Luanda - A família de Francisco "Dago" acusa as autoridades prisionais de Viana, arredores de Luanda, de proibirem a entrega de comida ao ativista e exige explicações. Familiares dos 15+2 querem uma resposta sobre habeas corpus.

Fonte: DW

"O diretor chateou-se com o Dago e ordenou que ele fosse punido", diz a mãe

Francisco Mapanda, mais conhecido como "Dago", é o ativista que a 28 de março, dia da leitura da sentença dos 15+2, acusados de crimes de atos preparatórios de rebelião e associação de malfeitores, foi condenado a cinco anos e meio de prisão porque gritou na sala de audiência que o julgamento era "uma palhaçada".


Segundo a família, o jovem está quase há uma semana sem comer.

 

Susana Macongo, mãe de Dago, afirma que tudo começou quando uma delegação da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), o principal partido da oposição, chefiada por Isaías Samakuva, visitou a cadeia de Viana.


Nesse dia, conta, "o diretor da cadeia de Viana foi fazer uma vistoria e, quando chegou ao local onde estava o Dago e outros presos, os reclusos que já conheciam o diretor puseram-se de pé", como mandam as regras internas da prisão. "Mas como ele não conhece o diretor, e este não estava fardado, não se levantou. O diretor chateou-se com a atitude do Dago e ordenou que ele fosse punido", diz a mãe.


Nessa altura, acrescenta, o diretor da comarca teria ordenado aos guardas prisionais que não recebessem a alimentação destinada ao ativista porque este não se levantou quando o diretor esteve na cela de "Dago".


Susana Macongo já tentou por mais de três vezes levar as refeições ao filho, mas não conseguiu entregar-lhe a comida. A mãe do ativista exige explicações das autoridades sobre essa proibição.


Em declarações à DW África, o porta-voz do Serviço Penitenciário angolano. Menezes Cassoma, desmente as acusações. "A família quer entregar pessoalmente a alimentação ao Dago e esse procedimento não existe", explica.


Resposta sobre habeas corpus


Os familiares dos ativistas do processo 15+2 foram esta quinta-feira (09.06) ao Tribunal Supremo angolano saber por que razão ainda não há uma resposta ao pedido de habeas corpus apresentado pela defesa a 18 de abril. Os ativistas estão a cumprir penas que variam entre os dois anos e três meses e oito anos e seis meses de prisão desde o dia 28 de março.


"No sábado, 18 de junho, completam-se dois meses desde que os advogados deram entrada com o pedido de habeas corpus no Tribunal Supremo. Então, vamos lá para obtermos uma resposta sobre o andamento do processo", explica Neusa de Carvalho, mulher de Sedick de Carvalho, um dos ativistas detidos.


O advogado Luís Nascimento confirmou à DW África que o tribunal ainda não respondeu ao pedido. Quanto à intenção dos familiares de se deslocarem ao Supremo, o advogado diz ser uma iniciativa positiva.

 

"É bom procurarem saber em que situação se encontra o processo. Mas não no sentido de exigir ou pressionar o tribunal, porque manifestações defronte dos órgãos de soberania podem não ser admitidas. A ida dos familiares é importante, mas a atitude deve ser urbana", afirma.