Luanda  - Havia prometido desmontar as opiniões de Tomás BICA a respeito das declarações do Sociólogo João Paulo Ganga na TV Zimbo que gerou um tsunami no seio da opinião angolana, em particular luandense até nos táxis, vulgo candongueiros. Não se está a criticar de forma avulsa. Os factos meritórios da reprovação popular são irrefutáveis.

Fonte: Club-k.net

João Paulo Ganga e a saga caliente (II)

1 - Começaria por dizer, sem pretender pessoalizar o dito, que o jovem Tomás BICA se identifica muito com esta geração de jovens maioritariamente feitos com, e que se afasta em substância, daquela do passado que tinha como causa a defender naquele tempo a independência total de Angola e a libertação dos angolanos do jugo colonialista, posteriormente da ocupação imperialista que se amalgamava entre russos, cubanos, sul africanos que se digladiaram no solo pátrio. Aquela juventude deu tudo, desde o sangue e chegou a sacrificar o seu futuro (hoje) participando nas guerras ou foram feitos desaparecidos pelas polícias secretas, tudo com a convicção e a motivação de ver uma Angola verdadeiramente Angolana. Hoje não é o caso. Certo, os tempos mudaram, mas a inflexão de certos jovens do presente decepciona os milhares de mortos que deram as suas vidas por esta Angola vilmente traída, ao enveredarem mais pelo conformismo em aceitarem a ditadura e a usurpação dos direitos de cidadãos pelo Estado que nos faz gemer todo o tempo e optam assim pelo encolher de ombros e aplausos desnaturados e hipócritas.

 

2 - Indo ao sujeito, importa primeiro lembrar, se os angolanos e o mundo reclamam e criticam as atitudes ou medidas do Presidente da República, é tão somente porque o PR faz passar tudo a força e com repressão, não busca consenso, não dialoga, não admite conselhos nem dos deputados que supostamente são a voz, os olhos e ouvidos do Povo.

 

Para se perceber melhor, em tempo negro que o país atravessou e atravessa, o PR nunca se dignou em convocar seu Conselho da República e como consequência deste isolamento, as medidas tomadas foram, em abono da verdade, um desastre. E, mais uma vez aqui, o PR dá graças ao aparato policial e jurídico que acantona os cidadãos.

 

Vivemos a Crise das epidemias malárias e febres amarelas, milhares foram e continuam a ser os mortos; vivemos a Crise económica que afundou o Navio, provocou suicídios, empresas fecharam, jovens estudantes no exterior repatriaram-se precipitadamente, outros padecem nas ucranias e azerbaijões com a ausência do Estado, o desemprego triplicou, investidores abandonaram Angola e o que vimos foi uma Isabel dos Santos que surgiu com a UNITEL afrente de um exercício de resgate e socorro que está a custar muito caro aos usuários da UNITEL, pelos saldos de telefones que não duram nada. Aqui também referimo-nos ao facto do Governo a mando do PR não permitir a concorrência de outros investidores de operadoras telefónicas que permitiria baixar os preços. Nisso tudo, onde andou e onde anda o Fundo Soberano de Zenu dos Santos, homologado e institucionalizado para intervir em circunstâncias idênticas.

 

3 – Mas, Tomás BICA disse nas entrelinhas o que sua consciência queria dizer, ao confirmar ditadura, nepotismo e corrupção.

 

Por exemplo, no ponto 2 do seu texto, BICA diz: “A nomeação dos Conselhos de Administração das Empresas públicas, são feitas pelo Titular do Poder Executivo. Para a sua nomeação, Ele (Titular do Poder Executivo), não necessita ouvir quem quer que seja. Pode-se dizer, que Ele é soberano na sua decisão. Aliás, como também o é o árbitro em uma modalidade desportiva” DITADURA. É por isso que o PR se mostra prepotente na tomada de decisões.

