Luanda - O representante do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Angola reconheceu hoje uma trajetória crescente no endividamento público angolano nos últimos meses, mas desvalorizou as taxas de juro acima dos 19 por cento, a um ano, que já são cobradas.

Fonte: Lusa

Max Alier falava os jornalistas em Luanda, à margem do arranque do primeiro fórum dos técnicos de gestão da dívida da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), tendo explicado as crescentes taxas de juro que o país paga para emitir títulos do tesouro com a inflação galopante, que já vai nos 26,4% a um ano.

 

"Estamos numa situação em que a inflação aumentou. Hoje em dia esses 19% [juros pagos por Obrigações do Tesouro angolano a um ano] são menos do que a inflação. O que é importante é focar nas taxas de juro reais, ou seja os juros descontando a inflação", salientou o representante residente em Angola do FMI.

 

Neste cenário, concluiu Max Alier, as taxas de juro reais "são negativas neste momento" para o Estado angolano, justificando-se pela crescente inflação no país.

 

O Orçamento Geral do Estado (OGE) de 2016 prevê necessidades de financiamento, interno e externo, na ordem dos 2,913 biliões de kwanzas (15,6 mil milhões de euros). A dívida pública governamental deverá assim ascender a 49,2% do Produto Interno Bruto (PIB).

 

"A dívida pública tem aumentado, especialmente nos últimos 18, 24 meses. Mas ainda está em níveis sustentáveis", comentou ainda Max Alier, aludindo às avaliações anuais realizadas pelo FMI às contas angolanas.

 

Angola necessita de obter financiamento que compense a quebra, para metade, nas receitas da exportação de petróleo, recorrendo para tal à emissão de dívida para garantir o funcionamento do Estado e a concretização de projetos públicos, chegando o Estado a pagar juros em títulos do tesouro, a um ano, de 19,88%.

 

Na abertura deste fórum de técnicos de gestão da dívida da CPLP, que junta em Luanda, até quinta-feira, preletores de Portugal e do Brasil, além de técnicos do FMI e do Banco Mundial, a secretária de Estado das Finanças de Angola destacou a prioridade da gestão "eficaz" da divida pública para garantir a sua sustentabilidade.

 

Além disso, disse Valentina Filipe, é necessário procurar alternativas de financiamento, nomeadamente através de parcerias público-privadas que garantam os investimentos projetados.