Luanda - A nova presidente do conselho de administração da Sonangol, Isabel do Santos, anunciou hoje que a reestruturação em curso na empresa estatal dos petróleos de Angola implicará três novas entidades e o objectivo de baixar os custos de produção.

Fonte: Economico/Lusa

A empresária e filha do chefe de Estado angolano explicou aos jornalistas que o modelo prevê a criação de uma holding operacional, outra de apoio e serviços logísticos e a função concessionária do sector petrolífero propriamente dito, com o objectivo de "aumentar a rentabilidade, a eficácia a transparência" da empresa.

"A reestruturação quer dizer o acontecimento destas três novas entidades", disse Isabel dos Santos, pouco depois de tomar posse como nova presidente do conselho de administração e administradora não executiva, mas sem adiantar se o processo implica redução no número de trabalhadores, que ultrapassa os 9.000 em pelo menos 17 subsidiárias do grupo Sonangol.

Acrescentou que o "desafio nos próximos 100 dias" passa por "continuar a fazer o diagnóstico profundo" já iniciado, para "perceber melhor os ganhos de eficácia e eficiência que a empresa pode obter rapidamente".

"O trabalho que vamos fazer é ver como é que nós podemos aumentar as margens de lucro, ou seja como podemos baixar os custos de produção. Para que seja mais barato produzir petróleo e haja mais lucro", disse Isabel dos Santos.

Resultados positivos em cada uma das empresas do grupo Sonangol

Recordando que a Sonangol é hoje um "mundo de empresas", a nova administradora, nomeada para as funções na quinta-feira pelo Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, promete "analisar as empresas [nos vários ramos] uma a uma".

"Queremos resultados positivos em cada uma das empresas do grupo Sonangol", apontou.

A petrolífera estatal de Angola apresentou uma queda de 34% na receita do ano passado, face a 2014, registando igualmente uma descida dos lucros na ordem dos 45%, atribuíveis principalmente à queda do preço do petróleo.

A receita total da Sonangol em 2015 foi de 2,2 biliões de kwanzas (11,9 mil milhões de euros).

Recordando que a crise da quebra da cotação internacional do barril de crude afectou a actividade de todas as petrolíferas, não sendo a Sonangol alheia, Isabel dos Santos enfatizou a prioridade de nas zonas já em produção em Angola "conversar com os parceiros" e fornecedores de forma a perceber como "trabalhar mais rápido e mais barato" na produção de petróleo.

Questionada sobre a necessidade de importação de combustíveis refinados, devido ao défice de produção interna, apesar de Angola ser o segundo maior produtor de petróleo da África subsaariana, considerou como "viável" a construção de uma refinaria, mas sem se comprometer com qualquer investimento, apesar de estar prevista uma nova estrutura do género para o município do Lobito.

"A seu tempo faremos os estudos necessários para retomar esse processo", apontou.

Além de Isabel dos Santos, como presidente da comissão executiva - novo órgão entretanto criado pelo Governo angolano para a petrolífera estatal -, e administrador executivo, tomou hoje posse Paulino Fernando de Carvalho Jerónimo, que transita do conselho de administração anterior.

A nova equipa da Sonangol é composta ainda pelos administradores executivos César Paxi Manuel João Pedro, Eunice Paula Figueiredo Carvalho, Edson de Brito Rodrigues dos Santos, Manuel Luís Carvalho de Lemos, João Pedro de Freitas Saraiva dos Santos e Jorge de Abreu.

Conta ainda com os administradores não executivos José Gime, André Lelo e Sarju Raikundalia.

Um grupo de 12 juristas angolanos anunciou no sábado que iria avançar na quinta-feira com uma providência cautelar para suspender esta nomeação, alegando o advogado David Mendes, porta-voz, que ao nomear a filha para aquelas funções, o Presidente da República "violou" a Lei da Probidade Pública (sobre o exercício de funções públicas), de 2010, pelo que será feita igualmente uma queixa ao procurador-geral da República.