Lisboa - É com alguma perplexidade que círculos afectos à própria governação angolana ainda estão a digerir a informação que a Lusa divulgou em primeira mão, segundo a qual o Titular do Poder Executivo mandou instaurar uma "inspecção especial" à gestão do anterior Ministro da Saúde, José Vieira Dias Van Duném.

Fonte: Club-k.net


Mais intrigante, parece ser a referencia constante no despacho que serviu de fonte para esta notícia, ao facto da ordem superior do Presidente da República ter sido transmitida ao Inspector Geral do Estado de forma verbal pelo Ministro de Estado e Chefe da Casa Civil.

 

De acordo com as fontes deste portal, a surpresa em causa teria sido assumida, nomeadamente, pelo próprio Vice-Presidente da República, Manuel Vicente, de cujo gabinete depende a supervisão do Ministério da Saúde, de acordo com os poderes executivos que lhe foram delegados.

 

A fazer fé nas referidas fontes, o Vice-Presidente da República só terá mesmo ficado a saber deste inquérito como o cidadão comum ficou, depois da noticia ter chegado ao conhecimento da opinião pública através do despacho da Lusa, o que tem estado a suscitar as mais diferentes interpretações e a alimentar outras tantas especulações.

 

Desde logo, sobressai da "fuga cirúrgica" desta informação, que só pode ter sido feita a partir do gabinete do novo Ministro da Saúde, Dr. Luís Sambo, a deliberada intenção de comprometer seriamente a imagem do anterior titular, colocando-o um bocado entre espada e a parede.

 

De acordo com a legislação em vigôr as intervenções da Inspecção Geral da Administração do Estado (IGAE) são de carácter interno, competindo exclusivamente ao Chefe do Executivo decidir posteriormente o tratamento a dar aos seus resultados, onde terá de constar a posição do responsável cuja gestão foi alvo do inquérito, no âmbito do direito ao contraditório.

 

As fontes do CK, admitem ainda a possibilidade do ministro cessante nem sequer vir a ser ouvido em sede desta "inspecção especial", o que sem ser uma grande novidade, teria outras consequências mais gravosas para os seus interesses e a sua imagem. tendo em vista o esclarecimento mais adequado dos factos que eventualmente venham a suscitar dúvidas.

 

A sua ausência deste processo iria, certamente, afectar a possibilidade do Dr. José Van Duném se explicar convenientemente em relação ao que foi a sua gestão, numa altura em que se adensam os sinais que apontam para o seu isolamento e consequente responsabilização pessoal pelos fracos resultados do sector, no âmbito da já recorrente estratégia que tem sido o recurso ao "bode expiatório".

 

Dados a que este portal teve acesso apontam para uma situação bem mais complexa que conduziu o sector da saúde ao actual desempenho, particularmente no que diz respeito ao funcionamento dos hospitais, a partir da altura em que as dotações orçamentais começaram a minguar de forma particularmente drástica, já lá vão pelo menos três anos, o que era do conhecimento de quem de direito.