Luanda - Angola lança até final deste ano o primeiro atlas nacional de répteis e anfíbios, reunindo mais de 400 referências identificadas nos últimos 200 anos, mas até 2019 prevê-se ainda a descoberta de até 20 novas espécies.

Fonte: Lusa

O projeto está a cargo do Instituto Nacional de Biodiversidade e Áreas de Conservação de Angola (INBAC) e é coordenado pelo português Luís Ceríaco, igualmente curador de répteis e anfíbios do Museu Nacional de História Natural e da Ciência de Lisboa, consistindo nesta primeira fase na recolha bibliográfica da herpetofauna (répteis e anfíbios) angolana conhecida desde o século XIX.

Conforme explicou o especialista português à Lusa, em Luanda, o atlas, com toda a informação histórica recolhida em Angola até ao presente, será lançado até final do ano e incluirá cerca de 110 espécies de anfíbios e 300 de répteis.

"O interessante é que na maior partes dessas espécies, quase 70 por cento, temos cinco registos para o país inteiro. Ou seja, espécies que sabemos que terão uma grande extensão de distribuição no país, mas das quais só há cinco registos [bibliográficos] desde o século XIX até hoje", explicou o especialista português ao serviço do INBAC.

Além disso, conclui-se pelos dados que vão integrar o atlas que "grandes áreas" de Angola "não têm um único registo" de presença de répteis e anfíbios.

"Isso não significa que não estejam lá, apenas que nunca ninguém explorou essas zonas. São áreas muito, muito grandes", aponta.

Precisamente por esse motivo, e já com a primeira versão do atlas praticamente fechada, decorre em paralelo a segunda fase deste projeto, a culminar até 2019 com o lançamento da versão atualizada da publicação.

Consiste em expedições, envolvendo investigadores angolanos, portugueses e norte-americanos, no terreno desde 2013, que vão representar novos dados da herpetofauna angolana até agora conhecida.

Desde logo esta equipa já descreveu cientificamente, este ano, o novo lagarto espinhoso do Kaokoveld "Cordylus namakuiyus", descoberto na província do Namibe, no sul.

Num trabalho que envolve longas expedições no terreno, de várias semanas e longe de praticamente tudo, esta equipa, explica Luís Ceríaco, já encontrou outras novas espécies, ainda em fase de descrição científica: Uma nova osga, um novo lagarto e uma nova rã.

Vão constar da futura edição revista do primeiro atlas angolano de répteis e anfíbios, mas não deverão ser os únicos.

"Ainda muito pouco está descoberto. Até final do projeto, em 2019, estimamos vir a descrever entre 10 a 20 espécies novas para a ciência", concluiu o investigador português.