Luanda - O continente africano tem, infelizmente, séculos de histórias tristes e amarguradas para contar. Desde o tempo dos descobrimentos e respectiva escravatura dos nativos africanos, à forma como eram tratados já depois da abolição da escravatura, por parte dos países colonizadores até aos dias de hoje, a África tem um sem fim de problemas associados à exploração de todo um povo para o benefício de uns quantos. Falar de África, hoje, é falar de tudo, por exemplo dos inúmeros recursos humanos, hídricos, florestais, agrícolas, mineiros, atravessando o “doce” petróleo, enfim…Todavia, não nos podemos esquecer que esses recursos, infelizmente, não têm sido apreciados por todos os africanos, apenas para aqueles que têm a sorte de governar, distribuindo, também, para as suas respectivas famílias, por causa do vírus mais contagioso de ÁFRICA, a corrupção que transformou-se num problema de saúde pública a nível do famoso continente berço.

Fonte: Club-k.net

 A realidade do antanho, comparando com a actual, não é muito diferente e quando pensamos em corrupção e ditadores, vemos logo uma mão cheia de chefes de estados africanos. A pobreza e a miséria são os “pratos preferidos do dia”, num continente com riquezas incalculáveis. Como consequência, a desgraça e o sofrimento tomam conta de todos, e principalmente das crianças, que ou morrem todos os dias ou correm atrás de uma migalha de pão para saciar um pouco a fome. No olhar as marcas de sofrimento, não têm mais o prazer de correr atrás de uma bola, pois a fome crónica as impede, e o prato de comida que não têm as alicia. São os ditadores inumanos aliados à maldita corrupção que impedem o desenvolvimento do continente berço do sofrimento.

 

Mãe ÁFRICA, porquê que fazes chorar os teus filhos? Até quando tereis um sorriso bailando no rosto? Que pecado impenitente carregas? O que fizeste para mereceres os dirigentes fúnebres que recebeste? Oh África, responda!  

 

Num continente onde os chefes de estados preferem comprar armas a comprar pão, num continente onde a corrupção é o primeiro artigo das Leis Magnas, num continente onde quem pensa em mudança é mandado para cadeia, num continente onde quem pensa politica é “chicoteado” e até morto, num continente onde os presidentes odeiam largar o poder, num continente onde a democracia imposta é moribunda, num continente onde quem governa pensa que está no quintal de sua casa, num continente onde tem tudo para alguns, mas falta tudo para tantos outros, num continente onde as leis só servem para os pobres coitados, num continente onde os sistemas de justiça são poderosamente piores que um homem impotente, num continente onde os apetites aos golpes de estados comparam-se à sede dos jovens às cervejas, num continente onde o africano prejudica o

 

outro africano, num continente onde o termo transparência nunca foi permitido “viver” no dicionário de gestão, num continente onde as guerras transformaram-se em guloseimas, num continente onde os gestores da coisa pública são impotentes em resolver os problemas que assolam a população de seus países, num continente onde os governos competem e pretendem ganhar os colonialistas, em matéria de fazer sofrer a população… Enquanto tudo isto durar, será impossível combater a fome e a pobreza de uma forma verdadeiramente eficaz. Será impossível alcançar a paz. Será impossível lutar pela igualdade de direitos, pelo acesso à educação, à justiça... A ÁFRICA não é pobre. Os verdadeiros pobres são as pessoas que gerem os países que conformam a ÁFRICA de uma forma lúgubre.

 

Ante o cenário deploravelmente consternador que a África atravessa, uma questão não se quer protelar: Será culpada a Conferência de Berlim? Será que algum dia a ÁFRICA será um continente abençoado e desenvolvido? Como estará ÁFRICA daqui a 50 anos? Com quem estão as respostas de ÁFRICA? É sabido que a África chora e clama por dias melhores, mas penso que uma das formas de se conseguir tal ambiciosa meta é destituir todos os presidentes africanos, que pelo tempo, já perderam a capacidade e a qualidade de governar, mandá-los todos para a prisão perpétua e, em seus lugares colocarmos todos aqueles cujas competências (humanística, técnica, cientifica, cultural e visionária) forem dignas de méritos e de louvores. Se assim não acontecer, a resposta é negativa. A África jamais será um continente desenvolvido. Continuará moribundo. O desenvolvimento depende, também, das grandes diversidades.

 

Creio que a ÁFRICA, cinquenta anos depois, poderia ser melhor em todas as esferas: politica, económica, social e cultural. Não haveria tanta necessidade de pedinchar doações e caridades Ocidentais. Não teríamos tantos pobres com fome severa e irreversível. Não teríamos tanta fuga massiva de cérebros. Não teríamos tantas desigualdades entre aqueles que governam e os que são pessimamente governados. Teríamos sim, uma verdadeira inclusão e participação de todos no uso e usufruto da coisa plurativa. Teríamos sim, governos sem poderes, mas com autoridade. A própria “coitada” União Africana não existiria só para criar mais problemas. Ipso facto, é importante aqui sublinhar que, além de algumas influências externas para tentar desestabilizar alguns países africanos, o maior “bolo” de responsabilidade recai sobre aqueles que gerem a seu bel-prazer os próprios países que conforma a ÁFRICA. Esses que gerem os referidos países, com o passar dos tempos, foram conquistando vícios a todos os níveis que pelo

tempo, tais vícios transformaram-se em calos e as suas lideranças caíram numa espécie de ridículo governativo.

                                   

 

Tenho sido condenado em amiúde, no meu circuito de confrades pensólogos, por afirmar que quando a ÁFRICA esteve sob o jugo colonial “decretado”, os africanos, conscientes de sua condição de colonizados, viveram melhor, só não felizes, do ponto de vista da conscientização das formas de tratamento a que estavam sendo vitimas, em relação a nós, que vivemos nas mesmas condições (fome severa, pobreza extrema, liberdade zero, igualdade zero, pluralismo zero), mas com uma diferença extraordinária: ninguém nos disse, oficialmente, que estamos a ser colonizados, contrariamente ao período do antanho.

 

Será que a Mãe ÁFRICA, com 54 cérebros é um continente somente vocacionado para produzir desgraças para os seus inúmeros filhos? Até quando ouviremos falar de corrupção, fome, miséria e desgraças, sem estar presente o nome de ÁFRICA? A ÁFRICA e os africanos não precisam mais de discursos ultrapassados no tempo e no espaço. Estamos famintos de algo diferente de falácias. Já se provou que a ÁFRICA é potencialmente rica. Então, os governos têm de reinventar os seus discursos e renovar as suas práticas de gestão. Se fôssemos mais sérios em termos de governação, daríamos uma verdadeira lição aos países que se julgam mais desenvolvidos e com uma democracia aparentemente mais “higiénica”.  

 

Portanto, a AFRICA está em coma severa e precisa reagir de forma urgente. Mesmo que encaro com alguma frustração o futuro do continente, a julgar pela forma como se vem construindo o mesmo, não podemos chorar sobre a desgraça derramada, juntos podemos catalavancar este nobilíssimo continente, que é berço de todos nós. Essa visão só será “visionária” caso os nossos dirigentes aprendam a lançar um olhar para frente e com óptimas perspectivas para todos os africanos. Oxalá paremos de assistir ao vivo e a cores o episódio de muitos dos nossos irmãos africanos a padecer e a fenecer de fome e doença nas diversas “avenidas” de ÁFRICA, aguardando frustradamente pela solidariedade balsâmica dos governantes do Ocidente. Oxalá paremos de assistir governos competentes nos seus partidos e incompetentes na gestão do país. Que os governos africanos estabeleçam modelos políticos de transparência governativa, de inclusão e de participação. Que a preocupação magna de todos os dirigente seja o povo, para o povo e pelo povo. Que os Órgãos de (in) justiça aprendam a fazer justiça séria e igualitária, combatendo severamente o pecado da corrupção. Desta forma sim, talvez a nossa ÁFRICA, ricamente pobre, venha ter alguma esperança. Enfim, vale ter presente, neste momento de tribulação da ÁFRICA a magna lição daquele que como eu é considerado prisioneiro de Cristo: S. Paulo aquando da sua missiva aos Romanos: “devemos dar glória nas tribulações, porquanto a tribulação produz a constância, a constância produz a virtude sólida, a virtude sólida produz a esperança”.

 

VIVA O 25 DE MAIO!            

VIVA A ÁFRICA!

Não há noite tão longa

                                                                                                                        

Que não alcance o dia (JC).