 

Nos pontos 3; 4 e 5 diz: “3 - A Sonangol atravessa, há já algum tempo graves problemas que agravaram-se ainda mais com a baixa dos preços do petróleo. Como maior empresa pública nacional, ela precisa ser reestruturada para manter-se em pé e continuar a ser o gigante que sempre foi; 4. O Titular do Poder Executivo tinha/tem a obrigação de resolver os problemas que a Sonangol atravessa, sobre pena, caso não o fizesse, de ver "morrer" na totalidade a economia angolana, que como é sabido muito depende da Sonangol; 5. Permitir a quase anunciada morte da Sonangol, seria o mesmo que matar o País e se a resolução do problema passa pela mudança do seu Conselho de Administração e do seu Presidente, acho bem que seja feito”. Isto é LIBERALISMO CONSCIENTE E IRRESPONSABILIDADE. Pois, BICA quer dizer que não se entende como é que, um cidadão como Manuel Vicente que os factos aqui trazidos por BICA traduzem ser MV o responsável da catástrofe e naufrago da SONANGOL que deveria ter reservas monetárias suficientes perspectivando estes casos de baixa da economia, mas cai na Banca rota. Como dizia, como se pode aceitar que o PR Eduardo dos Santos, nada diz e paradoxalmente coloca Manuel Vicente como Vice-presidente do País e o lança a representar Angola ao mais alto nível e em grandes foruns e cimeiras. Mero Teatro?

 

BICA continua: “6. Não nos devemos esquecer que uma delegação do FMI visita o País, para aferir o estado da Economia e obviamente também o estado da maior empresa pública”. DESONESTIDADE E FALCATRUAS DO GOVERNO. Aqui duas ilações se tiram: 1 – A nomeação de Isabel dos Santos visa no concreto enganar a opinião pública e investidores internacionais como o próprio FMI, queimar pistas inclusive dos milhares de trabalhadores fantasmas, etc.; 2 - Apartando-se do resto e passando a SONANGOL só a exercer como concessionária nacional, exclusivamente encarregue ao sector dos petróleos, quanto a produção e monotorização dos contratos, Isabel tem o queijo e a faca na mão para ditar as regras do jogo, determinar contratos tanto a nível nacional, bem como internacional.

 

Diga-se, num país responsável onde a ética e transparência, agora episodicamente reclamada por Isabel dos Santos neste seu mandato como critérios fundamentais para a produtividade, rentabilidade e utilidade públicas dos ganhos obtidos, não se teria nomeado alguém para um cargo como este cujo nome consta de uma investigação criminal internacional e que curiosamente, este alguém logo que nomeado, declara desfazer-se da EFACEC, da NOS, da SGPS e Banco BIC Portugal no olho do ciclone dessa investigação em Portugal. Visto com outros olhos, e como me disse Gestrudes Filipe: “Isabel dos Santos, Walenga ni madyma, que em kimbundo significa dizer: Isabel dos Santos fugiu a todo gás”, na medida em que, esta nomeação forçada, claro, obviamente sem recuo por estar coercivamente decretado e assinado, poderá custar muitos entraves nas relações económicas internacionais de que muito o nosso povo precisa para se desembaraçar desta terrível crise.

 

No ponto 8, BICA realça o que o mundo lúcido condena, o NEPOTISMO. Pouco importa o sucesso que Isabel terá afrente da nova SONANGOL, e em quanto tempo conseguirá tapar o rombo de mais de 40 mil milhões de dólares desaparecidos. O certo é que, o processo de tramitação das chaves não foi transparente. BICA diz: “8. É verdade que existem outras pessoas no País que poderiam ser nomeadas. É verdade que também temos muitos outros gestores que já deram mostras de que são capazes. Mas não devemos nos esquecer que ser PCA de uma petrolífera como a Sonangol, não passa só pela competência”. Subentendido, BICA quis dizer que o Mais Velho PR já não acredita em mais ninguém, apenas nos filhos que no fundo o estão a trair, se formos a radiografar o que é feito do FUNDO SOBERANO, do PLANO DIRECTOR GERAL METROPOLITANO DE LUANDA (PDGML), avaliado em 15 mil milhões de dólares, lançado oficialmente aos 14 de Dezembro de 2015, sob o olhar atento do Ministro de Estado e Chefe da Casa Civil, Edeltrudes Costa, igualito como aconteceu agora com a tomada de posse para a SONANGOL, e sob custódia da própria Isabel dos Santos, ou de outras Holdings estataisde sub-tratação, como se referiu, estão nas suas mãos e que escapam ao controlo do Estado. Porquê Edeltrudes Costa e não por exemplo o Vice-presidente Manuel Vicente ou o Presidente do Parlamento, Fernando da Piedade Dias dos Santos?


São muitos os factos que inumerados credibilizam a fundamentação da repulsa popular sobre este e outros aspectos pouco claros da acção do Executivo e que mancham o nosso país e levam o Poder Central ao descrédito. Por tal motivo, só alguém ao serviço de alguém, não do Estado Republicano, se decide argumentar a favor. Assim, o império económico-financeiro de Isabel dos Santos, é sem limite.

Tenho Dito