Luanda - Cerca de 40 jovens manifestaram-se sábado em Benguela pedindo a libertação dos ativistas condenados a penas de prisão em Luanda, por atos preparatórios para uma rebelião, no primeiro protesto naquela localidade angolana sem confrontos conhecidos com a polícia.

Fonte: Lusa

A manifestação decorreu no centro da cidade, entre as 13:00 e as 16:00 locais, organizada pelo Movimento Revolucionário de Benguela e com os jovens a pedirem na rua a libertação dos 17 ativistas condenados, entre os quais o luso-angolano Luaty Beirão.


"Tudo correu bem, uma vez que o Governo Provincial fez um despacho a autorizar a manifestação - mas a manifestação não se autoriza pela nossa Constituição -, e a polícia esteve ali para garantir a ordem e a segurança dos manifestantes. Gostamos do papel da polícia e que da próxima vez seja assim também", disse à Lusa o ativista Avisto Bota, da organização do protesto.

 

Contrariamente a todas as manifestações anteriores, que não tinham sido autorizadas pelo Governo Provincial de Benguela, desta vez, de acordo com os organizadores, não se registaram detenções ou confrontos com a polícia.

 

"Desde o ponto de partida até à chegada, correu tudo sem confusões. Foi a primeira vez sem confrontos, mostramos ao regime do MPLA [partido no poder desde 1975] que manifestar não é guerra", acrescentou Avisto Bota.

 

Só em Benguela, desde abril, estes jovens ativistas, que contestam o Governo liderado por José Eduardo dos Santos, tentaram sair à rua em protesto por duas vezes, iniciativas que acabaram com a intervenção da polícia e várias detenções, por não estarem autorizadas pelo Governo Provincial.

 

Estes protestos em Benguela já se realizam há mais de um ano, pedido a libertação do que os organizadores dizem ser os presos políticos em Angola.

 

No caso dos 17 jovens ativistas, contestatários do regime angolano e conhecidos como "revolucionários", foram condenados pelo tribunal de Luanda, a 28 de março, a penas de cadeia entre os dois anos e três meses e os oito anos e seis meses, as quais já começaram a cumprir, enquanto aguardam decisão dos recursos interpostos pela defesa.

 

O tribunal condenou-os por coautoria nos crimes de atos preparatórios para uma rebelião e associação de malfeitores.

 

São sobretudo professores, estudantes e licenciados que, perante o tribunal, alegaram que se reuniam para discutir política e ler um livro, defendendo ações pacíficas e fazendo uso do direito constitucional de manifestação e associação.