obras de ampliação e modernização da hidreléctrica de Cambambe, na província de Cuanza Norte.

No mesmo ano, a Odebrecht obteve um financiamento de 464 milhões de dólares junto ao BNDES para executar o projecto em Angola.

Segundo a PF, a Operação Janus pretende investigar se a Odebrecht utilizou os contratos com a empresa do sobrinho da primeira mulher de Lula para pagar "vantagens indevidas".

A construtora de Taiguara, conforme os investigadores, não teria capacidade operacional para executar a obra da hidreléctrica em Angola e sequer teria empregados registados.

Os investigadores identificaram que Taiguara registou uma grande evolução patrimonial após a sua empresa assinar o contrato com a Odebrecht.

Taiguara na CPI

Em Outubro do ano passado, Taiguara dos Santos prestou depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada na Câmara para investigar contratos do BNDES com empresas investigadas na Operação Lava Jato.

Na ocasião, o empresário negou que a sua ligação familiar com o antigo presidente Lula da Silva o tivesse ajudado a assinar o contrato de prestação de serviços com a Odebrecht para a obra em Angola.

Taiguara admitiu aos deputados que mantém contacto com Lula e disse ser próximo do filho mais velho do ex-presidente, Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha