Luanda - As autoridades angolanas programaram para sábado o encerramento das bancadas de venda de marfim no maior mercado de artesanato de Luanda, plano que os vendedores desconhecem.

Fonte: Lusa

A queima, prevista para hoje, de centenas de toneladas de dentes e peças de marfim, na província do Cuando Cubango, é o ato que vai marcar a proibição do comércio de marfim em Angola, inserido nas comemorações do dia Mundial do Ambiente, 05 de junho, que se realizam no país.


Uma nota do Ministério do Ambiente angolano explica que a medida é adotada em cumprimento do disposto na Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção (CITES), que está em vigor desde janeiro de 2014.


A Lusa esteve hoje naquele mercado, em Benfica, arredores de Luanda, onde constatou a permanência das bancadas com peças de marfim expostas para venda.


Alguns vendedores mostraram desconhecimento da execução da medida prevista para sábado, alegando estar informados sim de que passará a ser proibida a venda de marfim naquele mercado, com cerca de 40 bancadas para a venda deste produto.


"Estiveram aqui umas pessoas do Governo em março, conversaram connosco acerca da venda do marfim, disseram que ia ser proibida, mas não deram nenhum prazo para pararmos de vender", disse à Lusa o vendedor Emanuel Filipe, comerciante no mercado desde 2006.


Segundo Emanuel Filipe, depois do encontro de há cerca de dois meses, foi feito o registo dos vendedores, tendo ficado acordado que as autoridades comprariam todo o produto.


"Pediram a lista dos produtos de cada bancada, nós demos e estamos à espera que nos digam alguma coisa", referiu, acrescentando que com o dinheiro pretende investir em outro material, como a madeira, para continuar com o negócio.


Outro comerciante de produtos de marfim, que pediu anonimato, questionado sobre quanto deverá receber do Governo pela mercadoria em exposição, disse ser difícil fazer a estimativa, mas garantiu que o marfim é o negócio que "mais anda" naquele mercado existente desde 1989.


O encerramento de bancas de venda de objetos em marfim será extensivo a todo o território angolano, em cumprimento de obrigações internacionais assumidas por Angola, nomeadamente a Iniciativa de Proteção do Elefante e a legislação angolana sobre proteção e preservação das espécies da flora e fauna selvagens.


A medida governamental ocorre durante as comemorações do Dia Mundial do Ambiente, a assinalar-se domingo, festejos para o qual se encontram no país várias delegações estrangeiras, nomeadamente o ministro do Ambiente da Namíbia, Shifeta Pohamba e a diretora regional para África do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA), Julliete Koudenoukpo.